Barbosa Ferraz: dono da Fazenda São Paulo, declarada para desapropriação, repudia informações divulgadas

O engenheiro Carlos Gomes, proprietário da Fazenda São Paulo, localizada no município de Barbosa Ferraz, procurou a TRIBUNA nesta semana e contestou informações veiculadas pelo jornal na reportagem “Lula declara fazenda em Barbosa Ferraz para desapropriação e reforma agrária”, publicada no dia 10 de março deste ano. A notícia, como o título sugere, abordou a definição, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que declarou sua fazenda como ‘de interesse social’, o que permitiria sua desapropriação e uso para a reforma agrária. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU), no mesmo dia em que a reportagem foi veiculada.

Desde a invasão pelo Movimento Sem Terra (MST), há cerca de 20 anos, a propriedade passou a ser chamada de acampamento Irmã Doroty. Cerca de 70 famílias ocupam o local e protagonizam uma batalha judicial com o proprietário da área. Decisões judiciais para reintegração de posse da propriedade foram despachadas, porém, sem cumprimento pelo movimento.

Na reportagem, o jornal trouxe alguns trechos de uma entrevista de Ramon Brizola, da coordenação estadual do MST, em que comentava que a fazenda tinha um ‘péssimo relacionamento com o município’ e ainda ‘tinha suspeita de febre aftosa’ em algumas cabeças de gado que eram criadas no local. O texto trouxe ainda a informação de que apenas uma família era empregada na fazenda, que a propriedade acumulava multas ambientais e ainda seria considerada em estado de abandono e improdutiva.

No entanto, Carlos Gomes repudiou essas informações, classificadas por ele de ‘falsas e que atentam contra honra, imagem e direitos dele enquanto proprietário e a integralidade político-social da propriedade rural’. “Tais afirmações são, de maneira clara, distorcidas e desprovidas de qualquer fundamento e prova”, disse, ao ressaltar que as informações divulgadas são ‘absurdas, falsas e distorcidas’.

O proprietário apresentou documentos ao jornal mostrando que a fazenda era produtiva antes da invasão. Apresentou também decisões da Justiça para a reintegração de posse, além de imagens mostrando a destruição do local pelos invasores. “A Fazenda São Paulo nunca foi uma propriedade improdutiva ou abandonada. Ao contrário, a Fazenda, em datas anteriores às invasões, destacava-se entre as mais produtivas do país por unidade de área, além de cumprir integralmente as suas funções sociais”, afirmou.

Proprietário disse que fazenda tinha cerca de 700 cabeças de gado saudáveis em época anterior à invasão. A imagem, documentada em uma das ações judiciais, mostra os bichos abandonados após a invasão

Ao contrário do exposto na reportagem, Carlos Gomes afirmou também que sempre manteve bom relacionamento com o município e, por se tratar de uma fazenda pioneira na região de Barbosa Ferraz, fundada em 1950, foi responsável por trazer progresso, trabalho e geração de renda para a região por mais de cinquenta anos.

“A Fazenda São Paulo comprovadamente mantinha, além da agricultura, um rebanho de mais de 700 cabeças de gado em época anterior à invasão, tais bovinos eram devidamente cuidados e bem tratados. Lamentavelmente, esse rebanho foi dizimado devido à invasão promovida pelo MST. Além disso, em sua existência, centenas de pessoas trabalharam na propriedade, tanto em regime de emprego como em parceria, movimentando enormemente as economias local e externa”, informou.

Carlos Gomes disse também que ‘nunca’ houve qualquer condenação por multa ambiental ou trabalhista, e jamais a propriedade esteve abandonada. Conforme ele, o próprio Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) a considerou produtiva antes da invasão. “As fundamentações na sentença de reintegração de posse transitada em julgado comprovam a alta produtividade do imóvel”, ressaltou o proprietário. “Por outro lado, os invasores ingressaram com ação de desapropriação junto à Justiça Federal, perderam a causa e, conforme registrado em sentença, foram considerados despidos de boa-fé e pretendentes a beneficiar-se da própria torpeza”, complementou.

O produtor continuou com um desabafo: “O MST tem como modus operandi utilizar a propaganda mentirosa para tentar justificar as ações de um movimento ilegal nefasto ao país. Por meio da mistificação política, procuram desmoralizar os proprietários agrícolas e suas propriedades. Destroem ao máximo as propriedades que invadem, procurando depreciá-las, pretendendo a sua desapropriação pelo Estado. Fatos criminosos são corriqueiros junto ao grupo invasor. Alguns elementos foram presos pela Polícia Militar por furto de tambores de diesel e rolos de arame farpado da propriedade”, informou.