Grupo de combate ao tabagismo em Quinta do Sol oferece tratamentos gratuitos a fumantes
O município de Quinta do Sol vem atuando no combate ao tabagismo há, pelo menos, 10 anos. No início deste mês, 12 munícipes iniciaram a participação no primeiro grupo contra o tabaco do ano na cidade. Nesta terça-feira (29), no terceiro dos quatro encontros que terão no total, nove pessoas que compareceram já receberam os medicamentos que serão usados no tratamento, que incluem terapias para reposição de nicotina.
Segundo a farmacêutica Edilaine Wenzel Sontag, a goma, o adesivo e as pastilhas para o tratamento são de alto custo e, por meio da Secretaria de Saúde do município, eles foram disponibilizados gratuitamente ao público atendido. Os fumantes continuarão sendo acompanhados pelo médico especializado do programa até a finalização do tratamento ou conforme a necessidade.
De acordo com Danielle Dias Fornieles, nutricionista e coordenadora do grupo desde que a iniciativa iniciou na cidade, em 2015, cada novo grupo comparece a quatro sessões, sendo um encontro de até 1h30 por semana. Em cada dia, os participantes recebem um manual com explicações sobre os tipos de vício, métodos para parar de fumar e como o tabaco afeta a saúde.
Os fumantes também têm acesso a orientações sobre como vencer obstáculos, como a ansiedade, o estresse, a fissura, a falta de apoio familiar e a “síndrome da abstinência”. A abordagem inclui, ainda, dicas de como se planejar para não engordar – uma preocupação comum entre fumantes que decidem abandonar o vício – , assim como os benefícios de parar de fumar. Informações da Regional de Saúde são repassadas, mostrando relatos de ex-fumantes e dados em relação à saúde, por exemplo.
O espaço também propicia diálogo e trocas entre o grupo e os profissionais envolvidos. “Muitas informações vão sendo acrescentadas conforme as dúvidas vão surgindo”, informou Danielle. A nutricionista também comentou que o número de convidados para participar do grupo é bem maior do que a quantidade que inicia e vai até o fim, de fato.
No entanto, a preferência sempre é por fazer as sessões com um número restrito de participantes, para que eles se sintam mais confortáveis e possam receber orientações conforme as necessidades de cada um. Os próximos grupos, por exemplo, admitirão, no máximo, 20 pessoas.
Com o tempo, para que seja possível alcançar mais munícipes, incluindo os que residem em áreas rurais, Danielle comentou que a Saúde pretende expandir os encontros nos dois assentamentos, em um acampamento e na vila rural do município. “Por ser longe da cidade, vamos até eles para facilitar o acesso para que todos tenham oportunidade de participar”, disse, ao comentar que o próximo encontro deverá acontecer no mês de maio.
Impacto
Não é possível atestar quantos dos munícipes que já frequentaram os grupos pararam, de fato, de fumar. Porém, desde que começou, há 10 anos, a iniciativa já impactou a vida de 237 pessoas, além das que estão participando atualmente.
Somente no ano passado, aconteceram três grupos pequenos, nos quais 25 pessoas foram acompanhadas no total. A maioria do público é composta por mulheres, que somam 139 participações, enquanto os homens totalizam 98. A faixa etária mais comum entre os interessados está entre 35 e 40 anos.
“Ainda vejo dificuldades na população quanto à adesão para entrar no grupo”, comentou a coordenadora. Apesar disso, o serviço continuará sendo oferecido pelo município, com o objetivo de reduzir o consumo de cigarros na população e, assim, promover mais qualidade de vida e saúde, incluindo a diminuição de casos de câncer relacionados ao tabaco.
Relatos
Fumante há mais de 50 anos, a decisão e, mais do que isso, a atitude de deixar o vício do tabaco, para Rosalina de Oliveira Farinelli, hoje com 70 anos de idade, só foi possível graças ao grupo contra o tabagismo de Quinta do Sol. Ela comentou que está há 10 anos sem fumar. Antes disso, já havia tentado outras quatro vezes, mas sem sucesso. “O grupo me deixou esperançosa, trouxe encorajamento”, afirmou.
Rosilene Bispo dos Santos Ramos, de 48 anos, também relatou que abandonou o vício há um ano, após 25 como fumante. Antes de participar do grupo — que, segundo ela, foi o que a motivou a se tornar uma ex-fumante — ela já tinha tentado cinco vezes.
Outra participante da iniciativa, que realizou os encontros em 2015, Lenice Pereira de Lima, de 53 anos, também foi fumante durante 27 anos. Para ela, o grupo foi a primeira tentativa e conseguiu abandonar de vez o que antes era rotina. Antes de acompanhar as orientações dos profissionais da saúde, ela tinha medo de parar, sobretudo pelo possível ganho de peso. Embora hoje celebre a conquista, ela destacou que o processo não foi fácil. “Foi um processo difícil, tive crises de ansiedade, mas não desisti e consegui permanecer sem fumar”, falou, acrescentando que hoje sente até nojo do cigarro.
Das pessoas que estão participando do grupo atual, três também compartilharam as suas motivações para tentar eliminar o vício de vez de suas vidas. Odair Barbosa, de 71 anos, fumante desde os 14, agora busca melhor qualidade de vida, devido ao avançar da idade, e afirmou que o grupo tem sido uma importante fonte de motivação.
Por sua vez, para não abalar a relação com a família, Wallace Luan da Silva, de 30 anos, fumante há 10, está acompanhando os encontros devido ao incômodo do filho e da esposa com o cheiro do cigarro. “Sinto que em grupo terei um melhor resultado”, compartilhou ele.
Aos 45 anos, Inês Vieira de Oliveira, que fuma há 10, também resolveu tentar dar um basta. A motivação para parar de fumar foi a cirurgia bariátrica, sua saúde e trabalho, pois não se sente bem por atuar em ambiente com crianças, mesmo que não fume no local. “Em grupo é mais fácil, pois todos conseguem compartilhar experiências e também estratégias”, apontou, ao lembrar que na segunda sessão aprendeu técnicas ligadas à relaxamento e saúde mental que estão ajudando.