Nos ares com Jô
“Faça piada velha para novo e piada nova para público velho”.
Jô Soares
Cinco de agosto o Brasil subitamente recebia a notícia nas primeiras horas da manhã, a morte do José Eugênio Soares, Jô Soares, aos 84 anos, no hospital.
Pouquíssimas pessoas podem ser consideradas gênio em muitas e diversas áreas.
O Jô tinha um público diverso em todo Brasil, a fazer parte de nossa cultura, de humor e seriedade, sendo que seriedade é também humor e humor não é só o riso.
Jô era da família, tão de casa, que ele sentava no sofá a fazer parte do nosso cotidiano brasileiro. Se tornou nesses 60 anos de carreira uma nítida e legítima identidade nacional.
Construiu uma carreira que foi e é reconhecida pela e na cultura popular, acessível nos nossos típicos personagens tão reais quanto lúdicos.
Ao mesmo tempo edificou uma postura do grande conhecimento intelectual, dono de uma vasta cultura, poliglota, viajante no mundo e a perpassar a alma humana, sobretudo a nossa, brasileira, pelo observar sensível e arguto.
A criatividade do texto ágil, a construir um arquétipo de personagens repletos de inventividade, bordões, retratos das nossas qualidades assim como das mazelas. Textos para programas televisivos, ele ou outrem a interpretar, para o teatro, para jornais, para os livros.
Uma aquarela de todas as cores, pinturas que espelhavam a nossa própria espiritualidade.
A favor e promotor da cultura, Jô marcou a sua vida sendo solidário, incentivador da expansão dos talentos que precisavam de espaço e também aqueles que careciam da solidariedade fraternal, tendo dele o respaldo sobretudo humano.
Se não fossem os percalços com a saúde, Jô o quanto pôde se manteve ativo.
A grande lição que deu, sem ser espalhafatoso em se tratando dele mas em relação ao universo principalmente público, de crítico mordaz quando se tratava da ausência de escrúpulos públicos ou particulares, Jô pontificou:
“Não há amizade, por mais profunda que seja, que resista a uma série de canalhices”, declarou Jô.
Fases de Fazer Frases (I)
Se uma definição não define nada, não deixa de ser uma definição.
Fases de Fazer Frases (II)
Quem não teve, obteve ou não aproveitou o tempo, nada perdeu, só o relógio.
Fases de Fazer Frases (III)
Quem diz de um modo necessariamente não pode exigir ser entendido de outro.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
O Sítio Boca Santa publicou: “Maioria não tem esgoto tratado” (quinta passada), divulgado a lista: tem apenas dez cidades, Campo Mourão 92%, Mamborê 82%, Corumbataí do Sul 80%, Terra Boa 65%, Goioerê 60%, Araruna 57%, Barbosa Ferraz 37%, Altamira do Paraná 305, Engenheiro Beltrão 18% e Moreira Sales 17%.
Ainda segundo a lista, eis as cidades que não tem absolutamente um palmo sequer de esgoto tratado: Boa Esperança, Campina da Lagoa, Farol, Fênix, Iretama, Janiópolis, Juranda, Luiziana, Nova Cantu, Quinta do Sol, Rancho Alegre do Oeste e Roncador.
Um velho ditado da política é usado na prática atual, a de não “gastar dinheiro com obra que não dá voto, a que ficará debaixo da terra”.
Lamentavelmente é uma verdade, que vem ao encontro do comportamento do eleitor (não unânime) de ter memória curta, quando a tem.
Os municípios mais velhos, grande parte deles já ou prestes a completar meio século, são os que dariam mais vergonha, caso se a tiverem.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
Últimas notícias são as primeiras a serem lidas?
Para quem não se informa em nada, não existe notícia velha.
Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
Para quem lê, tem quem vá direto às notícias mais lidas, só para ficar com a maioria, independentemente do interesse particular.
Olhos, Vistos do Cotidiano (IV)
Álvaro Dias (Podemos – PR) é oficialmente candidato a senador. Mas diz ele que o Partido quer lançá-lo à presidência da república.
Verdade que é jogo de cena para se manter no noticiário. É, vaidade ainda dá ou alimenta notícia.
Olhos, Vistos do Cotidiano (V)
Apesar dos esforços gerais ou específicos, o fato é que a evasão e o fracasso escolares continuam, se movem no sentido negativo.
A saída, até agora sequer são os portões dos colégios, pular muros.
É expressivo o número de alunos que simplesmente não vem para as aulas.
Carteiras, salas vazias. Vidas, se não vazias, seriam preenchidas do quê?
Farpas e Ferpas (I)
O verdadeiro incógnito não o é para só outros, idem para si.
Farpas e Ferpas (II)
A calma de um prudente não é o mesmo que um prudente calmo.
Farpas e Ferpas (III)
Entrevado é quem encontrou um trevo de quatro folhas sem ter sorte.
Reminiscências em Preto e Branco (I)
Escrevam suas memórias para não esquecer de escrevê-las.
Reminiscências em Preto e Branco (II)
Na tardança da longa vida, a vinda se alonga quando nem tudo tarda.
José Eugênio Maciel | [email protected]