Tem escola, mas falta escolaridade aos Mourãoenses

O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele.

Immanuel Kant   

 

            Hi, é impressão ou tá faltando estudo aí?… Escreveu o jornalista Sid Sauer, última sexta,  Sítio Boca Santa, ao noticiar o perfil do eleitorado mourãoense. O título sintetiza realidade sem dúvida ruim: Metade do eleitorado tem, no máximo, a 8ª série.

            O jornalista, imortal da Academia Mourãoense de Letras, expressa a um só tempo conclusão preliminar e indagação, se pode ser impressão, infelizmente também é, tá falando estudo aí (agora propositadamente sem a interrogação). Eis a transcrição da nota do Boca: Dos 66.788 eleitores de Campo Mourão, mais da metade tem, no máximo, o ensino fundamental.

            São 51,4% que não passaram da 8ª série. Segundo os dados do TSE, o número de eleitores analfabetos (4,7%) é praticamente o mesmo dos eleitores com curso superior (5,3%). Já 9,5% do eleitorado diz que apenas “lê e escreve”. Outros 6,8% têm o ensino fundamental completo e 30,4% o fundamental incompleto.

            Perfil do eleitorado

            Analfabetos: 3.197 (4,7%)
            Lê e escreve: 6.408 (9,5%)
            Fundamental incompleto: 20.328 (30,4%)
            Fundamental: 4.574 (6,8%)
            Médio incompleto: 15.286 (22,8%)
            Médio: 9.685 (14,5%)
            Superior incompleto: 3.388 (5.0%)
            Superior: 3.604 (5,3%).

            Levando em conta os dois extremos, o número de analfabetos eleitores (4,7%), com os que têm nível superior completo (5,3%), em números de eleitores estão bem próximo entre eles, são 3.197 e 3.604, respectivamente. Numa trajetória a partir de um dos extremos e antes de chegar ao outro lado (entre os iletrados e os com curso superior completo) está o maior contingente (30,4%) não concluiu o Ensino Fundamental, 20.328 eleitores. Eles estão no meio do caminho, não são analfabetos mas não possuem escolaridade razoável.  

            Nesse perfil atual do eleitorado a baixa escolarização implica menor (se não for total ou grandemente ausente) senso crítico para exercer plenamente a cidadania, no caso votar com conhecimento suficiente para realizar escolhas conscientes. Não se trata de raciocinar empírica e automaticamente, que seria: quem não sabe ler e escrever também não sabe votar. Mesmo sem generalizar, o que predomina é sim o número de pessoas que sequer tem interesse em saber, acompanhar e muito menos participar como cidadão, e, no caso das eleições, encaram o voto não como obrigação e e sim um direito inerente à democracia. 

            Por ser professor e dialogar com os demais profissionais do ensino, são muitas as reflexões que fazemos, os fatos (positivos ou negativos) que nos levam à realidade e que nos põem a pensar e propor ações voltadas para a educação, desde o acesso, estímulo e o sucesso de todos os estudantes. Tarefa árdua, e para alcançá-la eficazmente exige-se a responsabilização de todos, educadores, estudantes, família, comunidade escolar, a sociedade e o poder público.

            No cenário mourãoense a disparidade existe principalmente no período noturno, grandes espaços, como os dos Colégios Estadual, Marechal Rondon, Dom Bosco (para mencionar só alguns), estão com salas de aulas inteiramente vazias ou com pequeno número de estudantes, são notórias a evasão, a repetência, contrastando ante o número toral de eleitores, quase 67 mil.

            Ano de eleições, facilmente previsível é que todos os candidatos falarão e farão enfaticamente promessas favoráveis a educação, endereçadas logicamente para muitos eleitores sem empolgação, povo desacreditado em si mesmo ou vulnerável a demagógicas utopias. O ideal é ser cidadão participante da política, a assumir a responsabilidade de fazer escolhas. Viver em sociedade é indispensável agir politicamente, e não deixar que a vida pública fique a cargo apenas dos que ocupam cargos.               

Fases de Fazer Frases (I)

            Estar longe de tudo é ficar perto do nada?

Olhos, Vistos do cotidiano

            Os contrários ao voto do analfabeto devem primeiro ser contrários ao analfabetismo.      

Reminiscências em Preto e Branco

            Por vezes nem careço levar o passado, é ele a me guiar, dando-me a mão à reminiscência.