Morre aos 83 anos Herbert Bartz, um dos pioneiros do plantio direto no Paraná

Morreu na madrugada desta sexta-feira (29), aos 83 anos de idade, Herbert Bartz, um dos principais responsáveis pela disseminação do plantio direto no Paraná e no país. Ele estava internado na Santa Casa de Arapongas, onde tratava de uma pneumonia. O governador do Paraná, Ratinho Junior, divulgou uma nota de pesar pela perda. O produtor deixa a esposa Luíza, a filha Marie e o filho Johann Bartz.

Bartz chegou ao Paraná nos anos 1960, junto com a família. Na época, durante uma chuva torrencial, foi à lavoura de guarda-chuva e lanterna na mão e viu a terra arada indo embora para o rio com a força da erosão. Desse episódio, surgiu a sede pela busca do conhecimento para superar aquele percalço, que levou Bartz aos Estados Unidos, onde descobriu a técnica de plantar diretamente na palha, sem revolver o solo, como era de praxe na época no Brasil.

O produtor começou a fazer estudos em sua propriedade e os resultados começaram a aparecer. Bartz fez questão de compartilhar. Ao longo da vida, foram inúmeras as contribuições para consolidar a prática que se tornou difundida não apenas em território brasileiro como em outros países.

Bartz nasceu em Rio do Sul (SC), em 14 de fevereiro de 1937, mas logo em seguida a família se mudou para a Alemanha e ele viveu em meio à fome, frio e solidão da Segunda Guerra Mundial. Voltou ao Brasil em 1960 e a família se fixou na Fazenda Rhenânia, em Rolândia, trabalhando com plantio de milho e arroz.

Logo ele percebeu que, no sistema convencional de produção, não sobrariam muitos recursos para o sustento familiar. Os problemas das chuvas tropicais irregulares, que vinham em excesso, após longo período de estiagem, lavavam as lavouras, carregavam as sementes e provocavam a erosão.

Em 1972, após importar uma máquina semeadora não agressiva, ele adotou o método que, no Brasil, passou a ser chamado de Plantio Direto. Consiste no mínimo ou na ausência de revolvimento do solo, manutenção dos restos culturais da safra anterior e em rotação de culturas. Com isso, conseguiu resultados positivos na produtividade da soja, na conservação do solo e na economia com menos uso de maquinários.

A desconfiança inicial, que levou Bartz a ser chamado de “alemão louco” e a produção ser apreendida pela Polícia Federal, logo foi substituída pela certeza de que a adoção da técnica garantia maior produtividade. A fama se espalhou, a propriedade ganhou visibilidade, outros produtores passaram a visitar e perceber que o solo estava mais vivo.

O presidente da Federação da Agricultura do Paraná (FAEP), Ágide Meneguette, lamentou a morte. “Herbert foi um dos agricultores mais importantes para o desenvolvimento do nosso Estado. Sua atitude de tomar a iniciativa para resolver os problemas de erosão e sua generosidade em compartilhar o conhecimento estarão sempre na história”, falou.

Com informações da Agência Estadual de Notícias