68,4% dos empresários paranaenses acredita na retomada da economia em 2021

Pesquisa de sondagem realizada pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), indica que 68,4% dos empresários ouvidos acredita num 2021 promissor. A mostragem reuniu 50 mil indústrias, de 37 segmentos do estado. Mesmo diante de uma pandemia, a confiança é quase a mesma da média dos últimos dez anos, quando 69% era otimista em anos melhores.  

Para o presidente da Fiep, Carlos Valter Martins Pedro, apesar do cenário atípico e das incertezas com relação à pandemia, empresários encaram o próximo ano com bastante otimismo. “O empresariado paranaense mostrou uma capacidade de recuperação. Nestes três últimos meses, as indústrias estão tomadas”, revelou. Para ele, a pesquisa também indica uma temática necessária à indústria: as reformas governamentais. “É injusto com a população o tamanho da carga tributária do país”, disse.  

Esta foi a 25ª Sondagem Industrial realizada pela Fiep. Aconteceu entre 15 de outubro e 26 de novembro. Foram abrangidas empresas de diferentes portes em todas as regiões do estado. Juntas, representam 792 mil empregos no estado. Além de 68,4% otimista, outros 4,5% se mostraram pessimistas. Ao mesmo tempo em que diversas empresas conseguiram investir em 2020, cerca de 40%, nada fizeram. 

Os empresários justificam o otimismo com uma expectativa de aumento das vendas de seus produtos, sinalizado por 71% deles. Já 40% apostam em abertura de novos mercados, 34% devem fazer novos investimentos, 33% devem incorporar novos modelos de negócios e 31% acreditam num controle da pandemia do coronavírus no país. 

”O dado sinaliza uma preocupação, mas também que o empresário acredita que a economia e, principalmente sua atividade, estão em uma trajetória de recuperação”, destaca, Carlos Valter. Reflexo do otimismo e um dos pontos fundamentais da pesquisa é a intenção de investimentos do setor. 

Quando questionados diretamente sobre essa intenção, 69% dos gestores confirmaram a disposição de investir em inovação e melhoria de processos, produtos ou serviços, ampliação de capacidade produtiva, redução de custos e melhoria da qualidade. Já para Evânio Felippe, economista que também participou do estudo, é importante analisar a origem dos investimentos. Cerca de 60% das empresas que investirão em suas atividades produtivas informaram que vão lançar mão de recursos próprios para financiar suas iniciativas. “A série histórica da Sondagem Industrial mostra que esse comportamento vem se mantendo ano após ano. Isso se explica, em linhas gerais, pela dificuldade de acesso, a burocracia e o alto custo do crédito no Brasil, além dos riscos de endividamento”, analisa. 

Comércio exterior

Na visão da maioria dos industriais o momento não é propício para investir no mercado externo. Entre os respondentes, apenas 32% afirmaram ter a intenção de exportar em 2021. A principal razão seria um posicionamento com foco no mercado interno. Para os que estão de olho nas oportunidades fora do Brasil, a cotação favorável do dólar e a possibilidade de ampliação de mercado são bons motivadores. “A atividade de comércio exterior é uma boa oportunidade e deve sempre estar no radar dos empreendedores. Mas ela demanda competitividade, conhecimento do mercado-alvo e estratégia clara por parte das empresas”, recomenda Felippe.

Uma preocupação aparente na pesquisa refere-se às importações. Quase 60% dos entrevistados não têm intenção de fazer compras no exterior principalmente em função do câmbio desfavorável. A alternativa é investir em fornecedores nacionais. Entre os que pretendem comprar fora, a intenção é adquirir insumos e matérias-primas, máquinas e equipamentos e serviços de tecnologia. 

Ambiente de negócios

Os empresários também sinalizaram quais serão as prioridades de gestão em 2021. Mais de 40% pretendem desenvolver novos negócios e incorporar produtos ao portfólio. Em segundo lugar, variando entre 27% e 31%, estão estratégias de reposicionamento no mercado, valorização da marca, satisfação do cliente, PD&I e incorporação de novos canais de comercialização. “Este pode ser um reflexo dos desafios e oportunidades geradas pela pandemia. Também podem sinalizar a intenção dos executivos de uma preparação para se manterem fortes ou até explorarem novos mercados”, comenta Alves.

Para os empresários, as reformas tributária, fiscal e administrativa, desburocratização, combate à corrupção, acesso ao crédito e uma política governamental eficiente para enfrentamento da crise causada pela pandemia da Covid-19 no Brasil são os sete temas de maior relevância a serem tratados em 2021. “Os cinco primeiros fazem parte da agenda de itens fundamentais para o aumento da competitividade e melhoria do ambiente de negócios. Os demais são cruciais para a manutenção e desenvolvimento do setor produtivo”, acredita Felippe.

Retrospecto de 2020

Para 59% dos industriais, as empresas tiveram um desempenho bom ou muito bom em 2020. O crescimento das vendas e a abertura de novos mercados foi a justificativa. Apenas 15% dos participantes assinalaram que o ano foi ruim ou muito ruim. O que mais impactou nesse resultado foi a redução das vendas decorrente da crise econômica gerada pela pandemia, o aumento dos custos e a escassez de matéria prima.

A pesquisa também mostrou quais foram as principais medidas que as indústrias paranaenses adotaram para enfrentar a crise. Suspensões de viagens e de reuniões profissionais, dilação de pagamentos (de impostos, fornecedores e salários, entre outras obrigações) e adiamento de investimentos foram as principais ações apontadas. Nesse último item, 35,6% das empresas afirmaram ter realizado 0% do investimento previsto para o ano, enquanto 27,9% realizaram apenas de 1% a 25% do investimento planejado.