Doutor Renato, a estrutura social, concreto

“As cidades têm que ter ícones. Bibliotecas, hospitais, museus.

Dentro de 100 anos, as pessoas os verão e dirão: ó, que é isto?

E pensarão: é arte! ”

Frank Gehry – arquiteto

         Ele foi o 13º prefeito de Campo Mourão (1973-1977). Aportou neste campo em 1961. Construiu o seu porto seguro, familiar, de muitos amigos. Ingressou na carreira pública como procurador do Município. Em 1972 foi eleito prefeito. Concluído o mandado retoma a advocacia como profissional liberal.

Na memória deste escrevinhador aqui, à tona vem as imagens de três grandes obras, concretas no sentido material e filosofal do termo. Edificações que rumam para meio século da nossa história mourãoense de emancipação (temos 74 anos).

São muito mais do que imponentes prédios, são o que chamamos na Sociologia de estruturas sociais, que conceitualmente significam: “conjunto ordenado de partes encadeadas que formam um todo que mantém estável a sociedade […] é o aspecto estático da organização social”. E estrutura é também a arquitetura de uma sociedade erguida para ela mesma na ambientação e práticas dos muitos processos sociais.

Popularmente chamado de ginasião, o Belin Carolo (nome dado em homenagem a doação da área pela família), o apelido plenamente justifica, pois é um monumental ginásio do desporto, pronto em 1976 para sediarmos os Jogos Abertos do Paraná. O prefeito Renato Fernandes Silva viabilizou tal obra com recursos próprios. O belo formato raro em leque, composto de ferro e cimento armados e tem um dos maiores – se não o maior – vão livre do Brasil, 67,27 metros. A obra ficou pronta em 18 meses. No outro extremo da cidade, mais na área rural do que na urbana, à época, outra obra poliesportiva com apelido oposto, ginasinho, Ginásio JK.

Qualquer mourãoense, inclusive as gerações atuais, conhecem esses dois belos espaços esportivos. Certamente, estruturas tais farão parte da história – certamente vívida a alcançarem um século e mais, pujantes.

Num encontro casual, tomávamos café e o diálogo era sobre a cidade. Entre outras narrativas dele, doutor Renato discorreu os caminhos percorridos para a construção de um colégio. Os recursos estariam assegurados, desde que o Município doasse a área, de no mínimo um quarteirão. Ao localizar o terreno, pessoalmente o prefeito negociou com proprietários a compra, desapropriação. No dia 10 deste mês, o tal Colégio é o Unidade Polo, que completou 45 anos. Ele rememorou que havia poucas casas, sequer asfalto, “mas a cidade cresceria para aqueles lados; e os alunos não precisariam atravessar toda cidade para irem para a escola”.

Três estruturais sociais, que, além das finalidades precípuas em si mesmas, foram e continuam como ícones, bases principalmente para o desenvolvimento do desporto, da educação e da cultura; e servem atualmente como atrativos para outros empreendimentos em seu em torno.

Voltamos a conversar, ele a me dizer sobre a cessão do Belin Carlo para o então CEFET e hoje UTFPR – Universidade Tecnológica do Paraná, (eu era o secretário da educação na gestão do prefeito Rubens Bueno – 1993-1997), ficara satisfeito por saber que a comunidade continuaria a usufruir do referido centro poliesportivo, de então a abrigar uma Universidade Federal.

Doutor Renato gostava de uma boa prosa, tinha a erudição e ao mesmo tempo a simplicidade, era gentil, sereno, orgulhoso de ter se tornado mourãoense, vindo de Prudentópolis. Desde o dia dois, aos 88 anos, passou a ser saudade, para a esposa Márcia, filhos Renatinho, Regina e Araci, dos amigos e para a história política e administrativa de Campo Mourão.

Fases de Fazer Frases

         Não adianta ignorar a própria ignorância. Tem que sabe dela.

Olhos, Vistos do Cotidiano

         São 300 os mortos pela Covid-19, somente em Campo Mourão. Respeito a elas e familiares é o mínimo a afirmar, mas indispensável dizer.

Farpas e Ferpas

         Solidão só incomoda quem está sozinho.

Caixa Pós Tal

         “Oi meu sobrinho querido, o seu depoimento sobre seus pais me deixou comovida e orgulhosa, porque você transmitiu seu grande amor por eles e eu meditei sozinha em silêncio muitas recordações boas e agradáveis que passamos juntos. A recordação que nos faz viver, e estão sempre vivas em nossos pensamentos. Quanto mais o tempo passa mais saudades sentimos. Você transmitiu saudade de uma maneira tão linda que na hora fiquei sem saber o que responder, e toda aquela saudade imensa voltou na memória, e passei horas, relembrando com muita saudade nossas passagens de vida, mas a vida é assim mesmo. Te cumprimento com muito orgulho tudo que você escreve. Palavras lindas saídas com enorme amor e sinceridade (…). São os dizeres da sempre querida tia Maximina Alves, pioneira de Campo Mourão e em especial como professora, hoje aposentada, irmã da minha mãe Elza. Ela se referia a Coluna anterior, “MEU GRANDE AMOR, EM TODOS OS SENTIDOS”. Obrigado!

Reminiscências em Preto e Branco

         No passado, se apanharmos apenas recordações, serão lembranças. Ficar atentos as lições não temeremos o futuro.  

José Eugênio Maciel | [email protected]