Bocete
Nenhum pensamento é imune à sua comunicação, e basta já expressá-la
num falso lugar e num falso acordo para minar a sua verdade.
Theodor Wieseneirud Adorno
Foi a primeira e única vez que estive diante dela. Com esse nome.
Nunca achei possível uma nova situação que então me levaria a lembrá-la.
O dito impossível acontece. Obviamente se ocorre não é mais impossível.
Exclamaria, é incrível, na verdade querendo afirmar, é crível.
Rememoro a artesã a dizer ser o mais belo bocete.
Mais ainda, segundo a mesma artesã, por estar junto ao vestido.
Nunca seria eu a duvidar da bela artesã. Fosse um artesão, talvez.
A artesã tinha a convicção da beleza, no caso única, em relevo, róseo.
Nada reparei. Continuaria a ser ignorante total ante à nova e antiga palavra: bocete.
Indiretamente ela está presente no nosso Hino Nacional, o florão da América.
A palavra natural e instantaneamente lançada ao esquecimento.
Mas não! Ela vem com a força da memória viva: bocete.
Não lembrá-la? Não garanto a mim e ao caro leitor, com todo o respeito.
Porém, julgo que não serei levado a lembrar se carecer ocasião.
Só caso a artesã provocar…
Ela intimamente ligada à artesã, tecer o que é, bocete.
O mais lindo que vi em toda minha vida:
Ornato circular, como cabeça de prego convexa posta em antigas saias de malha e couraça.
Bocete dá beleza, ornamenta ricamente o florão, toque sublime.
Fases de Fazer Frases (I)
A vida é um quebra-cabeça que o coração consegue montar.
Fases de Fazer Frases (II)
Tristeza maior é não perceber poder alegrar-se.
Fases de Fazer Frases (III)
Vir toda a virtude é vir em virtude de vir.
Fases de Fazer Frases (IV)
Toda a mancha se desmancha. Desmanchado pelo manchado nem sempre achado.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
Por acaso existe a criação de velhos empregos? Ora, a própria palavra criar pressupõe algo que dá origem; formar; fazer existir; algo de inédito.
A propaganda do governo federal enaltece ele mesmo, ao se referir à retomada da economia, criação de novos empregos. Ninguém viu na agência de publicidade? Dos que foram encarregados de ver, analisar e definir a peça publicitária para aprová-la, ninguém reparou? Se é criar, só pode ser mesmo algo novo.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
Aproveitando o embalo do subtítulo acima, em Campo Mourão tem uma lanchonete com uma enorme placa de anúncio do estabelecimento: Montes Claro. É claro, faltou o s.
Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
Ainda no embalo das duas notas acima, tem um erro que não parece ser fácil eliminar e por parte daqueles que devem primar pela correção da comunicação, os jornalistas. Dizem muitos deles – não todos, é verdade! – Quais são os seus planos para o futuro? Indago ao caro leitor, tem quem faça planos para o passado?
Caixa Pós-tal
Reginaldo Vieira escreveu: Gosto da variedade, quando talvez esperamos um texto sobre política, você escreve sobre o social. Ou ainda sobre cultura, quando esperaria sobre economia. A surpresa é boa, obrigado!. O agradecimento é mais meu pelo prestígio.
Reminiscências em Preto e Branco (I)
A velocidade tecnológica é tão célere que o novo em bem pouco tempo se torna antigo, ultrapassado pelas novas descobertas e invenções que mudam a vida humana, humana vida que emana de mudanças.
Reminiscências em Preto e Branco (II)
No fogão à lenha a chama aquece a água da chaleira que irá aguar o chá que espalha o aroma na chalaça de palha parecida com chalé, bebida servida, sorvida por todos enquanto a chalrear.