Caminho Iniciático de Santiago de Compostela em C. Mourão ainda não saiu do papel: falta dinheiro e integração da sociedade

Desde julho do último ano, após o vice-governador do Paraná, Darci Piana, garantir recursos iniciais ao desenvolvimento do Primeiro Caminho Iniciático de Santiago de Compostela, na região de Campo Mourão, nada mais foi feito. Inclusive, nem a verba para confecção das placas de sinalização chegou. Então, preocupado com o andamento do projeto, o coordenador Ruben Orlando Moyano fez uma apresentação sobre os principais pontos pendentes. “Hoje esta reunião é como um apelo. Um apelo para nos unirmos e não perdermos tudo o que já foi conquistado”, disse.

Realizado no Centro Catequético, o encontro reuniu autoridades eclesiásticas, empresários, representantes dos quatro municípios inseridos, e alguns deputados. Mais uma vez, Moyano mostrou a importância da efetivação do caminho na região. Um dos presentes era Eder Stela, Diretor Administrativo e Financeiro do Instituto Água e Terra (IAT). De acordo com ele, os recursos garantidos ao projeto em julho, virão. “Nos próximos 30 dias teremos uma resposta”, garantiu. O dinheiro será usado ao pontapé inicial do projeto, a começar, com a produção de 279 placas colocadas nos 104 Km do trajeto, entre Campo Mourão e Fênix.

Uma vez efetivado, o caminho fará de Campo Mourão e região “alvo” de peregrinos de todos os cantos do planeta. E isso, não é balela. É fato. Um fato consolidado desde novembro de 2022, após Alejandro Rubin Carballo, Chanceler do Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, aprovar o projeto respaldando a Rota da Fé – entre Campo Mourão e Fênix -, como o Primeiro Caminho Iniciático de Santiago Compostela.

Na época, em visita ao Brasil, Dom Alejandro esteve junto ao vice-governador do Paraná, Darci Piana, quando assinou um protocolo de intenções sobre o caminho. Então, de lá para cá, a coisa não parou mais. No início de 2023, uma comissão de engenheiros, arquitetos e estudiosos sobre roteiros religiosos esteve em Campo Mourão. A análise saiu meses depois, através do plano diretor, constatando com todas as letras, ser a rota, viável ao turismo. Como uma espécie de “espelho” do que se tornou o Caminho de Santiago de Compostela.

E ainda em julho do ano passado, na sede do governo paranaense, finalmente, o que era um sonho, começou a ter tons de realidade. Darci Piana, mais uma vez, garantiu colaborar com recursos públicos a fim de tornar a conhecida “Rota da Fé”, num dos maiores roteiros turísticos religiosos do mundo: o 1º Caminho Iniciático de Santiago de Compostela.

São 104 quilômetros de caminhada. Embora com as trilhas já abertas, as vias terão que passar por melhorias, principalmente, em relação à sinalização. No projeto apresentado, foi evidenciado a necessidade de alojamentos, pousadas, além de uma ampla organização do caminho. Ao todo, segundo o estudo, serão necessários cerca de R$ 4 milhões para a consolidação do projeto.

Num primeiro momento, será necessária a criação de uma entidade capaz de gerenciar o novo caminho. E será ela a responsável em unir e executar as tarefas: marketing, publicidade em redes sociais e feiras, assim como o recrutamento de pessoas técnicas para direcionar os peregrinos.

“Há 17 anos, eu fui instigado por Ruben Moyano lá em Campo Mourão. Na época, ele me pedia para ajudar no turismo religioso. Desde então, nunca mais parou de ficar no meu pé”, brincou Piana, durante o evento em julho de 2023. “Então, foi em Campo Mourão que nasceu a nossa preocupação com esse turismo. Hoje temos o turismo religioso mais organizado do país. Não foi por coincidência. Estou muito feliz com isso”, disse.

De acordo com Moyano, dos pouco mais de 100 quilômetros, 75% compreendem a caminhada na zona rural. Sendo outros 25%, em trechos urbanos dos quatro municípios – Campo Mourão, Corumbataí do Sul, Barbosa Ferraz e Fênix. Os quatro prefeitos estiveram no evento. Presidente da Comcam e prefeito de Corumbataí do Sul, Alexandre Donato, revelou estar empolgado com a iniciativa e que, em breve, pretende trilhar o caminho. “O projeto é fundamental à região. Vai trazer renda aos municípios”, disse.

Além de ter o poder de trazer milhares de peregrinos à região, de todo o planeta, o projeto também poderá atrair investimentos privados ao longo do percurso, como restaurantes e pousadas. Em resumo, a partir de agora, o trajeto passa a ser oficialmente reconhecido no mundo como um dos seus principais caminhos religiosos.

E as consequências são bastante positivas à região. A principal delas é atrair turistas de todos os cantos. “O turismo religioso – 30 milhões somente no Brasil – é movido pela fé. Mas é também capaz de agregar o turismo da natureza e gastronomia. Na verdade, movimenta quase toda a economia local, regional e estadual”, explicou Moyano.

Engenheiro de sistemas, e um dos precursores da pastoral do turismo e da Rota da Fé, Moyano acredita ser o sonho se transformando em realidade. Segundo ele, uma infinidade de oportunidades econômicas está por vir. São centenas de novos empregos na área do turismo. A começar com pousadas e guias turísticos. Mesmo ainda sem um plano diretor consolidado, pessoas de todos os estados do país já começaram a ligar a Moyano. Todas desejando fazer o caminho.

O caminho

A Rota da Fé é um movimento inter-religioso caracterizado como uma romaria, com objetivo de visitar lugares sagrados, diferentes culturas, costumes locais, gastronomia das comunidades por onde passa e ter contato direto com a natureza. Esse movimento de romeiros acontece a cada dois meses, partindo da Catedral São José, em Campo Mourão. Cerca de 600 pessoas percorrem juntas o trajeto.