Momento triste

Segunda cidade mais importante do Paraná, centro econômico de uma região que marcou o desenvolvimento deste estado à época áurea da cafeicultura a ponto de ser intitulada Capital do Café, Londrina vive hoje tempos tristes em sua história política. Talvez os seus últimos tempos de euforia tenham ficado nas eleições ocorridas antes e durante a revolução de 64. Nessa época, depois de ter sido administrada por um José Hosken de Novais, sinônimo de honorabilidade, Londrina, enfrentando o poder daquele movimento militar que no Paraná foi salvo por Emílio Gomes e Canet Jr., depois da triste passagem de Haroldo Leon Peres pelo poder estadual, teve em José Richa e Wilson Moreira, dois prefeitos de grande projeção. A ponto de o primeiro ter-se tornado governador, depois de senador. A situação política vivida hoje pela Capital do Norte que já viveu um movimento rebelde tentando emancipar a região,  transformando-a no Estado do Paranapanema, é de dar pena. Quem conhece sua história como o escritor Domingos Pelegrini, autor de uma biografia do espanhol Celso Garcia Cid, pioneiro do transporte coletivo interurbano na sua colonização, certamente teria hoje material para escrever um livro como a Vila dos Confins de Mário Palmério, tal a decadência política a que a fantástica cidade do norte paranaense experimenta. Tudo por conta de uma eleição em que o terceiro colocado no pleito, recebe da Justiça Eleitoral o direito de disputar um terceiro turno, pela cassação do vencedor do primeiro colocado;  quando o natural seria a diplomação do segundo. Até chegar agora à ascensão do vice, substituindo o  prefeito eleito, admitindo ter recebido  propina e continuando no cargo, Londrina espiou todos os pecados. Especialmente aqueles do tempo  em que, no auge do seu poderio econômico, a Real Aerovias inaugurou uma linha de finais de semana, trazendo mocinhas de São Paulo. Vôo que  o povo logo denominou de a gaiola das  putas.

Com tudo

As dificuldades vividas pela campanha oficial do atual prefeito curitibano que busca a reeleição, dão razão aos que entendem que Beto Richa nos próximos dias pedirá licença do mandato de governador, para dedicar-se inteiramente à campanha de Luciano Ducci. Nela o governo joga tudo, inclusive o próprio futuro político do governador.

Segundo turno

Essa certeza obedece a uma lógica:  do outro lado estão todos os que querem derrotá-lo. O PMDB que,  depois da derrota em 2010, foi chamado pelo governador a partilhar o poder estadual, para desencanto dos companheiros de primeira hora, não entregou o apoio prometido. Requião provou que ainda manda, ao impor a candidatura de Rafael Greca; na pior das hipóteses ajudará a levar a campanha a um imprevisível segundo turno.

Futuro em jogo

Em sua visão, traído pelos companheiros tucanos, Gustavo Fruet precisou de apoio do sempre criticado PT, para viabilizar sua candidatura. Se não for para o segundo turno, não restará a ele outra  alternativa que não o apoio a Ratinho Jr. ou Greca, seja quem for para a final. Por trás de sua candidatura está o sonho petista de ver Gleisi Hoffmann comandar o estado.

Fadiga de material

Ratinho Jr. por sua vez, ancorado na figura e poder de seu famoso pai (não obstante algum repúdio das classes mais abastadas a quem o pai no seu linguajar popularesco classifica de cuecas de seda – que também as há em sua campanha), e na sua imagem jovem a contrapor-se a uma possível fadiga do material dos que há muito comandam a cidade, é uma possibilidade no segundo turno. Levará se chegar lá,  a vantagem de ser seu partido da base de apoio de Dilma, e seu pai, amigo pessoal de Lula que entrará de cabeça na campanha.

Em choque

A tentativa da senadora Marta Suplicy (deveria ter assumido o seu real  sobrenome, depois daquele triste episódio em que o também senador do PT, seu ex-marido foi passado para trás), de mostrar que a sua indicação ao Ministério da Cultura nada tem a ver com o apoio tardio à candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, coloca um nariz vermelho em quem acredita nessa versão.