O colapso econômico

Seja qual for o tamanho do colapso do Sistema de Saúde, seja quantos forem os mortos pelo Coronavírus, uma coisa é certa: o próximo colapso é o econômico. 

Não há estrutura econômica no mundo que resista a uma situação destas. 

Talvez ainda seja muito cedo para conseguirmos ter uma dimensão do que serão os próximos anos em questões de desemprego, fechamento de empresas, fome, violência, e outros aspectos decorrentes do caos econômico. Mas o que é certo é que ele virá. 

A BBC publicou em março alguns dados que nos dão uma ideia do que está por vir, salientando principalmente a queda das Bolsas mundiais, que na última semana de fevereiro, no auge da crise na Europa, registraram o pior desempenho desde 2008. Com a preocupação dos investidores, são afetados investimentos em fundos de pensão e poupanças individuais. O Ibovespa fechou março acumulando queda de 29,90%, com saldo de 73.019 pontos. Foi a maior queda num só mês desde 1998. 

Outro aspecto é a queda na venda de produtos duráveis, como automóveis. Na China, nas duas primeiras semanas de fevereiro, as vendas de carros cairam 92%. Com a expectativa negativa e a indefinição do que pode acontecer em um futuro próximo, o consumidor vai segurar seu impulso de compras e adiar ao máximo a aquisição daquilo que não for essencial.

Por aqui, comércio fechado, empresas dando férias coletivas aos seus funcionários, quando não demitindo, profissionais liberais parados. 

Setores de alimentação fora do lar, eventos, comércio de shoppings, entre outros que dependem de certa aglomeração de pessoas serão os mais impactados. Foram os primeiros a fechar e serão os últimos a voltar à atividade. 

O próprio socorro público ao setor econômico não passará sem custo. Por um lado, a necessidade de aportes bilionários para ações sociais, recuperação de empresas, manutenção de empregos, entre outras medidas. Por outro lado, a queda na arrecadação causada pela baixa atividade econômica. 

Neste aspecto, o Brasil tende a ter mais dificuldades do que outros países. Primeiro, porque não tem gordura para queimar em termos de orçamento. A histórica baixa capacidade de investimento, e o déficit orçamentário constante não permite um socorro à economia sem um forte corte de orçamentos de outras secretarias. Infelizmente, como não fizemos a lição de casa em termos de reformas, agora resta esperar que pelo menos os gastos sejam bem feitos para não explodir ainda mais com o déficit por longos anos. 

Um segundo aspecto de dificuldades para o Brasil é a forma de condução da crise. Em um país minimamente organizado, uma situação desta gravidade deveria ser tratado de forma conjunta entre União, Estados e Municípios. O Governo Federal deveria chamar seus especialistas e, em conjunto com os Governadores, decidirem uma política nacional de combate ao Covid-19. Com as mesmas diretrizes sociais, econônicas e de saúde. Ressalvadas, claro, as características regionais. 

Mas, ao contrário, o que se passa é uma completa desarmonia entre os próprios mandatários dos poderes e dentro do próprio Governo, gerando instabilidade e insegurança, além de lentidão na tomada de decisão. 

Com isso, Prefeitos do país todo estão à frente de tomadas de decisão às quais não tem condições técnicas, econômicas, nem políticas de fazer. Assumindo riscos e decidindo o futuro de seus municípios no escuro e sozinhos, enquanto acompanhamos disputas político-ideológicas nos bastidores do poder federal. 

Á população, resta fazer sua parte, e rezar para que as decisões levem aos menores danos. Porque não há como evitá-los. 

Carlos Alberto Facco – Secretário de Desenvolvimento Econômico de Campo Mourão | [email protected]