A reunião dos livros, amigos

“Os livros nos dão conselhos que os amigos não se atreveriam a nos dar”.
Samuel Smiles

Para escolher o tema principal, que abre a Coluna de hoje, foi fácil e rápido. Mas o título levou um tempão. E não ficou bom, poderá dizer o caro leitor. Tentei, mas, bem, o tempo escoa como o café fresco, quente, coado a atrair pelo aroma quem dele muito gosta.

Mas não é o texto sobre café.

Volto ao título da Coluna, A Reunião dos Livros, amigos. A dúvida tinha ficado entre o tema escolhido, e este: A Reunião dos Livros Amigos. Sutil como a simbologia do sinal ortográfico chamado vírgula, que está no título, enquanto que o não optado, é sem ela, a vírgula.

A vírgula, que poderia destoar da objetividade comum a títulos, ela foi nele mantido para permitir o intencional duplo sentido, que somente a vírgula possibilita. A ambiguidade está em fazer referência a amigos quanto a reunião deles, os livros.

E o outro do duplo sentido diz respeito aos amigos para os quais se dirigem a mensagem de hoje, como todas são as das colunas.

E na verdade é quase um “triplo sentido” de amigos, já que são todos os caros leitores, amigos e são os amigos que tenho aqui em casa, os livros.

Agora sim, definido o título, explicado a escolha, eis o desenrolar da pauta, arrolar o fato sem mais a enrolação das palavras.

A reunião deveria ocorrer com mais frequência e a última fazia tanto tempo que a memória se tardou a guardar datas.

Eles reunidos mas eu apenas aparecia rapidamente trazendo um ou uns para integrarem a este círculo chamado Biblioteca, sim, como nome próprio e digno da inicial em maiúsculo, por representar parte significativa de toda a minha vida, desde que me entendo por gente, embora saiba que bem gente ainda não seja devido a não entender o que sou como gente, mas assim me sinto, sem mistérios e pela falta de clareza da vida.

Entretanto, é deles que vem esse entender, dos livros, é deles que, no cultivo das palavras brotam imaginações, pensamentos, ensinanças.

A reunião foi para organizá-los na segunda arrumação, colocá-los na outra estante, próxima as duas já repletas de livros. Mas não seria uma longa, intensa e de total atenção que eles merecem. Para dar tempo, um dia todo foi necessário, a quinta-feira iniciou cedo e foi até a noite.

Como uma grande reunião social que já se sabe não poder dar a todos a devida e justa atenção que eles merecem, o contato era rápido, olhar a capa, pegá-lo, alguns sabia precisamente a data que foi lido, onde comprei. Outros rapidamente reli algumas anotações.

Assim fui pondo-os conforme temas, áreas, autores.

Uma sala do sobrado só para eles, a Biblioteca é de amigos, uma multiplicidade deles, um afeto que tem a ver com o que todos eles me ensinaram e continuam sendo fontes de conhecimento. Livros que compro, livros que ganho, todos amigos.

O ser humano passou a escrever por uma necessidade primordial, para não esquecer, inventou o registro da memória, que se torna continuamente o elo da mente e do afeto de cada um em relação aos demais.

Meus amigos tão bem cultivados em minha própria memória e no percorrer da estante com todos perfilados, e a eles se somam permanentemente os que vou lendo, juntos ao meu coração e cérebro.

Escrever é compartilhar. É apresentar estes meus amigos a todos os meus amigos, desta Coluna, sem me importar que sejam poucas as pessoas leitoras, e, com elas os livros, que podem parecer muitos, mas poucos se levar em conta os que pretendo ler, porque ter amigos é querer mais, não porque os primeiros, e antigos perderam a importância. Não, eles são inspiração e base para os novos.

Haverá uma outra reunião, agora eles estão dispostos, organizados reunidos, ótimos diálogos serão retomados, revividos e novas prosas e novas poesias brotarão.

Fases de Fazer Frases (I)
A maior palavra-chave é o dicionário.

Fases de Fazer Frases (II)
Criado mudo não atrapalha o sono.

Olhos, Vistos do Cotidiano
O Jornal Tribuna do Interior fez doações ao Museu Municipal de Campo Mourão, são equipamentos antigos deste Jornal, como computador, impressora e fotografia. Afinal, são 54 anos de história (serão completados em outubro próximo) agora na memória acessível de quem quiser conhecer.

Eu é que não devo passar na frente do Museu ou na sede do Jornal, como medo que me mandem como antigo e inservível, pois cheguei aos 34 anos como escrevinhador desta Coluna.

Farpas e Ferpas
É mais fácil trazer a mentira quando não se busca a verdade.

Reminiscências em Preto e Branco
Segunda-feira a volta às aulas. Embora tenha ouvido bem mais, ainda ouço, diminuiu o uso da expressão que é mais do que inapropriada, quando pronunciada por profissionais do ensino: é pra “soltar” os alunos, tanto para indagação ou afirmação, “soltar” é indecoroso, indecente, usado para dispensá-los das aulas ou saírem mais cedo para intervalo.

José Eugênio Maciel | [email protected]