Contando histórias, professora curitibana conquista uma escola inteira

A biblioteca da Escola Municipal Dom Manuel da Silveira D’Elboux, no bairro Hugo Lange, em Curitiba, tem sido espaço de muitas transformações. Desde 2019, a sala é palco de dezenas de personagens, aventuras, surpresas, segredos escondidos, alegria e medo, por trás de inúmeras histórias para crianças pequenas e grandes que frequentam a unidade.

O encantamento começa na porta, com mensagens que instigam jovens leitores ávidos por uma boa história. As crianças querem saber: que história será contada hoje? Caracterizada com adereços simples ou nenhum, sempre imbuída do espírito que cada personagem requer, a experiente professora Selma Rosana Buzeti, 53 anos, fisga as crianças com seu olhar e sua voz. Juntos, professora e estudantes mergulham num mundo de onde ninguém quer sair.

Servidora da Prefeitura de Curitiba desde 2009, ela deixou 25 anos de sala de aula para ser agente de leitura na biblioteca da escola em 2019, por razões de saúde. “Nessa transição, meu maior medo era perder o contato com as crianças. Eu preciso estar com crianças. Eu amo minha profissão e tenho orgulho de ser professora”, afirma Selma.

Leitora de carteirinha, Selma recebeu do pai a inspiração que faltava. “Se você ama ser professora, seja uma professora de biblioteca”, disse o pai num dos momentos difíceis para a servidora. “Ele me fez parar para pensar nisso e acabei descobrindo que havia um encanto guardado”, revela.

O resultado é que as crianças ingressam na biblioteca já curiosas para saber o que vai acontecer. “Eles gostam de vir aqui e embarcam comigo”, afirma Selma, que se diz tímida. Antes dos encontros, Selma identifica a história, prepara o que for necessário e memoriza o texto, ou grande parte dele (se for uma história mais longa).

“Contar histórias tem me ajudado muito. E sei que tem sido importante para eles também. Ouço relatos dos pais”, comenta. Selma diz ainda que, volta e meia, recebe ligações de alunos que passam no vestibular e agradecem a influência. “Quem sabe um dia eu vá escrever a minha própria história, contando minha trajetória no magistério”, concluiu Selma Buzeti.