Academia Mourãoense, singular e pluralista, 22 anos
“Leite, leitura
letras, literatura,
tudo o que passa,
tudo o que dura
tudo o que duramente passa
tudo o que passageiramente dura
tudo, tudo, tudo
não passa de caricatura
de você, minha amargura
de ver que viver não tem cura”.
Paulo Leminski
Nos diferenciamos dos outros tipos de animais devido à capacidade de raciocinar. O alfabeto, inicialmente fonético, é uma das maiores invenções do ser humano. Sim, todos sabem. Mas é curioso refletirmos a respeito de nossas invenções e descobertas. O alfabeto, que continua oral, e escrito, foi uma consequência natural e inarredável para a comunicação e expressão humanas. Como ser gregário, todos aqueles que eram semelhantes, perceberam a necessidade de ajuntamento, marcada inicialmente pelo instinto que o impulsionava, para, posteriormente, se reunirem de modo consciente, levando-os a concepção de reunião.
O surgimento do sentido de comunitário – quando o sujeito convivia com a comunidade tribal, tal convivência era estruturada a partir dos sentimentos fundamentados pela amizade, interesses e afinidades, fazendo brotar a condição de pertencimento.
Sem que perdesse a condição e características comunitárias, alcançamos a condição de sociedade, acentuadas pelas relações pessoais e interpessoais. A sociedade, notadamente as mais numerosas, pressupõem relações complexas, pelas quais os interesses são determinados pela necessidade de indivíduos e grupos sociais voltados para a satisfação de objetivos, o chamado bem comum.
Intrinsecamente, o conjunto de letras, organizado em um sistema de escrita, possibilitou constante e ininterruptamente a própria trajetória civilizatória. E o fascínio é acrescido pela permanente evolução literária, cuja harmonia contempla a conjuminância da tradição com a modernidade.
Foi como seres gregários, comunitários e sociais é que está alicerçada a Academia Mourãoense de Letras – AML, há 22 anos completados no dia 21 de maio. Quando do surgimento, esta Coluna registrou o fato através de Artigo, quando ficou marcado a expressão, “Academia, com todas as letras”.
Hoje aponto duas peças prismáticas da Academia: a sua singularidade e a sua pluralidade. A singularidade é o fazer acadêmico a partir da condição biográfica de cada um, assim como as obras produzidas pelos imortais. E o somatório com os demais membros é a pluralidade de ideias, concepções literárias.
Singular e pluralista, a razão de ser da AML é pletora da nossa língua, por extensão a literatura, no bojo da vida e da liberdade. Assim ela é prosa e verso. É cultura, destacadamente erudita e a popular. De um só tempo e de toda a cronologia.
Fases de Fazer Frases (I)
Só letras.
Só letrar.
Soletrar
Sou letra.
Sou letrar.
Fases de Fazer Frases (II)
Toda letra é mais que uma letra.
De pelo menos de outra ela precisa.
Para não ser uma letra só.
Fases de Fazer Frases (III)
Volteios da vida volte e meia é meia-vida.
Olhos, Vistos do Cotidiano
Sérgio Moro (União Brasil – PR) continuará sendo senador representante do Paraná. O TSE – Tribunal Superior Eleitoral rejeitou por unanimidade o pedido de cassação, na ação movida pelo PT e PL. Todos tomaram tal decisão por não encontrar elementos concretos, como valores, que comprovassem o aludido abuso econômico.
Logo o PT falar em abuso econômico antes ou eleitoral. Também cabe registrar, finda o assanhamento de alguns políticos que ensaiavam disputar a vaga, retórica de estrambelho.
Sérgio Moro adiantou que fará oposição lulista também na próxima disputa presidencial, tendo afirmado que não será candidato.
Farpas e Ferpas (I)
Analfabeto gosta de sopa de letrinhas.
Farpas e Ferpas (II)
Fingir não ler é pior do que ler sem fingir.
Sinal Amarelo
Tenha mais cautela quando não tiver tutela.
Trecho e Trecho
“É bom não esquecer que o inventor do alfabeto foi um analfabeto”. [Millôr Fernandes].
“Serei imortal até que se prove o contrário”. [Thiago O. Rodrigues].
Reminiscências em Preto e Branco
Dos dez primeiros fundadores da Academia Mourãonse de Letras, três são saudosas memórias: Francisco Irineu Brezezinski, Rubens Sartori e Amani Spachinski. Imortais.
José Eugênio Maciel | [email protected]
* As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do jornal