Divergências visíveis

Fundado no estertor da ditadura, e em função de algumas de suas consequências que atingiram personalidades ligadas a extratos sociais calados pelo movimento de 1964, assim como a sindicatos classistas, o PT surgiu contestando tudo que significasse “poder”, mesmo que momentâneo. Começou a mudar quando chegou a ele. Ainda assim dividido em diversas facções, representativas de suas origens, unidas pelas circunstâncias comuns. Inclusive quando ao final dos mandatos conquistados por Lula na base da persistência, tiveram suas correntes dificuldade em se manterem unidas, para não perderem o poder arduamente conquistado. A bem da verdade, muitas alas “engoliram” a solução Dilma, imposta por Lula. Tanto que esboçaram substituir a atual presidente pelo tutor, na disputa de novo mandato. De concessões em concessões, inclusive as feitas a situações inaceitáveis no começo da atuação partidária, chegou onde está. O aparelhamento do Estado brasileiro, falou mais alto. Agora, conquistada a reeleição por métodos pouco ortodoxos, começam a se ampliar as divergências internas. Especialmente por parte de uma elite ideológica, envergonhada com os problemas criados por militantes, especialmente nas estatais. Até o mensalão, defenderam seus envolvidos, velhos companheiros corrompidos pelo poder. Agora, no episódio Petrobras, a impunidade soa inaceitável até por grandes figuras como o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot. A ponto de pedir ele, em pronunciamento no Dia de Combate à Corrupção, punição exemplar a todos os envolvidos, corruptos e corruptores, assim como afastamento de toda a diretoria da estatal, por incompetência ética. Sugestão não aceita por Dilma que, em surgindo algum nome dos atuais diretores envolvidos no escândalo, pode ver-se comprometida. Comprometimento do qual se safou como presidente do Conselho da Petrobras, ao tempo em que as malfeitorias ocorriam. Se levada às últimas consequências, como sugere Janot, é difícil prever o que pode acontecer. Tudo ou, nada como de costume!

Herança própria

Na base das divergências maiores entre petistas, as perspectivas nada otimistas anunciadas pela nova equipe econômica, responsabilizada pela necessidade de salvar a nau petista do naufrágio político, pela via econômica. Alguns dos pontos mais caros ao partido, como as benesses sociais oferecidas à parte mais frágil da população brasileira – Bolsa Família, Minha Casa – estão sob ameaça. São programas que salvaram a  reeleição de Dilma, cuja alteração é inaceitável aos mais pragmáticos. Lula recebeu de FHC uma herança econômica que anunciou “maldita” mas a seguiu  ao pé da letra, com alterações sociais. Dilma não tem a quem imputar “maldições”, a não ser à equipe que escolheu e a seu estilo autoritário.

Filosofando

Os mais críticos vêm na Dilma “durona”, o estilo que dominaria o país, caso revolucionários como ela que também foram às armas e não tiveram limites, tivessem derrotado a “revolução de 64” e dominado o país. Uma ditadura “maoista”, em que violências como as sofridas por eles, e que causaram emoção na Presidente ao receber o relatório da Comissão da Verdade, poderiam  ocorrer. O ser humano aparenta ser maldoso por índole. As limitações legais é que o fazem capaz de evitar o pior. Basta ver o “bullying” praticado por crianças.

Coincidências

Custou mas apareceu. Os que imaginavam que José Dirceu, cumprindo pena em casa por conta de sua suposta participação nos episódios do mensalão, ausente das lides petistas, receberam com surpresa uma situação por outros tidas como provável. Documentos apreendidos na empresa Camargo Corrêa  comprovam que, a JD,  empresa de consultoria do até então poderoso petista, já investigado pelo STF desde 2007, foi contratado por mais de R$ 80 mil mensais para “serviços de análise de aspectos sociológicos e político do Brasil”, entre maio de 2010 e fevereiro de 2011. Em 10 meses recebeu mais de R$ 800 mil. Em compensação a empreiteira fechou negócios com a Petrobras de mais de 4 bilhões.

Quem foi Rei…

Hoje, Jaime Lerner, autografa seu livro de crônicas, com fatos recolhidos ao longo de 50 anos de uma criativa carreira de arquiteto (mesclada com passagens pela política). O evento ocorrerá as 19 horas no Museu Oscar Niemeyer (MON), um dos vários marcos de Curitiba que ele concebeu e construiu em suas passagens pela administração pública.