Quem vê cara…
“Todos os tipos de coisas neste mundo se comportam como espelho.”
Jacques Lacan
Apenas mera coincidência, mas capaz de levar ao pensamento, e pensar é refletir. Uma imagem de alguém, tipo retrato 3X4, diz o quê? O que a pessoa da imagem quer dizer? Ou dirá o que você quer que ela diga?
Para basicamente especificar a coincidência. Sobre as eleições – aliás, tão próximas cronologicamente, porém ainda distantes de muitos eleitores – fiz referências anteriores desta Coluna ao fato de ler atentamente cada propaganda dos candidatos deixada na caixa-postal de casa, assim como observar na televisão a cara de todos os candidatos.
E como há muitos anos e independentemente do Dia de Finados, quando estou no cemitério observo muitos retratos no jazigo, de pessoas conhecidas e de estranhos também. O que cada uma – se não todos – quis ou quer dizer?
Chamados de santinhos a família confeccionava a lembrança do finado, a foto dele, datas de nascimento, morte e geralmente uma mensagem bíblica. Tal santinho era entregue principalmente na missa de sétimo dia A sabedoria popular brasileira logo apelidou tal tipo de propaganda eleitoral, por lembrar e mesmo se assemelhar aos finados.
A coincidência de observar atentamente todos os retratos, todavia evidentemente por motivos opostos, quase que, em dados momentos, me confundi. Ou seja, a foto que via era do candidato mas me fazia crer ser de alguém que já morreu. O inverso também, imagens de mortos que representavam (ilusão) como se vivos estivessem, talvez porque ainda tenham algo a dizer aos vivos.
Sem confundir, mas fundir imagens dos santinhos dos mortos ou dos vivos, muitos morrerão assim que termine a contagem de todos os votos. E entre eles, ou a partir do eleitorado, saberão que estavam mortos há tempos.
Aparições, fantasmagóricas, lembranças, tudo depende do eleitor, até mesmo se ele próprio se deixa, ou não, se assustar nas eleições.
Fases de Fazer Frases (I)
Sempre temos alguma culpa. A inocência é uma.
Fases de Fazer Frases (II)
Jamais é pouca a luz na escuridão.
Fases de Fazer Frases (III)
Insinua.
Em si nua.
Se nua.
Em si no ar.
Emsinar
Ensina
A sina.
Assina
Assinala
Na sala.
Fases de Fazer Frases (IV)
Brasileiros, na maioria das vezes são os que não têm vez.
Olhos, Vistos do Cotidiano
Antes de entrar no Mercadão Municipal de Campo Mourão para comprar café moído na hora, um senhor me oferece a venda de passarinhos. Logo respondi, não. Ele insiste e comenta a vantagem de cantarem “só pra gente todos os dias”. Então expliquei, eles cantam muito lá em casa, e cantam melhor por estarem livres. Cantam a liberdade que vivem.
Caixa Pós Tal
Leitor assíduo e já tendo se manifestado a respeito do conteúdo desta Coluna, Gilberto Scipioni, engenheiro agrônomo, novamente participa e com palavras bem ditas para a reflexão: “Excelente artigo, como de costume, nossos ‘representantes’ são o mais puro reflexo de nossa sociedade, engana-se quem acha que não.” Ao agradecê-lo, respondo, Gilberto tem toda a razão.
Por falar no Gilberto e em coincidências, esta Coluna tem mais dois engenheiros agrônomos leitores habituais, que são também gaúchos, radicados há décadas no Paraná. E uma última coincidência, os três torcem para o mesmo time, o Grêmio.
O Gilberto Scipioni é de Sarandi; o Nery Thomé é de Caxias do Sul e o Neuri Dalmolin nasceu em Paim Filho. É uma honra tê-los como leitores e tamanha responsabilidade.
E nada atrapalha quanto ao fato de serem tricolores e eu do rival Internacional.
Farpas e Ferpas
Pior que a vergonha perdida é não desejar encontrá-la.
Reminiscências em Preto e Branco
Tão ruim quanto há muitos políticos eleitos que se esquecem das próprias promessas feitas ante à população, é também o eleitor que se esquece para quem votou e até repete o erro. Contudo, não se pode generalizar, não são todos esquecidos, políticos e eleitores.
José Eugênio Maciel | [email protected]