Opinião: Argentina perde na estreia e complica o sonho de Messi em igualar Vampeta

E temos a primeira grande surpresa da Copa do Mundo! E é uma das grandes surpresas de todas as Copas. A Arábia Saudita foi superior e, depois de levar um gol de pênalti de Messi, virou o jogo contra a Argentina para realizar o grande feito futebolístico de sua história. Se antes o maior momento da Arábia Saudita em Copas do Mundo havia sido o gol de Al-Owairan em 1994, uma arrancada do meio de campo e finalização impecável contra o lendário goleiro belga Prou d’Home, hoje não foi só um lance que escreveu o seu novo e mais grandioso capítulo. Argentina teve dificuldades durante toda a partida. Não é o fim do mundo para os Hermanos. Em 1990 perderam a estreia para Camarões, mas chegaram à final. E agora perderam o direito de errar.

Ontem, no primeiro jogo do dia, já ficou claro que a FIFA atuará de todas as formas possíveis para evitar constrangimentos para o Governo do Catar. A entidade máxima do futebol informou que o capitão que usar braçadeira com as cores arco-íris, em favor da comunidade LGBTQI+, tomaria cartão amarelo, o que obrigou Harry Kane, capitão da Inglaterra, a recuar de seu protesto. Outras sete seleções também informaram que não mais usarão essa braçadeira.

Manifestação política só dos jogadores do Irã, que ficaram em silêncio durante a execução do hino nacional em protesto pelos direitos das mulheres. E sobre hinos, por conta da morte da Rainha Elizabeth II, pela primeira vez desde a Copa de 1950, foi cantado God Save the King ao invés de God Save the Queen.

Em campo o English Team não tomou conhecimento do Irã: inapeláveis 6 a 2. O Irã que só tinha tomado 2 gols na última Copa do Mundo não mostrou nenhum tipo de resistência.

Na sequência do dia, um bom jogo entre Holanda e Senegal. Os senegaleses até foram superiores, mas sentiram a falta de Sadio Mané no ataque. A Holanda acabou sendo mais efetiva e, contando com erros do goleiro Mendy, fez 2 a 0, Gakpo e Klassen.

Encerrando a rodada, Timothy Weah, filho de George Weah, o atual Presidente da Libéria e eleito melhor jogador do mundo pela FIFA em 1995, finalmente colocou o nome da família na história das Copas com o gol que abriu o placar contra o País de Gales. No segundo tempo, Gareth Bale, de pênalti, empatou o jogo para festa da vibrante torcida galesa presente no estádio. O 1 a 1 deixa tudo aberto no Grupo B.

Nessa terça-feira ainda tem a França, de Mbappe em campo. Quem estreia também é a Renata Silveira, no jogo Dinamarca e Tunísia, a primeira mulher a narrar um jogo de Copa do Mundo em TV aberta.


Continuando com os guias, hoje os Grupos C e D.

Grupo C
Argentina
Arábia Saudita
México
Polônia

Em sua quinta e última Copa do Mundo, mesmo tendo sido vice em 2014, Messi finalmente parece ter uma seleção a sua altura para auxiliá-lo na busca da Copa do Mundo, o que igualaria o feito de Vampeta e silenciaria a torcida brasileira que sempre provoca os argentinos com a música exaltando o craque do Brasil. Será? A derrota para a Arábia Saudita acendeu um alerta na Argentina e a leveza que o time trazia desde o título da Copa América em 2021, encerrando o jejum de 28 anos sem títulos, pode ter acabado. Ainda é uma das grandes favoritas no Catar. O grupo que parecia fácil, agora já não permite mais erros. Além disso, nas oitavas provavelmente enfrentarão a perigosa seleção da Dinamarca ou, com menos sorte, a França.

A Arábia Saudita joga a Copa do Mundo do lado de casa e, com as recentes relações com o Catar amenizadas, deve contar com uma invasão de sua torcida em Doha. A seleção que chegava em bom momento e sonhava em conseguir ao menos uma vitória na fase de grupos acabou de chocar o mundo com o triunfo sobre a Argentina. Uma classificação para a próxima fase passa ser possível.

O México sonha com “la quinta”, o que significa que o time finalmente conseguiria chegar as quartas-de-final depois de sete eliminações seguidas nas oitavas, algumas de forma dramática. A verdade, no entanto, é que se o time de Tata Martino passar da primeira fase já será uma boa campanha. O goleiro Ochoa, 37 anos, continua sendo um dos destaques do time e sempre costuma brilhar em Copas do Mundo.

Fechando o grupo, a Polônia chega como a segunda força. Depois de decepcionar na Copa de 2018, Lewandowski, duas vezes Bola de Ouro, faz provavelmente a sua última dança em mundiais, ainda em busca de seu primeiro gol. O centroavante das águias brancas conta com a ajuda de Krychowiak, mas uma dupla ainda muito distante do que um dia foi Lato e Boniek, semifinalistas em 1974 e 1982.

Grupo D
França
Austrália
Dinamarca
Tunísia

A atual campeã França chega repleta de desfalques importantes: Pogba, Kante, Nkunku, Kimpembe e, em cima da hora, o Bola de Ouro de 2022, Karim Benzema. Mas, incrivelmente, o time ainda segue muito forte e um dos favoritos ao título. Mbappe, que até já fez gol em final de Copa do Mundo, chega como o jogador mais bem pago do futebol mundial e querendo justificar porque ganha 116,56 euros por minuto no PSG. Apesar disso, o técnico Didier Deschamps vem sendo bastante questionado por causa de resultados ruins após 2018. Na primeira fase, a França pega a Dinamarca, que costuma complicar os Les Blues.

Com muito sofrimento nas eliminatórias asiáticas (sim, apesar de ficar na Oceania joga as eliminatórias da Ásia), a Austrália chega para mais uma Copa do Mundo, a quinta seguida, sem qualquer tipo de expectativas. A geração de Cahil e Viduka encerrou um ciclo de algum talento e os socceroos sairão satisfeitos do Catar se ganharem uma partida e não derem fiasco nas outras.

Uma das grandes histórias é o retorno de Eriksen ao time depois de, de fato, ser ressuscitado em campo durante a Eurocopa de 2020. O meia teve que sair do futebol italiano – que não aceita atletas com um desfibrilador implantável no coração, o caso de Eriksen – e recomeçar sua carreira do Brentford da Inglaterra. Uma boa temporada o levou para o Manchester United e agora de volta à seleção. Ao seu lado, ainda conta com Kasper Schmeichel, Delaney, Hojbjerg e Dolberg, o que faz com a eterna “Dinamáquina” seja considerada a melhor força média da Europa e com chances de ir longe nesse mundial.

Por fim, completando o grupo a Tunísia sabe que seu grande feito foi ter chegado a Copa do Mundo. O melhor do time talvez seja o seu apelido: as águias do Cartago.

Lucas Fernando é de Ariquemes/RO. Como é santista, até os 17 anos os únicos títulos que tinha comemorado foram os da Seleção Brasileira de Futebol em 94 e 2002. Talvez isso justifique sua paixão por Copas do Mundo. A cada 4 anos para quase tudo para acompanhar os jogos, inclusive aquele Tunísia e Panamá pela última rodada do Grupo do G da Copa de 2018