Alvo da Operação Metástase, prefeito tem mandato cassado

Em meio a denúncias de desvios milionários de recursos para saúde em plena pandemia da Covid-19, o prefeito de Umuarama, distante 105 quilômetros de Campo Mourão, Celso Luiz Pozzobom (PSC), teve o mandato cassado por unanimidade pelos vereadores da cidade. Ele estava afastado do cargo desde setembro do ano passado até a conclusão das investigações, em cumprimento a determinação judicial.

A sessão que terminou com a cassação do mandato foi a mais longa da história política da cidade. Teve início às 18 horas de sexta-feira (21) e término somente na madrugada desse sábado (22). O então prefeito é investigado no âmbito da Operação Metástase, que apura o suposto desvio de R$ 19 milhões de recursos da Saúde.

A denúncia apresentada à Câmara de Vereadores acusa o prefeito de ter comprado um imóvel com recursos desviados. A defesa de Pozzobom teve duas horas para se manifestar. Alegou que a denúncia da Promotoria de Justiça é um “factoide político” e que não há comprovação de fatos. Porém os argumentos não convenceram os vereadores, que decidiram pela cassação.

Por ter foro privilegiado, Pozzobom só pode ser processado e julgado pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR). As denúncias da Operação Metástase estão em andamento. A ação referente ao prefeito foi encaminhada ao TJ. Desde que Pozzobom foi afastado do cargo, o vice-prefeito, Hermes Pimentel (PSDC), é quem vem comandando o município.

Operação Metástase
As investigações do Ministério Público começaram no início de 2020. Há indício de fraudes em licitações, com superfaturamento de contratos, emissões de notas fiscais frias, depósitos em contas de investigados e terceiros.

Em maio de 2021, sete pessoas foram presas suspeitas de envolvimento no esquema. À época, Pozzobom foi alvo de mandados de busca e apreensão. As investigações indicam a atuação de uma organização criminosa suspeita de praticar os crimes de peculato e falsidade ideológica. Empresas ligadas ao grupo eram beneficiadas no esquema, de acordo com o Ministério Público.

Além do prejuízo estimado em R$ 19 milhões, os promotores apuraram que desvios de recursos de entidades filantrópicas, que prestam serviços médico-hospitalares, foram usados para compra de equipamentos náuticos e construção de uma casa de veraneio em Porto Rico, também no noroeste. Em coletiva à imprensa, à época dos fatos, o então prefeito negou desvios e afirmou que apoiava a investigação.