Projeto Trânsito Vivo – Mobilidade urbana ou humana?
A mobilidade urbana, presente em nosso cotidiano, é um tema cada vez mais discutido devido à sua importância para o desenvolvimento das cidades. Mas, afinal, o que a impulsiona? O Plano de Mobilidade Urbana, instituído pela Lei 12.587/2012, estabelece diretrizes para aprimorar e desenvolver as cidades, priorizando a integração entre os diferentes meios de transporte e aprimorando a acessibilidade e a mobilidade de pessoas e cargas.
Nesse contexto, a política de mobilidade urbana busca otimizar os meios de deslocamento. Afinal, para se locomover, uma pessoa precisa de um meio de transporte e de uma infraestrutura adequada para utilizá-lo. Essa infraestrutura deve ser projetada para receber qualquer modal de transporte, seja ele individual ou coletivo, motorizado ou não. A mobilidade urbana, portanto, atua como um agente que molda os meios de transporte e a infraestrutura, direcionando as escolhas de deslocamento.
Para a elaboração de um plano eficaz de mobilidade urbana, é crucial realizar uma análise abrangente das necessidades da população, considerando os hábitos, costumes e a cultura local, bem como identificar os principais desafios e problemas de mobilidade existentes na região. Somente assim, será possível traçar um diagnóstico preciso e completo, que servirá de base para a definição de estratégias e ações que promovam a melhoria e a evolução da cidade, garantindo um sistema de mobilidade urbana mais eficiente, sustentável e socialmente justo.
Mas e a mobilidade humana, onde ela se encaixa em tudo isso? A mobilidade humana é um conceito que vai além do simples deslocamento de um ponto a outro na cidade. Ela engloba a experiência de se mover no ambiente urbano, a forma como as pessoas interagem com o espaço público e a qualidade de vida que elas desfrutam ao se locomoverem.
Enquanto a mobilidade urbana se concentra nos sistemas de transporte e na infraestrutura, a mobilidade humana coloca o foco nas pessoas e em suas necessidades. Ela busca criar cidades mais caminháveis, cicláveis e acessíveis, onde os espaços públicos sejam convidativos e seguros para todos.
A relação entre mobilidade humana e urbana é intrínseca. Um plano de mobilidade urbana eficaz deve considerar a perspectiva da mobilidade humana, buscando soluções que atendam às necessidades de deslocamento da população, mas que também promovam a qualidade de vida, a inclusão social e a sustentabilidade ambiental.
Ao integrar a mobilidade humana no planejamento urbano, é possível criar cidades mais humanas, onde as pessoas se sintam confortáveis e seguras ao se deslocarem, onde os espaços públicos sejam utilizados e valorizados, e onde a mobilidade seja um fator de inclusão e bem-estar social.
Exemplos de como a mobilidade humana pode ser integrada ao planejamento urbano:
• Priorização de pedestres e ciclistas: criação de calçadas largas e seguras, ciclovias e áreas de pedestres, incentivando o uso de modos de transporte ativos e saudáveis.
• Melhoria do transporte público: investimento em sistemas de transporte público eficientes, acessíveis e confortáveis, que atendam às necessidades de diferentes grupos da população.
• Integração de diferentes modos de transporte: criação de conexões entre diferentes modos de transporte, como estações de ônibus integradas a ciclovias e áreas de estacionamento para bicicletas.
• Espaços públicos: revitalização ou criação de parques, praças e áreas de lazer que incentivem a interação social e a prática de atividades ao ar livre.
• Promoção da acessibilidade: garantia de que os espaços públicos e os sistemas de transporte sejam acessíveis para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.
Ao considerar a mobilidade humana no planejamento urbano, é possível criar cidades mais justas, inclusivas e sustentáveis, onde a mobilidade seja um direito de todos e um fator de qualidade de vida.
A forma como nos deslocamos tem um impacto significativo na nossa saúde e no meio ambiente. A promoção de modos de transporte ativos, como caminhar e andar de bicicleta, e a redução do uso de carros particulares contribuem para a melhoria da qualidade do ar, a redução da emissão de gases de efeito estufa e a promoção da saúde física e mental da população.
A mobilidade humana e urbana enfrenta desafios complexos, como o crescimento populacional, o aumento do número de carros nas ruas, a falta de investimento em transporte público e a necessidade de tornar as cidades mais sustentáveis e resilientes. No entanto, esses desafios também representam oportunidades para a inovação e a criação de soluções que melhorem a qualidade de vida nas cidades.
O tema da campanha Maio Amarelo de 2025, “Mobilidade Humana, Responsabilidade Humana”, estabelece uma conexão direta com a discussão sobre mobilidade urbana e humana.
A relação entre o tema da campanha e o conceito de “Mobilidade Humana” é evidente. A campanha nos lembra que a segurança viária é responsabilidade de todos e que nossas escolhas individuais podem ter um impacto significativo na segurança e no bem-estar coletivos. Ao promover a reflexão sobre a “Responsabilidade Humana” na mobilidade, o Maio Amarelo nos convida a construir cidades mais humanas, onde a segurança e o respeito no trânsito sejam prioridades.
Por Cristiane Ap. Homan Razzini, Engenheira de Tráfego ([email protected])