Comparsas de um ditador sanguinário

A Venezuela vive hoje um dos capítulos mais tristes de sua história. Mergulhada numa crise econômica sem precedentes, o país, alvo de abusos do regime bolivariano desde o primeiro governo do falecido Hugo Chávez, terá que conviver agora com os atos de uma Assembleia Constituinte eleita no cabresto para ampliar os poderes do presidente Nicolás Maduro e lhe dar mais poderes para recrudescer a ditadura instalada no país.

A situação é alarmante: Mais de 120 pessoas foram assassinadas nos últimos quatro meses durante protestos contra o governo, dezenas de líderes da oposição estão presos, a imprensa vive sob censura, o presidente Maduro faz de tudo para derrubar um parlamento de maioria oposicionista e a população convive com a falta de dinheiro, de comida, de atendimento médico, ao mesmo tempo em que é vítima de uma violência generalizada ao ponto de vigorar uma espécie de toque de recolher informal em várias regiões do país.

E como reage parte da esquerda brasileira que se diz defensora dos direitos humanos e da democracia? Aplaude.

É lamentável, porém explicável, a postura do PT, PCdoB, PDT e PSOL em apoiar o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro e as eleições forçadas que elegeram no último final de uma semana uma Assembleia Constituinte.

Trata-se da síndrome da esquerda juvenil, aquela velha esquerda do DNA autoritário e antidemocrático para a qual todos os meios para se manter no poder são justificáveis, mesmo que ultrapassagem de longe os mínimos requisitos democráticos e humanitários.

O PT e seus assemelhados envergonham o Brasil ao apoiar a ditadura sanguinária de Maduro.

Esse posicionamento não nos surpreende, mas é triste ver um partido político brasileiro, que governou nosso país durante 13 anos, apoiar uma ditadura, o sofrimento de um povo e a matança de manifestantes que clamam por uma Venezuela mais digna, democrática e justa.

A Assembleia Constituinte de Maduro nada mais é que uma transição para o endurecimento da ditadura na Venezuela. Calam a oposição, reprimem o povo, mentem e tentam reescrever a história à sua maneira.

Trata-se de uma lamentável união entre as demagogias do Brasil e da Venezuela em prol do que há de mais retrógrado no cenário político latino-americano.

Em nota após a eleição de membros para a constituinte, o PT manifestou apoio e solidariedade ao PSUV, seus aliados, e ao presidente Nicolás Maduro, frente à violenta ofensiva da direita pelo poder na Venezuela.

Uma violência contra os direitos humanos ocorrendo há anos na Venezuela e é isso que o PT tem a dizer?

Foi-se o tempo em que era possível reescrever a história ao seu bel prazer. Na verdade, com essa postura o partido assume de vez o papel de cúmplice de um ditador sanguinário. Lamentável.

As novas prisões de líderes oposicionistas venezuelanos só confirmam os alertas feitos por forças políticas comprometidas com a democracia de que o presidente Maduro tem a intenção de intensificar os mecanismos ditatoriais no país para se manter no poder.

A partir de agora resta aos partidos e países comprometidos com a democracia ampliarem os debates em organismos internacionais como o Parlasul, a OEA e a ONU para que se tomem medidas duras contra o governo de Maduro.

Vamos reforçar as denúncias de violação da democracia e dos direitos humanos. Não podemos abandonar o povo irmão da Venezuela.

 

Por Rubens Bueno, Deputado Federal pelo PPS do Paraná.