O péssimo é exemplo

“É péssimo cozinheiro aquele que não pode lamber os próprios dedos”.
Willian Skakespeare

    “Sorria, você está sendo filmado”. Será que todos dão o sorriso, espontâneo, ou não? E se não sabia que estava sendo filmado e pego de surpresa, o comportamento na maioria das vezes se altera?
    Caso alguém tenha sido filmado sem saber e passado pelo susto, constrangimento, caberia ao indivíduo culpar a câmera? Ou responsabilizar quem teve a ideia de filmar tudo?
    O prefeito reeleito de São Paulo Bruno Covas (PSDB), sábado passado, foi ao Rio de Janeiro assistir no Maracanã a final da Libertadores, Palmeiras e Santos, 1X0 para o alviverde. 
    Bruno deu dois péssimos exemplos de uma vez só, o de se aglomerar e por realizar tratamento como paciente que tem câncer. Alegou que estava afastado do cargo e atendia o pedido do filho, também santista.
    O amparo legal, afastado do cargo, se circunscreve nos limites administrativos. Politicamente e sobretudo moral, Covas continua sendo o prefeito, devendo pautar por atitudes concernentes ao cargo que ocupa.
    Um dos proprietários da rede de restaurantes Ponto Chic (onde surgiu o famoso sanduiche Bauru), Rodrigo Alves, no final de semana resolveu abrir as portas, descumprindo o decreto imposto dentro das medidas contra a Covid. Foi a forma encontrada de protestar que encontrou o dono. E os 110 funcionários voltaram a trabalhar. Mesmo durante todo o fechamento, o Ponto Chic não demitiu nenhum funcionário. 
    Ainda segundo o Jornal Folha de São Paulo, sexta passada, Coluna de Elio Gaspari: “Quando vi o prefeito no jogo, isso me causou uma indignação tão grande e tão profunda que eu não tinha outra alternativa a não ser abrir. A gente sabe onde está o problema da pandemia. Sabemos que são os pancadões, são as festas, onde o estado não entra, não toma providências para resolver. Por que então fechar quem gera emprego?”, questiona. As lojas funcionaram das 19h30 às 22h de sábado e abriram novamente neste domingo, às 12h”.
    Embora seja compreensível o lado humano do cidadão Bruno Covas, de ter câncer e tendo que ponderar quanto tempo ele viverá caso não obtenha a cura, a figura pública é inerente ao cargo e pressupõe dar o exemplo.
    Outro que afronta e faz questão de chamar atenção é o presidente Jair Bolsonaro. Ele esteve na última quarta em Cascavel, o tempo todo sem máscara, mas que chega a ser menor do que o “E daí?” dito por ele ante as mortes devido ao vírus. 
    Mesmo as autoridades sejam péssimos exemplos, não justifica a população afrontar as regras, aumentando mais os casos e as mortes.    

Fases de Fazer Frases
    Quem muito se gaba, menos gabarito tem.

Fases de Fazer Frases
    De tudo um pouco.
    De pouco um tudo.
    Ordem de importância não é nada, é tudo. 

Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
    É inusitado o fato noticiado nesta Tribuna pelo jornalista Walter Pereira, a confissão da mulher pega em flagrante mantendo relação sexual com outro homem (na casa dele) quando chegou o marido dela: “O detalhe, é que a própria vítima relatou à PM que estava na casa de outro homem praticando ato sexual quando foi surpreendida pelo marido, que diante da situação passou a agredi-la com tapas no rosto e quebrou o celular dela”. 
    O caso ocorreu em Ubiratã. Nenhuma violência se justifica, salvo a de legítima defesa (e proporcional à agressão sofrida). O que deve ter doído mais no homem traído talvez seja a confissão dela (embora diante do flagrante ela não poderia negar o adultério). A notícia não faz menção ao homem que manteve, segundo a Polícia, relações com a mulher. É de se imaginar que ficaria estranho se ele fugisse, já que estava na casa dele. 

Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
    Mas não é apenas o coronel presidente que dá péssimos exemplos como presidente ante à pandemia, principalmente por não usar máscara, Bolsonaro dispõe de todos os recursos médico-hospitalares, caso seja infectado, o que não tem nem longe a maioria dos brasileiros. 
    Os jogadores de futebol nas partidas do campeonato brasileiro se abraçam, se esfregam durante o jogo. E antes ou depois, não recolocam as máscaras. Técnicos e auxiliares é comum neles a máscara não cobrir o nariz, boca. Casos de Covid se espraiam entre jogadores, equipe técnica etc.
    São também péssimos exemplos, sobretudo para crianças e adolescentes.            

Farpas e Ferpas
    Quem só fala da boca para fora não alcança todos os ouvidos.

Reminiscências em Preto e Branco
    Falar do tempo, quando não se tem tempo? 
    Nada adianta o tempo dizer, quando ele não é escutado. 
    O tempo segue e somos levados por ele; ou ficamos imobilizados a mercê.
    Tudo é tempo. Tudo é sem tempo (?).
    Tempo de compassos, trilhas de nossos passos que ele registra.
 

José Eugênio Maciel | [email protected]