Joel trigueiro

Se nada nos salvar da morte, pelo menos que o amor nos salve da vida.

Pablo Neruda

            Se for preciso separar o joio do trigo, o ditado não se aplica quando não existe o joio, do trigo bom chamado Joel. O Joel Albuquerque foi sempre trigueiro, no sentido de maduro, moreno, próprio desta terra que o recebe na eternidade. Joel Albuquerque se caracterizou vida toda como aquele ser humano de todos os campos, dos mourões com sagacidade e sentimentos estoicos que herdou dos saudosos pais desbravadores Francisco e Anita. Deles Joel assimilou a lição que jamais careceu ser cobrado, devoção por Campo Mourão.

            Trigueiro que espalhou a semente como pessoa querida e a querer o bem de todos os seus, familiares e amigos. A amizade com ele principiava no primeiro aceno, cumprimento, encontro, firmes os pés nesta terra vermelha que amorenava a cor da pele, do semblante. O abraço passaria a ser, como sempre, a fraternal convivência de um mourãoense digno de sê-lo, à altura dos Albuquerques.

            Cancioneiro das modas de viola, dos clássicos, da cantoria improvisada, o proseador da roda de causos. Envolvia-se nas boas iniciativas comunitárias, não carecia chamá-lo, pronto para fazer bem qualquer tarefa que a ele fosse confiada. Gestos grandiosos somados às ações cotidianas simples de camaradagem.

            A voz emudece. As cordas, teclados, baterias, todos os instrumentos musicais silenciam. A exceção é para executar a marcha fúnebre. Gestos expansivos, olhares telúricos, afeto, o homem pródigo em atenção, sempre na evocação ao bem querer deste lugar, leva com ele o que era peculiar e que o fazia notoriamente. Manancial repleto de exemplares do companheirismo vicinal.

Bem mais do que contabilizar um mourãoense a menos, é que ficamos e somos menos mourãoenses. Entretanto, recebemos o brilho legítimo do trigueiro. É agora saudade, Joel D’Aparecido Albuquerque, 17 de maio, 1938; 27 de junho, 2017.

Fases de Fazer Frases (I)

            Soa o som do sino. Sino que soa só. Só o som é do sino.

Fases de Fazer Frases (II)

            Despistar palavras é despi-las.  

Fases de Fazer Frases (III)

            Aonde a Íria iria eu não iria sem a Íria.

Olhos, Vistos do Cotidiano (I)

            Se era de fato por falta de placas, o departamento de trânsito da prefeitura de Campo Mourão iniciou a colocação delas para disciplinar caminhões pelas vias urbanas. A fiscalização anuncia que será para valer. Com as placas, que infrações e abuso sejam implacavelmente punidos.   

Olhos, Vistos do Cotidiano (II)

            Sem desejar me desfazer de nem uma delas, velhas, jovens ou novas, eu sabia: todas carentes de mais furos. Assim foi feito. Elas continuam inseparáveis de mim, uso todas conforme a ocasião. O que variou é que algumas foi preciso poucos furos e outras, mais. São as minhas sintas. Elas não deixam caírem minhas calças.  

Olhos, Vistos do Cotidiano (III)

            Não importa se é costume de pobre, o fato é que o Código de Defesa do Consumidor é pouquíssimo respeitado no aspecto da informação dos preços, que deveria constar, etiquetado. Não é mais uma informação, e sim indispensável, útil. Embora paciente, quase desisti de indagar o preço do produto na vitrine. Quando soube do preço, mais pobre me senti. Pobre e sem etiqueta, sem preço e apreço.  

Caixa Pós-tal

            Lindo texto professor! Realmente nós brasileiros temos orgulho desse “manezinho da ilha’”, escreveu a pedagoga Erenice Macedo, quanto à Coluna intitulada GUGA, (10 de junho). De Maringá, o estudante de Fisioterapia ressaltou o estilo da Coluna, observo os textos, existem os eruditos e os de conteúdo popular. São atraentes e compreensíveis, ressaltou Waldemar P. Silva.

Reminiscências em Preto e Branco

            O adágio pode ser andrajo por serem populares.