Mãe*
Um princípio, instinto maternal bem antes de se tornar mãe.
Uma origem, fecundidade a brotar no coração.
Uma fertilidade, germinar no ventre venturoso.
Uma concepção, amor.
Uma esperança, nascer.
Uma luz, vida.
Um gesto, carinho.
Uma canção, ninar.
Um sono, reparador após o filho dormir.
Um sentimento, doce amar.
Um olhar, enxergar além do horizonte.
Uma palavra, entusiasmo.
Uma lágrima, de tristeza ou alegria, sempre autêntica.
Um afago, conforto e proteção.
Um jeito de ser, braços e coração abertos.
Uma aflição, passageira agonia, substituída pela esperança.
Uma solidão, finita, sabe que o filho retorna.
Uma amizade, verdadeira e reparadora.
Uma devoção, nunca medindo esforços.
Um orgulho, a emoção como razão de ser.
Uma liberdade, não se pode nunca prendê-la, a não ser do filho que a liberta.
Uma sensibilidade, a de perceber tudo e a todos.
Uma satisfação, por pequena que pareça, a coloca em êxtase.
Um medo, o próprio, de não encontrar forças, embora saiba, a fé não a deixará sem energia.
Um perdão, todos os que sejam sinceros, decentes e justos.
Uma consciência, equilibrada e sábia.
Uma história, de incontáveis exemplos.
Uma crença, um mundo melhor.
Um sonho, não propriamente o seu, mas o que sonham os seus filhos.
Uma direção, sempre ao encontro deles.
Um obstáculo, todos hão de serem vencidos com altivez e tenacidade.
Um tempo, todos os instantes do criar e recriar a vida.
Um lugar, que nele exista espaço harmônico, a paz.
Um dia, qualquer clima, o que importa é viver, descobrindo-o num encontro consigo mesma.
Uma flor, todos os jardins.
Uma cor, o brilho de todas elas.
Um objeto, nada lhe pertence, pronto para ser dado a quem dele precisar.
Uma homenagem, todas, o sentido humano: verdadeiro, elevado, puro e imorredouro.
Uma condição: gerar vidas que nunca inteiramente dela se desprenderão.
Uma vida, a dos filhos que é a dela como se fosse una, unida na ternura eterna.
Um ser, não existe a melhor mãe do mundo: a mãe sempre é quem torna o mundo melhor.
Reminiscências em Preto e Branco
*Compartilho minha interrogação com o caro leitor, há mais duas décadas uma senhora, voz de idosa, doce, suave, humilde, me pedia, todos os anos, para republicar o texto de hoje,” por favor, publique novamente aquele texto…lindo, comovente…obrigado, meu filho”. Ela não mais ligou. O pedido dela permanece sendo atendido Hoje, Dia das Mães.
José Eugênio Maciel | [email protected]