Rubens Bueno pede a ministério detalhes do acordo com a empresa Cisco em projeto de transformação digital

O deputado federal Rubens Bueno (Cidadania-PR) apresentou pedido de informações ao ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Marcos Pontes, cobrando detalhes sobre a “iniciativa MCTIC e Cisco: Acelerando a Transformação Digital”, um acordo fechado no último mês de maio com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento tecnológico e de conectividade no Brasil. 

“Temos preocupação com o espaço para a participação de outras empresas, em especial brasileiras, nesse projeto. Por isso, estamos questionando, entre outros pontos, que tipo de controle a norte-americana Cisco terá sobre o acesso e controle de dados no país”, explicou o deputado.

Nesse sentido, Rubens Bueno solicita os termos do acordo entre o MCTIC e a empresa Cisco de tecnologia; a lista de outras empresas de tecnologia consideradas pelo Ministério para coordenar o projeto de transformação digital do Brasil e eventuais propostas apresentadas por elas ao Ministério; quais dados e informações serão disponibilizados para a empresa Cisco; e se o ministério também terá acesso a esses dados, e de que forma.

Na questão técnica, o deputado também questiona se os sistemas que a Cisco planeja implantar serão abertos e interoperáveis, permitindo que indústrias brasileiras desenvolvam soluções tecnológicas, podendo ser aplicadas em todo o território nacional. 

“Caso uma empresa brasileira desenvolva uma solução de tecnologia, ela terá de submetê-la à aprovação da Cisco para que essas soluções desenvolvidas 'conversem/se conectem' com as soluções da Cisco? Como será a participação de empresas brasileiras que desenvolveram tecnologias abertas e planejam participar do mercado nacional e que não seguem o padrão da plataforma da Cisco?”, indaga o deputado no requerimento.

Ele pergunta ainda como as universidades brasileiras estão inseridas no projeto do ministério com a Cisco;. Quais contrapartidas, financeiras ou não, foram acertadas pelo governo federal para que a Cisco promova esse trabalho; e o calendário planejado para os andamentos dos trabalhos da iniciativa.

De acordo com o ministério, a iniciativa focará nas áreas de educação, saúde, segurança cibernética, agronegócio, segurança pública, energia e manufatura, a partir de parcerias com o setor público, indústria e academia. A intenção do programa é ajudar o país a se preparar para uma nova era de hiperconectividade e economia global.

“Concordamos que o Brasil precisa intensificar a integração entre o setor público e o setor privado no desenvolvimento de inovações que atendam às necessidades do país e melhorem o ecossistema produtivo, como bem lembrado pelo ministro Marcos Pontes. A iniciativa entre Cisco e MCTIC, ao que tudo indica, aponta para essa direção. No entanto, é preciso entender os contornos desse trabalho da Cisco e seus impactos no desenvolvimento de futuras soluções tecnológicas no território nacional”, ponderou Rubens Bueno, lembrando que essa preocupação foi levada até ele pela deputada estadual do Paraná Cristina Silvestri (Cidadania), bem como por um manifesto publicado pela Associação Brasileira de Profissionais de Startups e de Desenvolvimento de Tecnologias.

“Este acordo levanta um questionamento muito importante: onde entra a valorização das nossas empresas de tecnologia e inovação? Onde entram as startups? Os Estados e municípios estão investindo em tecnologia, criando polos de inovação e nós com certeza temos condições para atender a demanda de aceleração da transformação digital brasileira. No Paraná mesmo nós temos celeiros de inovação que integram startups cada vez mais preparadas. Então eu questiono: realmente é necessário este tipo de acordo com uma empresa de fora do país, desvalorizando os nossos? Isso sem mencionar a questão da transparência no acordo e segurança de dados”, finalizou a deputada estadual Cristina Silvestri.