Doutor Fernando, a fala dos olhos

Não sabemos da alma senão da nossa; As dos outros são olhares, são gestos, são palavras, com a suposição de qualquer semelhança no fundo

Fernando Pessoa

A profissão era olhar clínico, preciso da ciência oftalmológica. Sempre atento e meticuloso. Era mais paciente do que qualquer um dos seus pacientes, atendia todos com esmero, exame, diagnóstico e com fundamentadas prescrições. Afeito a profissão, consequentemente tendo pelo ser humano singular apreço, eu testemunho por ser paciente de muitos anos.

A dedicação aos estudos e inteligência na juventude eram conhecidas no Colégio Estadual Campo Mourão, (década de 70) correspondeu o que dele se esperava. Em 1988 formou-se médico em Passo Fundo (RS) e posteriormente, no mesmo Rio Grande, capital, fez especialização.

Família tradicional muito querida, (pais Segismundo e Odirce) Campo Mourão fora sempre berço dele e morada, ambiente a idealizar, realizar a vida em sua plenitude. Da descendência originária e a que formou, os filhos Bruno, Lucas, Vinícius e Maria Fernanda, lugar de sempre, dos amigos que bem soube cativar.

Sem vaidade a angariar honra ao mérito. preocupava-se em agir para o bem da comunidade. Entre tantos e variados registros de ricos exemplos, muitos deles rememorados durante o velório, relato o que vivenciei. É sobre o trabalho social que ele realizou. Eu era secretário municipal de educação e cultura de Campo Mourão, pedi e ele prontamente aceitou com entusiasmo. Era para ele examinar todas as crianças e adolescentes das escolas municipais. Providenciamos, com o respaldo de outro secretário, Milton Mader Bittencourt, da saúde, a compra de equipamentos completos e modernos instalados no Centro Social Urbano.

O grande e inestimável trabalho jamais saiu da minha lembrança e sempre que encontrávamos eu fazia reverência a enaltecê-lo. Atendeu a todas aquelas crianças humildes com enorme carinho como se fossem filhos dele, com afeto e dignidade.

Maior que maçonarias, clubes de serviço, mais elevado que a medicina, foi esteio e inspiração familiares. Grandioso ante a uma plêiade de amigos, de infância e do hoje.

Entardecer do sábado caia na medida que a madrugada dominical eram silêncio que teve ao fundo o som do choro profundo da cidade inteira. Ela se reuniu a velar o doutor Fernando, filho desta terra, dos pioneiros, da família que formou, filhos, esposa, irmãos, amados.

Olhava para para nossos olhos com acuidade de quem vê mais que o clínico, enxergava o ser humano, tendo tratado a todos com profusão sapiente e de presteza na linda profissão, mais bela devido a seu esmero. Ele foi vencido no último sábado, dia seis, por uma leucemia…, dizeres do amigo dele e nosso, Luiz Ferreira Lima.

O pranto dos filhos, da querida esposa Tatiane e dos irmãos, é saudade espalmada a nos abraçar no luto, do legado de luz da radiante vida. Receba, doutor Fernando Dlugosz, todos os aplausos ao mesmo tempo na fusão com o silêncio que palavra alguma pode adequadamente manifestar, mas que será cravada na história e memória nossa.

Fases de Fazer Frases

Fica o que é deixado, e não o que não se pode levar.

Olhos, Vistos do Cotidiano

Escolher ministro deve ter critério interesse público e preparo do indicado. O agora ex-ministro Velez Rodriguez é um ignorante de gestão educacional, como o presidente. A principal ideia foi, todas as escolas enviassem gravação do canto Hino Nacional.

Farpa e Ferpa

Uma mãe, revoltada, foi até um colégio de Campina da Lagoa, para discutir com a professora da filha dela. É que a menina não quis guardar o celular durante a aplicação de uma prova, foi preciso chamar a Polícia Militar, noticiou a Coluna do Ely. Com prova ou não, celular não é material escolar. Quem deveria acompanhar a PM só a mãe. Nota 10 para a professora. Ely foi feliz no título da notícia: O Exemplo começa em casa.

Reminiscências em Preto e Branco (I)

Leitor assíduo, Fernando Dlugosz, texto principal da Coluna hoje, me enviou cumprimentos quando escrevi sobre o andarilho Jorel, então zombado por muitas pessoas. Fernando concordou ser ato desumano e covarde. Publiquei e agradeci à época o comentário.

Reminiscências em Preto e Branco (II)

Tempo que não se faz é sem tempo que tanto faz.

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José Eugênio Maciel | [email protected]