É o pai
“Pai que aos olhos da criança é herói
Pai que aos olhos do jovem é vilão
Pai que aos olhos do adulto é um amigo
Pai que aos olhos do velho é saudade
Quando eu te via como herói
Não sabia quase nada da vida
Sentia-me SEGURO ao seu lado
Eu só queria ser seu filho
Quando eu te vi como vilão
Pensava que já sabia tudo sobre a vida
Não queria proteção
Eu só queria ser herói
Quando eu te vi como amigo
Pude me dar conta dos erros cometidos
Foi quando realmente te conheci
Que entendi o sentido da vida
Quando me dei conta de sua falta
A idade já havia me alcançado
Você já não era mais herói, nem vilão
Nem amigo e nem solidão
Você virou soma de tudo aquilo que foi
De tudo aquilo que eu pensei que fosse
A síntese da vida que hoje eu vivo
A minha definição da palavra PAI!”
Luís Alves
Quanto maior a saudade, maior a falta? Não.
Quanto maior a saudade, maior a presença, pai.
Imagino a prosa, banco das Praças S. José e Getúlio Vargas.
Ali eram nossos passeios, imenso espaço onde brincávamos.
No chafariz contemplo beleza das águas, árvores, Catedral.
Tem um pai que não vi, o que tocava violão, serenata.
O que andava de moto (o senhor pronunciava môto).
Rememoro sua mesa de trabalho, no seu escritório contábil.
Ela era repleta de papéis, pastas, livros em suas extremidades.
Continha recipientes cheio de canetas e lápis,
Uma outra menor onde ficava a máquina de datilografia.
O senhor datilografava sem olhar as letras e sem ver o papel.
O escritório era ao lado de casa, eu estava sempre por ali.
Curioso e estímulo seu, lia jornais que o senhor assinava:
Tribuna do Interior, Folha de Londrina, O Estado do Paraná. Adquiri tal hábito, nele a lembrança do senhor leitor.
A ligação íntima, afetiva se faz presente nestes jornais.
Como o senhor que tinha uma Coluna, Sinal Amarelo, eu hoje escrevo, há 33 anos nesta Tribuna.
E o meu querido irmão Egídio se aposentou como jornalista, redator-chefe da Folha de Londrina.
Quando chegava algum cliente, o senhor estimulava a falarmos “bom dia para ele”, eu, meus irmãos, feito gente grande.
Não me esqueço das pilhas de jornais, enormes e que o senhor nos deu – especialmente para mim, o Euro e o Enio, para vendermos, dinheiro foi para abrir uma caderneta de poupança.
Lembro do meu primeiro emprego, ainda menor de idade, tinha que ir com a mãe para o devido registro como professor na prefeitura.
Perguntei quais os documentos que eles iriam exigir.
Respondeu-me: “leve todos eles”!
“Documento nunca é demais, é ruim quando é de menos”.
Meu primeiro emprego e ainda estudante, me tornei professor.
É, seu Eloy Maciel, estás presente cotidianamente em mim.
Vida, marcante pelo seu legado de amor, educação.
Jornais, livros na estante e armário atrás daquela mesa…
Tomei gosto pela leitura, por ouvir rádio e por escrever.
Palavras que ilustravam o senhor e que agora elas todas fogem…
… a ponto de não saber escrever nada.
Resta levantarmos do banco, pai, voltarmos para a casa.
O que mais gostei a vida toda de dizer, pedir e agradecer, é:
A sua bênção, pai!
O ouvir, como agora o que vem do infinito azul do céu:
“Deus te abençoe, filho! ”
Fases de Fazer Frases
Pai é tudo quando nada o define.
Olhos, Vistos do Cotidiano
O sentido do meu pai está no sentido do filho meu.
Farpas e Ferpas
Ser pai é meramente biológico, tornar-se pai é sublime amor.
Reminiscências em Preto e Branco (I)
Lembranças não são trazidas pela vida, elas é que levam a vida.
Reminiscências em Preto e Branco (II)
Pai é vida toda, dele, do filho e quando eles vão para o infinito.
Reminiscências em Preto e Branco (III)
Pai é pai até quando para sempre o filho vai.
José Eugênio Maciel | [email protected]