Delordes, mais que a história
“O que há de melhor no homem somente desabrocha
quando se envolve em uma comunidade”.
Albert Einstein
O vento soprava levemente, tocando as flores dos vasos e coroas. Havia muitas devido a véspera do dia dos pais. Os pássaros cantavam voando ou enquanto pousados nas árvores e nos sepulcros. O azul-escuro do céu, poucas nuvens e o entardecer, compunham o misto do infausto da última despedida com o sentimento da paz eterna.
No Cemitério São Judas Tadeu, ao passar pelo portão principal, dos dois lados da calçada estão os jazigos das famílias tradicionais e pioneiras de Campo Mourão, como o da família Daleffe. Grande parte dos túmulos, eles chegam a meio século, e por longo tempo até começarem a receber seus entes queridos. À direita de quem entra, ao que se chama a última morada, recebeu Delordes Daleffi.
Meus passos eram lentos até me aproximar e parar, a observar o fim do cortejo, pessoas enlutadas, reunidas, irmanadas na dor e sofrimento. Refletia naquele sábado a respeito de quem foi Delordes. Outras tantas caminhadas que rememorei no passar pela avenida Capitão Índio Bandeira, no centro, na esquina localizada a Auto Peças Cometa.
Nos últimos anos sem a presença dele, o escritório estava vazio, sala e com divisórias de vidro e porta sempre aberta, o coração e os braços prontos a tratar com a devida consideração os amigos e clientes. .
Os anos 50 são marcos da chegada do seu Delordes em Campo Mourão, então um núcleo urbano incipiente, quando se quer tinha a perspectiva palpável quanto ao que seria este lugar.
Delordes foi, sempre, o porto seguro, integrado ao processo desenvolvimentista mourãense, não apenas do sólido e pujante empreendimento, pois ele participava ativamente de iniciativas que visassem integrar as ações de progresso.
Onde nasci e vivi a minha maior parte do tempo, na casa dos meus saudosos pais Elza e Eloy, no quarteirão vizinho e próximo da Cometa, conhecia e testemunhei inúmeros encontros entre os amigos, meu pai e Delordes.
Nesse emergir de lembranças, está o então presidente (1970) do AERM – Associação Esportiva, Recreativa Mourãoense, quando ele presidiu e bancou a contratação e salários de jogadores, no tempo que tínhamos um time profissional.
Para dar a sua inestimável colaboração, este catarinense que se tornara de há muito mourãoense vocacionado e orgulhoso de Campo Mourão, também fez parte da Câmara como vereador (1973-1976) tendo desempenhado o mandato com denodo e civilidade.
Não foi apenas partícipe de empreendimentos importantes, como na fundação do Colégio Integrado, na diretoria da ACICAM – Associação Comercial e Industrial de Campo Mourão, Delordes se caracterizava como generoso para com rifas, quermesses, formaturas e muito auxílio que prestou sem desejar que tal fraternidade viesse a público.
Delordes é agora maior que a própria história, a familiar, religiosa e do labor, rica de exemplos e inspiradora. Bem souberam herdar os filhos de um pai que lhes entregou preciosos valores éticos e morais. Filhos que foram embora para estudar e regressaram para aqui exercerem a profissão.
Ainda em referência a herança, as amizades que uma família estabelece com outras, como a dos meus pais e que amim foi entregue, então me tornei amigo dele, como de outros, sobretudo com o irmão Denir.
Nascido na catarinense de Urussanga a 28 de abril de 1934, falecido em 13 de agosto, se constitui em saudade. Delordes foi inigualável no modo de ser, sempre humilde, homem de hábitos simples, afáveis, inesquecível.
Fases de Fazer Frases (I)
A euforia é alforria da liberdade.
Fases de Fazer Frases (II)
Pecado da humanidade é não crer na própria civilização.
Fases de Fazer Frases (III)
Memória é criação das lembranças.
Olhos, Vistos do Cotidiano
Caminhos de Peabiru passou a ser rota turística, integrando o calendário oficial do Paraná. Trata-se certamente a integração da cultura histórica com o potencial turístico em desenvolvimento, fundamental para Peabiru como Município, e sim da região e para o Paraná.
Farpas e Ferpas (I)
Queira ou não, horário eleitoral é imagem de nossa cultura política.
Farpas e Ferpas (II)
Se não basta voto para resolver a política, sem ele não haverá solução.
Farpas e Ferpas (III)
A natureza humana nem sempre é natural.
Reminiscências em Preto e Branco (I)
Quando é tarde, o tempo não se tem.
Quando é tarde, a vida não se tem.
Quando é tempo e é vida, finitos.
Reminiscências em Preto e Branco (II)
Engomado, antiga expressão que reporta a passar roupa com ferro a usar goma, servia como gíria, um “engomadinho” é alguém esnobe, vaidoso. Há tempos que não ouvia a gíria, utilizada por dois distintos senhores que estavam na fila de um banco.
José Eugênio Maciel | [email protected]