O que mais precisa acontecer?
Ninguém escapará da atividade pela ação da fuga; e ninguém Logrará a perfeição por mera renúncia
Texto hindu
Era casada. Tinha três filhos. 50 anos. Morava em Campo Mourão. Ela morreu atropelada. O impacto sofrido, tão grande, o corpo foi arremessado para o acostamento. Às margens da rodovia BR 158, saída para Peabiru, noticiou esta Tribuna. Gravemente ferida. Não resistiu ao politraumatismo craniano. Atropelada dia 22 passado. Morta dia 30, na Santa Casa.
De propósito. O texto tem muitos pontos. Para que palavras não ganhem velocidade. Que a leitura não seja sem controle. Pontuação curta como lombadas a conter o andar (ler) bem devagar.
Quem a atropelou? Deixou o corpo dela estirado na rodovia? Matou? Ninguém sabe? Ninguém viu? O motorista que a atropelou: Fugiu! Nem olhou para trás? Ele estaria está com a consciência pesada? Ele não tem consciência alguma! Criminoso!
Neusa Fonseca está morta. Enterrada. Vive agora a figurar na estatística assombrosa do trânsito mourãoense. Viverá na saudade dos filhos e marido. A dor incessante. Lancinante. Dos familiares. Dos amigos. Por não conhecê-la, não faço ideia do seu rosto. A cor do cabelo. Dos olhos. Quem ela era. Quem ela é, da lembrança presente. Mas imagino o corpo dela quebrado. Machucado. Sangue a esvair. A dor profunda que sentiu. Teria gritado socorro? Ou exauriu-se. Até que o silêncio viesse a reinar dias depois. Definitivo. Inelutável. Inesquecível.
Se ela sobreviveria caso o motorista prestasse socorro, sobretudo iria minorar a dor. Encurtar a dor que sentiu. Deixada no asfalto, teve ele a dignidade perdida. Estiolada no acostamento. Bem longe dela ao empreender fuga, motorista é covarde. Criminoso!
O primeiro dia de setembro registra-se outra fuga, criminosa e covarde: Motorista de Eco Sport provoca acidente e foge sem prestar socorro, manchete do Tá Sabendo, conceituada página virtual de Campo Mourão. O carro avançou a preferencial, Capitão Índio Bandeira vindo da Rua Santos-Dumont e atingiu motociclista e passageiro, que tiveram ferimentos leves.
O próximo dia 25 é o Dia Nacional do Trânsito. Retrato típico do Brasil e ainda assim com as suas particularidades, Campo Mourão não tem o que comemorar, lamentavelmente, o mês passado foi o mais violento: 68 acidentes com vítimas. O maior número de ocorrências (28). Total de 71 pessoas feridas. Três morreram, sendo duas mulheres atropeladas.
Fases de Fazer Frases
A imaginação é livre, logo não se fala em soltá-la.
Olhos, Vistos do Cotidiano
Ainda sobre quem atropela e foge sem prestar socorro. Já teve quem alegou ter fugido para não ser linchado. Caso assim fosse o atropelador deveria imediatamente ir para a delegacia registrar boletim de ocorrência. E tem mais, poderia antes de tudo ligar para solicitar socorro médico à vítima abandonada. Mas não! Nos raros casos que o atropelador foi identificado ele estava na residência, quando é a partir daí que tenta pregar a mentira deslavada.
Reminiscências em Preto e Branco (I)
Roberto Estevam Galeano tinha 76 anos. Paraguaio de nascimento, pioneiro mourãoense, ele teve poucos vínculos empregatícios devido à confiança, zelo e dedicação marcantes como profissional e ser humano, bem justificam o longo tempo nas empresas. Destacam-se a Trombini Veículos e Auto Peças, máquinas e tratores e posteriormente administrador de fazendas, até se aposentar. Foi goleiro, jogava de óculos. De menino a minha lembrança afetuosa é a colaboração sempre generosa de rifas, livro ouro e outras promoções que eu ia vender para ele nos meus tempos de estudante. Apaixonado por Campo Mourão e torcedor dos mais aguerridos pelo Palmeiras, sempre mais, frisava. Após longa enfermidade, passou a ser saudade, desde o dia 21 de agosto.
Reminiscências em Preto e Branco (II)
O escrevinhador aqui não sabia que tinha, aliás, tenho. Já foi maior, ainda é grande. Só fiquei sabendo ao procurar outra palavra no dicionário e, como sempre dou vazão a minha curiosidade, até chegar à palavra que pretendo consultar, outras eu encontro e leio o significado.
Eu tenho um pandulho. Por ter desconhecido esta palavra, não irei supor que não existam leitores que a conheçam. Pandulho é barriga; pança. Arrisco-me a adivinhar, Pandulho teria relação com outra palavra, pando, que significa: cheio; inflado.
