Acampamento Irmã Dorothy inaugura capela nesta sexta
O bispo diocesano de Campo Mourão, Dom Bruno Elizeu Versari e dom Anuar Battisti, da arquidiocese de Maringá, farão nesta sexta-feira (11) a cerimônia de inauguração da capela do acampamento Irmã Dorothy (Fazenda São Paulo), em Barbosa Ferraz. A comunidade existe desde 2005 e está sob ameaça de despejo devido a uma ordem judicial de reintegração de posse.
A capela levará o nome de Nossa Senhora do Rocio, padroeira do Paraná. Uma imagem de Nossa Senhora do Rocio será doada à comunidade pelos bispos durante a inauguração, que está marcada para as 10 horas. Em seguida haverá almoço com churrasco gratuito. As festividades seguem no decorrer da tarde.
São esperadas autoridades locais e regionais, dentre elas o prefeito de Barbosa Ferraz Edenilson Miliossi (Cidadania), o vice-prefeito Roni Lucindo Filho, o prefeito de Engenheiro Beltrão Rogério Rigueti (PMDB), entre outras lideranças da região.
A presença dos bispos na cerimônia se soma a outras manifestações de apoio e solidariedade da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) com as famílias acampadas no Estado. Neste ano, sete comunidades já foram despejadas no Paraná. Os religiosos já emitiram duas notas dirigidas ao poder público estadual em que pedem pela mediação dos conflitos e pelo direito das famílias seguirem morando e produzindo nas áreas.
Histórico da comunidade
O acampamento Irmã Dorothy é formado por 35 famílias e localizado a seis quilômetros da área urbana de Barbosa Ferraz. A área tem 415 hectares e foi ocupada em 2005 por agricultores e agricultoras integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Até 2015, o Incra manifestava o interesse em comprar a fazenda, porém o órgão não se manifestou posteriormente para resolução do conflito. A produção local garante a subsistência das famílias, que também comercializam o excedente. Entre os itens produzidos estão feijão, hortaliças, frutas, leite e carne.
Reintegração
Em novembro de 2017 uma decisão da Justiça determinou a reintegração de posse da fazenda ocupada por famílias do Movimento Sem Terra (MST) há 12 anos, porém foi suspensa, após o Incra voltar a manifestar interesse em negociar com o proprietário da área. O conflito, considerado um dos mais emblemáticos da luta pela terra no Paraná, se arrasta há anos porque, segundo informações não havia o interesse do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em negociar com o proprietário.
Na época, os rumores de despejo causaram tensão no acampamento. As famílias chegaram a buscar ajuda no comércio da cidade, pedindo doações de alimentos, pois em caso de reintegração de posse a intenção era levantar barracas na sede do município.
De acordo com informações, caso o despejo fosse mantido, cerca de 500 famílias de outros acampamentos da região estariam se juntando no local para protestar. O prefeito de Barbosa Ferraz Edenilson Miliossi, chegou a se reunir dias antes em Curitiba com uma comitiva de autoridades para interceder pelas famílias acampadas no município.
O proprietário da fazenda, mora em Maringá e é engenheiro civil, ele calcula os prejuízos e cobra do estado a reparação. A Fazenda foi invadida em 2005 e desde então o proprietário tenta ter de volta sua propriedade, comprada por seu pai em 1950. Além de áreas plantadas, a fazenda tinha uma grande quantidade de gado de corte.
Segundo ele, a área estava cultivada com lavouras de milho, soja, arroz e feijão. No pasto, criava 540 cabeças de gado. Para ele, a Fazenda São Paulo cumpria sua função social, ofertando trabalho e gerando produção. Estava distante de ser qualificada como propriedade improdutiva e de interesse social.
Logo após a invasão, em 2005, o proprietário recorreu à Justiça, pedindo a reintegração de posse e conseguiu liminar para a desocupação da área. Dois anos e sete meses depois as famílias foram retiradas do local, mas duas semanas depois voltaram a ocupar a área.
