Um alento em meio à crise hídrica
Em tempos de estiagem e consequente crise hídrica, uma das principais alternativas é o uso de águas subterrâneas, por meio de poços artesianos. Além de abundante, a qualidade dessa água que vem de reservas como os aquíferos é muito superior à qualidade das águas superficiais, vindas dos rios e lagos.
O grande empecilho é o custo: a construção de um poço artesiano custa a partir de R$ 70 mil, podendo chegar a R$ 150 mil dependendo da profundidade e vazão.
Assim, para garantir o acesso a esse direito básico no Paraná, um programa tem se mostrado fundamental: o Água no Campo, realizado pelo Instituto Água e Terra/Sedest em parceria com as prefeituras municipais, que viabiliza a perfuração de poços profundos para abastecer áreas rurais e regiões mais isoladas e garante acesso à água de qualidade para pequenos produtores e comunidades carentes.
O resultado é uma melhora substancial e imediata nas condições de saúde e qualidade de vida da população – além dos efeitos econômicos, ao garantir a produção. Por isso, este é um dos programas que mais nos orgulham: presenciar a emoção no olhar de homens e mulheres que pela primeira vez viram jorrar água potável nas torneiras de suas cozinhas ou em seus chuveiros é algo extremamente gratificante e inesquecível.
Para se ter uma ideia, desde 2019, no governo Ratinho Junior, já perfuramos mais de 400 poços artesianos em todo o Paraná por meio de execução própria, beneficiando cerca de 5 mil famílias (em torno de 25 a 30 mil pessoas) por ano. Agora, em meio à persistente falta de chuvas, queremos intensificar ainda mais o trabalho com a contratação de empresas especializadas, por meio de licitações, e atender a um número ainda maior de paranaenses.
O programa prevê a perfuração, revestimento, filtro, pré-filtro, motobomba e vedação dos poços. O IAT disponibiliza o equipamento de perfuração e equipe técnica; já a prefeitura fica encarregada de definir o local da perfuração e o fornecimento dos tubos de revestimentos, combustível, areia, brita, cimento e custeio.
O Instituto Água e Terra conta atualmente com três máquinas para executar as perfurações. Duas delas perfuram até 300 metros de profundidade, enquanto a outra chega a 500 metros.
Quanto maior a profundidade, melhor é a qualidade da água. Por exemplo: poços simples de captação freática costumam ter até 20 metros, mas a água encontrada geralmente não é adequada para consumo humano. Os poços semi-artesianos, de 20 a 60 metros, também requerem filtros e tratamento antes do consumo.
Já os poços artesianos têm mais de 100 metros e captam água de fendas rochosas e aquíferos, normalmente com excelente qualidade e pronta para consumo humano.
É esta água, pura e limpa, que estamos levando aos paranaenses que mais precisam, alinhando o estado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
* Márcio Nunes é secretário do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo do Paraná.