Paulo Caruso, desenho vida toda

O herói do quadrinho brasileiro”

Laerte Coutinho – cartunista

Paulo José Hespanha Caruso nasceu, viveu e morreu em São Paulo, capital. Tinha 73 anos. Era de 1949, dezembro, dia seis. Rumou para o infinito no último dia quatro.

A notícia da morte do Paulo Caruso me deixou muito triste, porque suas caricaturas, charges, quadrinhos são carregados de humor e verdade”, declarou consternado o quadrinista Maurício de Souza.

Muitos passaram a gostar, ou a gostar mais, do trabalho feito por ele, ao vivo, no Programa Roda Viva, da TV Cultura, tipo de transmissão e conteúdos televisivos mais antigo no Brasil, iniciado em 29 de setembro de 1986.

Não existe como dissociar o Roda Viva do Paulo Caruso, ele também fez a estreia no programa, tendo trabalhado até que o câncer no fígado se tornasse agressivo e o levasse à morte.

A particularidade, notável ao que era ao mesmo tempo simples e complexo, domínios só para geniais, era o Paulo Caruso fazendo vários desenhos do entrevistado, contextualizando o que era perguntado e o que respondia aquele que sentava na cadeira ao centro do Roda Viva. O chargista caricaturava o entrevistado, variando apenas entre o desenho ou acrescido de frases.

A charge é híbrida, verbal ou não verbal, é o talento nato ou trabalhado, que exige sensibilidade social para expressar o que estiver de mais importante naquele momento acontecendo. Paulo Caruso trabalhou paralelamente em vários jornais e revistas importantes, sobretudo com a temática política, ele ilustrava a partir dos textos dos colunistas, ou seja, vinha ao encontro do que tinham escrito e então dava a marca da notícia ou da ideia principal do autor.

Formado em arquitetura e urbanismo, nunca exerceu a profissão e desde menino tinha um enorme prazer de rabiscar e desenhar com singularidade, mestria espetacular.

O cartunista inspirou, ensinou e cativou o seu enorme público por mais de meio século, trouxe brilho em todas as suas ilustrações, defensor e praticante da liberdade, não se curvou ao tempo sombrio do golpe militar de 1964, compunha em si ou em mescla, o humor corrosivo sem deixar de ser elegante, e também de uma alegria contagiante.

Os traços desaparecem, foram para um outro plano, enquanto que toda a arte do Paulo Caruso permanece, eterna, vibrante e viva.

Fases de Fazer Frases (I)

Nem tudo que alude ilude.

O mesmo que alusão à ilusão.

Fases de Fazer Frases (II)

Nem todo que usa taco é tacanho.

Olhos, Vistos do Cotidiano (I)

Tomou posse na Academia Brasileira de Letras – ABL, cadeira nº 13, no último dia três, o escritor, jornalista e biógrafo Ruy Castro. No discurso de posse, comparou a palavra como uma das maiores invenções e descobertas da humanidade, com a roda e o fogo. Iniciou a carreira como repórter em 1967, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha.

Tem uma coluna no Jornal Folha de São Paulo três vezes por semana. Como biógrafo esmerado e pesquisador, domina a escrita de maneira ímpar. Três livros dele estão entre os mais vendidos: A Estrela Solitária, sobre o jogador Garrincha; O Anjo Pornográfico, biografa sobre o dramaturgo Nélson Rodrigues e Chega de Saudade, história da Bossa Nova.

Conheci e passei a ler o cronista. Depois o primeiro livro que li foi O Amor de Mau Humor, coletânea de frases de celebridades sobre o tema. Depois os demais citados acima, excelente narrativa, conteúdo primoroso.

Ele assumiu a cadeira que pertencia a Sérgio Paulo Rouanet, que se tornou conhecido além dos meios acadêmicos, por ser autor da Lei batizada com o nome de dele, Lei Rouanet.

Olhos, Vistos do Cotidiano (II)

Dirigindo na Rua Ney Braga, sentido centro, rapidamente me alcançou uma ambulância com a sirene e o pisca-pisca ligados. Eu estava bem próximo do acesso à rua Meron Lapezak. Como o sinaleiro era de alerta, não tinha como adivinhar se ela viraria na Rua que tem na lateral do Supermercado Paraná, ou se ela seguiria na Ney Braga. Então eu entrei um pouco na Rua Lapezak, quando percebi que ela viraria, rapidamente e com segurança virei para novamente seguir pela Ney Braga.

Não é para só sabermos que veículos com sinais em alerta e sirene acionadas, mas sim darmos passagem, comportamento que não devemos realizar porque é lei, obrigação, e sim principalmente por solidariedade, colaboração.

Farpas e Ferpas

Quem carrega fardo alheio é por não ter o dele. Ou carrega a ambos.

Reminiscências em Preto e Branco

Caratinga, cidade mineira com mais de 92 mil habitantes, tem o privilégio de ter três ilustres famosos nascidos lá. Registro o fato por ser oportuno, ao comentar a posse do Ruy Castro na Academia Brasileira de Letras – ABL – em Olhos, Vistos do Cotidiano (I).

Os outros famosos de Caratinga são Ziraldo e Míriam Leitão. O cartunista Ziraldo tem uma praça que o homenageia através do personagem criado por ele, conhecido e amado pelas crianças, adultos também, O Menino Maluquinho. Ziraldo tem 90 anos. A Míriam Leitão, 69, é jornalista especializada em economia, comentarista da Rede Globo e assina uma coluna no Jornal O Globo.

José Eugênio Maciel | [email protected]