Empresas rompem com a agenda woke: um retorno à razão?
Nos últimos meses, grandes corporações como McDonald’s, Meta e Ford têm reavaliado suas políticas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), optando, em muitos casos, por um movimento de retorno à normalidade. Esse abandono da chamada agenda woke é mais do que uma simples mudança estratégica: é um sinal de que o mercado corporativo está despertando de um sono ideológico profundo, questionando os malefícios que essas políticas trouxeram às empresas e à sociedade. E, como todo despertar, este vem acompanhado de uma mistura de alívio e desconforto.
Por anos, a meritocracia foi vista como o coração pulsante do capitalismo. A ideia de que o esforço, a competência e o talento poderiam conduzir alguém ao topo não era apenas um ideal; era o motor que movia empresas e inspirava indivíduos. Mas eis que, na busca por um mundo mais “inclusivo”, trocou-se o currículo pela cartela de identidades: raça, gênero e orientação sexual passaram a valer mais do que habilidades e experiência.
O McDonald’s, por exemplo, estabeleceu metas para que 35% de seus líderes nos EUA fossem de grupos sub-representados. A Meta, por sua vez, exigia que recrutadores entrevistassem candidatos com base em critérios de diversidade, não competência. Aparentemente, as empresas descobriram que um motor não pode funcionar bem quando metade das peças são escolhidas pela cor ou pelo formato. Com o retorno à meritocracia, essas empresas parecem dizer: “Queremos o melhor. Não importa de onde venha.”
Enquanto os CEOs discursavam apaixonadamente sobre inclusão em fóruns globais, as operações das empresas sofriam com a proliferação de burocracias internas. Treinamentos obrigatórios de “sensibilidade cultural” que alienavam mais do que uniam, com termos como “privilégio” e “opressor” transformando ambientes de trabalho em campos minados emocionais.
Imagine a cena: um engenheiro brilhante, que deveria estar projetando a próxima inovação, perde horas discutindo como “microagressões” são responsáveis pelo aquecimento global. É claro que a produtividade despenca. Ao abandonar esses excessos, empresas estão redescobrindo que foco em resultados é mais eficiente do que o virtuosismo performático.
Em um mundo onde consumidores são bombardeados com campanhas publicitárias ideologicamente carregadas, a paciência está se esgotando. A ideia de que uma marca de refrigerantes ou uma rede de fast food tem a obrigação moral de reeducar o público é, no mínimo, cômica. Mas foi exatamente isso que muitas empresas tentaram fazer.
Os resultados? Boicotes, memes nas redes sociais e uma queda no valor de mercado. Consumidores, ao que parece, não querem sermões; querem bons produtos e serviços. Ao abandonar a agenda woke, essas empresas estão finalmente ouvindo o que o mercado vem dizendo há anos: “Deixem a política para os políticos.”
Implementar departamentos inteiros dedicados à diversidade, enviar executivos para seminários caríssimos sobre equidade, criar campanhas de marketing que alienam metade do público: tudo isso custa caro. E, surpresa, o retorno financeiro não apareceu. A Boeing, ao desmantelar seu departamento global de DEI, parece ter percebido que cada dólar gasto em ideologia era um dólar não investido em inovação. Esse retorno à racionalidade econômica é, em essência, um lembrete de que empresas existem para gerar valor — não para se tornarem templos de doutrinação ideológica.
É quase poético que a agenda woke, que prometia “empoderar” empresas e indivíduos, tenha se tornado um dos maiores fardos corporativos dos últimos tempos. Ao reverter suas políticas, empresas como McDonald’s e Meta não estão apenas corrigindo erros; estão admitindo que a busca por aplausos de uma minoria vocal foi uma distração perigosa.
Em vez de slogans vazios e virtuosismo de fachada, o mercado parece estar finalmente voltando ao que realmente importa: eficiência, meritocracia e resultados. Quem diria que, no fim das contas, o bom e velho capitalismo teria a última palavra?
Lucas Santos é cientista político e presidente NOVO Paraná.