Rieke, a integridade como processo
“Feliz serás e sábio terás sido se a morte, quando vier, não te puder tirar senão a vida.”
Francisco Quevedo
Ele sempre foi integralmente a mesma pessoa em todos os papéis individuais e sociais que desempenhou. No conjunto da marcada personalidade de ricos atributos permeia em relevo a serenidade, espelhada no olhar humilde, a toda pessoa com a qual se relacionava. Em atenção a ela, com o devido respeito de um cavalheiro, e, correspondendo ao olhar, os gestos das mãos tinham harmonia com o tom da voz continuamente em equilíbrio com os demais modos de sentir, pensar e proferir, ao falar e escrever, palavras que bem mesclavam simplicidade e cultura dos modestos e dos sábios, reunidas nele como singularidade de um grande homem.
Há muitos anos, prestes a ingressar na sala de audiências no fórum de Campo Mourão, já na porta, ele observa o saudoso promotor e querido amigo (dele e meu) Rubens Luiz Sartori, a conversar com este escrevinhador, veio em nossa direção com o seguinte dizer inicial: Boa tarde, como vão? Tudo bem? Em seguida retomou o rumo da sala de audiência. E especificamente quanto a mim, perguntou sobre os meus pais, hoje de saudosa memória.
Antes de prosseguirmos a nossa conversa, Rubens Sartori diz, Maciel, este é um homem probo como magistrado, brilhante jurista, ético, o Edgard Rubens Rieke, veio até nós apenas para nos cumprimentar. É atencioso com todos, sempre!
Na qualidade de magistrado e sem descuidar do arcabouço jurídico inerente ao processo que tinha, Rieke observava todas as circunstâncias do autor e réu e as do ministério público, indo ao encontro do âmago das intenções e fatos de todas as partes, assim como das testemunhas, sempre idealizando e pondo a termo a justiça.
Na Fecilcam – Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão (Unespar), foi destacado professor, sobretudo a fazer raciocínios e conhecimentos jurídicos com peculiar didática, obtendo as mais evidentes atenções dos alunos. E com outra lição somada, ouvia a todos atentamente questionamentos apresentados, sempre com inominável consideração. Os colegas professores não se cansavam de reverenciá-lo, entre tantos depoimentos, o da Maria Dolores Barrionuevo Alves, professora Loli: “O doutor Edgard Rubens Rieke foi um homem maravilhoso em todos os sentidos, muito educado (…). Eu tive somente gratidão, sempre admiradora e fã. Era um homem sábio que nos ensinou muito.”.
Talhado para servir a causa pública e vocacionado para o bem coletivo, a aposentadoria não significou o fim de sua atuação, a não ser mesmo a de juiz. Foi assessor jurídico da prefeitura de Campo Mourão. Fez parte do Conselho de Segurança e também do Conselho Municipal do Idoso, pautando as suas atuações caracterizadas pela cidadania, o que sabia também promover e estimular no âmbito dos direitos e deveres.
As muitas lides profissionais e comunitárias não o impediram dos vínculos familiares. Com a querida esposa Maria Santini Rieke, eles alicerçaram o lar com amor, harmonia e acatamento mútuos. De tal união nasceram as filhas Rubia Maria Santini Rieke Andrade e Gleisi Maria Santini Rieke Nihei, conceituadas profissionais na área médica de Campo Mourão. Não são somente elas, esposa e filhas, netos, demais familiares que trazem consigo a profunda tristeza desde a derradeira despedida, mas que se somam aos sentimentos de orgulho dele, uma plêiade de incontáveis amigos.
Nascido em Wenceslau Braz, aportou em Campo Mourão em 1977, agora é saudade desde o último dia 14, aos 87 anos.
Fases de Fazer Frases
Sentimentos da vida, feitos de sedimentos.
Olhos, Vistos do Cotidiano
Sexta passada, na entrevista do delegado de Maringá, o painel continha um erro muito antigo. A palavra Polícia (Civil) estava sem acento no i. E aí, vira verbo, a Polícia, policia. Quem achar que acento não é importante, tire-o da palavra cágado.
Farpas e Ferpas
Vida por um fio é não saber bordá-la.
Reminiscências em Preto e Branco – Demétrio Paitach, senhor contador
Três enormes e fecundas tradições compuseram toda a trajetória de vida pessoal e profissional do Demétrio Paitach, a da família, dos amigos e a da profissão.
Deixou a viúva Leonilia Daciuk, uma legião de incontáveis amigos, e também deixa muitos colegas de profissão, sobretudo na figura de um dos mais tradicionais escritórios de contabilidade de toda a região, o Escritório Lux.
Era aposentado do antigo BANESTADO – Banco do Estado do Paraná, quando já se notabilizara pela correção e precisão do caráter. Pioneiro de Campo Mourão, era uma pessoa que inspirava muito o que fora de fato, a confiança que rapidamente se estabelecia nos primeiros contatos.
Despediu-se da vida no dia 16 passado, próximo de completar 80 anos (25). No plano celestial há de se encontrar com o sempre amado filho, tragicamente assassinado após sequestro, há 34 anos, Robson Daciuk Paitach à época com apenas 11 anos. O crime bárbaro teve repercussão nacional e que evidentemente chocou a família e nossa cidade, marcas que estão cristalinas na memória.
José Eugênio Maciel | [email protected]