Quem vai parar os assaltos às empresas de ônibus?

Vítima da ação de assaltantes em estradas, pela terceira vez em 30 dias, uma empresa de ônibus está clamando por ajuda às autoridades. Não bastasse o risco à vida, a companhia vem colecionando transtornos, prejuízos e, para piorar, pânico em meio aos seus profissionais, os motoristas. Muitos deles já pedem para não serem escalados em trechos cuja incidência de assaltos seja elevada.

A última abordagem a um coletivo da empresa aconteceu na madrugada da última quinta-feira (2 de dezembro), na região de Arapongas. O ônibus saiu de Foz do Iguaçu rumo a São Paulo, com 48 passageiros. Mas entre os municípios de Sabaudia e Arapongas, foi interceptado por um Fiat Toro, branco. Com armas em punho, os assaltantes obrigaram o motorista a parar.

Rendido, o profissional teve que abrir as portas. Um dos criminosos permaneceu na cabine, enquanto outro, adentrou à parte dos passageiros. Em seguida, seguiram até uma estrada vicinal, onde ficaram por quase uma hora. Lá, sob a mira de pistolas, 48 pessoas foram obrigadas a entregarem jóias, celulares e outros pertences. Tudo foi roubado. E, mesmo não havendo violência física, testemunhas informaram que ficaram as humilhações. Ou seja, violência moral e psicológica.

“Sofremos vários prejuízos com uma ação como essa. Os coletivos não estão preparados para uma estrada vicinal. Então, tem que passar por uma grande revisão. Fora isso, estamos perdendo passageiros. Sem contar com motoristas, que não querem mais fazer a linha Foz do Iguaçu”, explicou Cesar Amorim, gerente operacional da empresa assaltada.

Os conhecidos “Piratas do Asfalto”, vem agindo com regularidade, principalmente, na rodovia BR 369, no município de Mamborê – 32 Km de Campo Mourão. Lá, somente nos últimos três meses, foram três ações. A última delas aconteceu há uma semana.

Vindo de Foz do Iguaçu, o coletivo foi obrigado a parar após uma quadrilha fazer disparos com o carro ainda em movimento. Utilizando um veículo, o bando o emparelhou ao coletivo e, fazendo uso de disparos de pistola, fez com que o motorista parasse no acostamento. Mas a ação não se completou. E, ao invés de levarem dinheiro e outros pertences, deixaram o próprio rosto. Agora, nas câmeras internas do coletivo.

Uma vez parado, o motorista foi obrigado a abrir a porta do ônibus. Mas ao adentrarem, pelo menos três bandidos decidiram não executar o plano. É que, segundo testemunhas, eles ficaram receosos com alguns veículos ali passarem em baixa velocidade. “Eles acharam que era a polícia. Então deixaram o ônibus e, na pressa em sair, acabaram batendo a traseira do próprio carro no coletivo”, informou o motorista.

Casos

5 de setembro de 2022, 23h30. Também na mesma rodovia, no mesmo trecho, um ônibus com destino a Curitiba foi obrigado a parar. Sob disparos de arma de fogo, o veículo teve um dos pneus furado. Parado, recebeu a “visita” indesejável de três assaltantes. Utilizando coletes balísticos e, fortemente armados, deram com os “burros nágua”.

As vítimas eram oito atletas juvenis, viajando para disputar um campeonato em Curitiba. Não levavam dinheiro, nem mercadorias, tampouco jóias. Frustrados, os bandidos os deixaram, rumando sentido a Ubiratã. Não houve violência física. Mas ficaram as “lesões psicológicas”.

13 de setembro de 2022, 3h. Na PR-317, entre Campo Mourão e Maringá, um ônibus com 19 passageiros é obrigado a parar. A empresa fazia o trajeto Carazinho, no Rio Grande do Sul à Querência, no Mato Grosso. Eram quatro elementos fortemente armados que os renderam e, dentro do coletivo, levaram jóias, celulares e dinheiro. No boletim de ocorrências da polícia, o motorista descreveu estarem em posse de um Peugeot prata.

Em 7 de novembro, 40 passageiros que viajavam de Foz do Iguaçú a São Paulo foram rendidos e roubados por cinco assaltantes mascarados. Utilizando um veículo de cor clara, emparelharam ao ônibus e, mostrando armas, obrigaram o condutor a parar. Em seguida adentraram, rendendo a todos.

Estado

Em nota à TRIBUNA, a Secretaria da Segurança Pública do Paraná informa que a Polícia Militar recebeu denúncias sobre os casos citados e reforçou o policiamento nas regiões em todos os horários. “Informamos ainda que a Polícia Civil do Estado está investigando e realizando diligências, a fim de identificar os envolvidos e esclarecer os fatos”.