O Uber, os patinetes e as cidades

O verdadeiro progresso é por a tecnologia ao alcance de todos Henry Ford

Nos últimos dias observamos polêmicas relacionadas à regulamentação do uso de patinetes em algumas grandes cidades do Brasil. Tempos atrás, a polêmica foi em relação ao Uber e outros aplicativos de mobilidade. E, seguramente, em breve surgirão outras relacionadas à novas tecnologias que impactam a vida das pessoas nas cidades.

Já comentei em artigos anteriores sobre a interferência do Governo na vida do cidadão, regulamentando (ao meu ver, exageradamente) os mais diversos aspectos da economia e da vida urbana no Brasil.

O fato é que as chamadas Urban Techs – empresas de tecnologia que buscam tornar as cidades melhores, estão cada vez mais presentes no cotidiano e as cidades precisam se atentar a isso.

Aliás, são muitas as empresas que levam o tech no nome hoje em dia, como as Health Techs (na área da saúde), Ed Techs (educação) Fin Techs (finanças), entre outras. Essas nomenclaturas são utilizadas para empresas focadas em tecnologia, inteligência artificial, big datas, etc). Mas voltemos às Urban Techs.

As Urban Techs são bem conhecidas, pois tratam-se de empresas como o Uber, Airbnb, Green, entre outras, que nasceram para tornar a vida nas cidades melhor, impactando a nossa forma de se locomover, morar, se hospedar e trabalhar.

E é justamente nas cidades que estão as maiores oportunidades para as startups, já que, segundo a ONU, 54% da população mundial vive em áreas urbanas atualmente, e até 2050, essa proporção deve chegar a 66%, atingindo um total de 6 bilhões de pessoas em 2045.

E é por conta desse potencial todo que as Urban Techs estão atraindo investimentos de proporções gigantescas mundo afora. Segundo um relatório da KPMG Pulse Of Fintech, a aplicação global em tecnologia financeira atingiu US$ 57,9 bilhões investidos somente no primeiro semestre de 2018.

Uma questão importante é quanto as Urban Techs vão impactar e remodelar as legislações municipais. Governos, principalmente os municipais, nem sempre enxergam isso, e daí surgem as tentativas de regulamentar uma tecnologia disruptiva com base em mentalidade analógica, de forma tardia e muitas vezes confusas. Novas empresas e tendências surgirão em breve, e se as cidades não evoluírem em suas legislações, o impacto positivo para a população poderá ficar reduzido, ou deixar que essas empresas se concentrem em grandes cidades, limitando o benefício que se propõem trazer a todos.

Porque é a partir das necessidades humanas é que surgem as ideias que melhoram nossa forma de lidar com transporte, coleta de lixo, moradia, segurança, enfim, as tecnologias que melhoram nossa qualidade de vida nas cidades.

E é aí que entra o papel dos governantes, que precisam não apenas pensar nas eleições, mas em deixar uma cidade melhor para as pessoas. Precisam se atualizar e abraçar movimentos de inovação como as Urban Techs, para que tenhamos cidades mais funcionais, seguras, e humanas.

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Carlos Alberto Facco – Secretário de Desenvolvimento Econômico de Campo Mourão | [email protected]