É muda a mudança?

“Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma
 do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos 
mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, 
teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”.

Fernando Teixeira de Andrade

    Cortar o cabelo? Mudar a cor da casa? Trocar o canal? Seguir caminho desconhecido? Optar por outro prato de sabor desconhecido? Outra profissão? Deixar antigas palavras e pronunciar vocabulário novo? Vestir modelo e figurino nunca antes sequer imaginado? Não mudar nada? Tudo? Pouco? 
    Mudança é movimento, indivíduos ou grupos sociais, sujeitos singulares ou coletivos que inovam, assumem identidades ou instituições sociais transformadas profundamente ou parcial, de aparência ou de conteúdo.
    A pandemia é realidade que alterou papéis sociais de todos nós.  
    Uma mudança em curso atualmente intenso, ainda por completo incapaz de nos adaptarmos seguramente. Estamos numa travessia, sem inteiramente termos o controle dessa passagem, ansiosos, curiosos e ainda a nos dividir olhares para o ponto de partida ou para o da possível chegada.
    Certo – se é que tal expressão conceitual é cabível – é que adaptação é a palavra-chave. A natureza física e biológica diz respeito a um processo contínuo de adaptação. A adaptação cultural relaciona tudo que teve que se moldar o ser humano ante a fatos que se impuseram ou que criamos.
    Na história, quando satisfatória uma determinada realidade ela proporciona uma segurança tal que gera comodidade e conforto, o que implica uma resistência para qualquer alteração. E tantas mudanças demoraram muito, outras ainda inalteradas, como também têm aquelas que vieram com tal força que, para sobreviver, a humanidade teve que se ajustar à inovação, sendo que a mais palpável e mensurável é a tecnológica.
    Por receio, medo ou pavor. Por alienação ou senso crítico, confiamos que tenha quem esteja certo no comando dessa travessia.
    Os mais fortes sobrevivem? Os mais inteligentes? Cabe a cada um individualmente se modificar? Ou é imprescindível todos cooperarmos?
    O que mais se deve levar em conta na adaptação: A vantagem e necessidade da mudança? Ou que o usual e velho hábito não serve mais? 
    Não tem uma só pergunta. Não existe apenas uma única resposta.        

Fases de Fazer Frases (I)
    Palavras cabem no silêncio antes vazio, mesmo mudas.

Fases de Fazer Frases (II)
    Quem toma do Tomás?
    Tomar o quê?
    Tomate para fazer purê.
    E toma-te o tomate do Tomás! 

Olhos, Vistos do Cotidiano
    Tão demorada para começar e eis que agora será necessário fazer outro projeto para a duplicação da PR-317, saída para Peabiru-Maringá. É a rodovia de maior movimento da região. Quem chega a Campo Mourão se depara, por mais distraído que seja, com a visão urbana muito feia, incluído as vias marginais. Os “monumentos”, aliás, são de entulhos, carcaças de colheitadeiras desmontadas, mato, pilha de postes, carros velhos abandonados. É o pior “seja bem-vindo” que temos. Daí a pressa para que a obra seja realizada o quanto antes. 

Farpas e Ferpas
    Pecado é pouco, quando sozinho?

Reminiscências em Preto e Branco (I)
    Uma mudança bem radical de conceito e sobretudo de comportamento tem a ver o que se verifica agora, celeremente devido à adaptação da pandemia, os serviços de entrega. Um deles apenas se agigantou nesse cenário, a conhecidíssima marmita.
    Há algumas décadas, para se referir alguém muito pobre ou em decadência, se usava, como força de expressão e mesmo como fato prático, que o fulano estava tão ruim que “comia de marmita!” A origem etimológica da palavra marmita é do francês marmite, pequeno recipiente, uma panelinha com tampa, usada por soldados na primeira Guerra Mundial. 
    Justo na França tão famosa como a mais refinada culinária do planeta. Hoje a marmita é usada por todas as classes sociais sem que ninguém tenha vergonha de assumir que dela faz uso. E, retornando ao francês, o brasileiro até criou um silogismo, quando serve uma comida que sobrou, usa-se a gíria: “restôdontê”. 

Reminiscências em Preto e Branco (II)
    Por falar em palavra nessa pandemia, outra está sendo muito usada para também se referir a distância, tais como estudo, trabalho, trata-se de remoto. Porém, ela é muito usada sem que se perceba, talvez por ser uma palavra composta: controle remoto. No cotidiano dos aparelhos domésticos ela é muito usada. É, sem controle ninguém vive, remoto também.    

José Eugênio Maciel | [email protected]