Dar um balão de bicicleta

“O vacilo do malandro é achar que só a mãe dele faz filho esperto”
(Anônimo)

    Numa pausa, meus olhos mudam de direção, da tela do computador olho para fora da janela do escritório da minha casa, piso superior. Vejo crianças vizinhas andando de bicicleta a brincar na calçada. Foi então que as cortinas do tempo escancaram a memória da minha meninice. Com 13 para 14 anos, 1976, terminadas as aulas, um colega de turma me convida para acompanhá-lo até a delegacia. Inicialmente fiquei assustado e surpreso. 
    Ele iria verificar se a bicicleta dele furtada teria sido recuperada pela Polícia. Um policial nos atendeu e mostrou muitas bicicletas amontoadas. Quando meu amigo começou a procura, logo o soldado sugeriu, “escolha uma bicicleta igual a sua e tá resolvido o problema”. Foi isso que o meu amigo fez.
    Fiquei pensando antes de sairmos da delegacia e depois no trajeto para minha casa, que a ideia do policial e a concordância do meu amigo não eram corretas. Mas não falei nada, tratei logo de me separar dele, apreensivo, se o verdadeiro dono da bicicleta aparecesse? 
Não queria sequer ser cúmplice. Logo imaginei um montão de coisas, caso meus saudosos pais soubessem desse fato, eu receberia puxões de orelhas da minha mãe Elza e do pai Eloy ardidos cascudos. Ainda me vi “apodrecendo na cadeia”.
    O então colega de escola, creio que não se oporia a citar o nome dele, que sei completo. Não mora aqui faz anos, e como não faço parte das redes sociais não tentei localizá-lo (só participo de grupos no celular), então preferi não mencioná-lo.  

Fases de Fazer Frases
    Nem todo nome é renome. Nem todo nominar é nomear.

Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
    Desejo ao padre Marinaldo Batista que se recupere, tenha a saúde de volta, vença a Covid 19. Lamento a morte dos pais dele, o pai há semanas e a mãe na última quinta, ambos pela mesma causa. Tentei, como ainda faço, fazer chegar ao padre tanto as condolências quanto o desejo do pronto reestabelecimento. Matérias produzidas por Valdir Bonete para esta Tribuna, ao jornalista pedi ajuda, ele informou que foi pelas redes sociais que falou textualmente com o padre. Busquei outros auxílios, até agora sem sucesso, sendo tal motivo, o de tornar pública a minha manifestação.
    Tivemos aqui na Tribuna um debate através de vários artigos que escrevi e o padre respondeu, ele discordando do que escrevi sobre outro padre, o Adelino, que foi posteriormente condenado e preso, hoje está na Penitenciária de Cruzeiro do Oeste.
    Divergirmos como foi o caso há alguns anos. Entretanto, existe o maior abismo a separar, longe de qualquer imaginação e desejo pelo que ele está passando. A ninguém quero o mau maior. Ao contrário, que o padre Marinaldo fique bem e que até possamos debater, não seria hora de afirmar isso, parece, mas até neste sentido cabe para ilustrar a minha prece pelo pronto regresso à vida dele, são e salvo.  

Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
    É ótimo ler, ouvir uma palavra sem ter – ou ter – a menor noção do significado! 
    No exemplar impresso desta Tribuna da última sexta está escrito “equinócio” já na primeira linha do texto – Tribuna Livre – do Marcelo Cattani, jornalista e publicitário. “Quando o dia e a noite aparentam ter a mesma duração”, eis o significado da palavra no citado texto BBB, GILMAR E O VOTO.
    Antes, domingo, já tinha pedido socorro ao dicionário. O que é “Espigada”? É “crescido” no sentido figurado, quanto a estatura da pessoa, conforme o contexto que ela foi empregada pelo Barak Obama, no livro biográfico UMA TERRA PROMETIDA – BARACK OBAMA, que estou lendo e recomendo.
    É habitual o tema e o uso de palavras pouco ou nada usuais, mas o motivo do tema emergir tem a ver com o leitor da Coluna, no subtítulo Caixa Pós-Tal

Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
    Com farto conteúdo, e muitas e bem distribuídas notícias, esta TRIBUNA DO INTERIOR ´´é rica fonte também de inspiração e motivos para esta Coluna. Claro, outros veículos de comunicação também, sempre dado o devido crédito. Não foi nenhum dos jornalistas da Tribuna, o erro veio do Pelo Paraná – Coluna da ADI – Associação dos Jornais Diários do Interior do Paraná, aqui publicado na sexta anterior. Na terceira nota, título Kadesh, no final do texto, que a referida empresa (em Ipiranga) “deve gerar, aproximadamente, 50 novas vagas na cidade”. Ainda não cansei de apontar o erro, com argumento no modo de pergunta ao contrário: tem como gerar velhos empregos?
    Para hoje ficar somente em um único exemplo – sem preconceito – é comum encontrar quem fale “anãozinho”. Por acaso existe “anãozão”?          

Farpas e Ferpas
    Se esperar for exasperar é melhor não aspirar, só respirar.

Caixa Pós-Tal
    “Pedi socorro no dicionário para saber o que é ‘lorpa’”, mensagem do mourãoense José Alberto Gonçalves, palavra que usei na Coluna anterior, referência ao ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump. “Lorpa” é imbecil, parvo, grosseiro”.  

Reminiscências em Preto e Branco
    Não, não tem como ficarmos em parte ou totalmente alheios ao noticiário sobre a pandemia. A expressão é em geral, mas não vale para muita gente em todo o Brasil e em Campo Mourão, quando não é nada difícil encontrarmos pessoas sem máscaras ou indevidamente utilizadas, sem atenção as demais medidas e circulando por aí, sem falar as festas clandestinas. 
    Mais de uma morte por dia em Campo Mourão, Santa Casa lotada, fila de espera. Falta respeito a si próprios por parte desses negligentes, falta de respeito a quem se cuida, falta de respeito aos mortos e falta de respeito aos familiares.
    É tanta falta cometida, agressão. É tanta falta, vazio imenso e vago para sempre de todos aqueles que partiram, sem homenagens, sem o derradeiro adeus, cortejos.   

José Eugênio Maciel | [email protected]