Prefeitos fazem reunião de emergência para discutir enfrentamento à Covid-19

Prefeitos da Comcam (Comunidade dos Municípios da Região de Campo Mourão) e Amocentro (Associação dos Municípios do Centro do Paraná), fizeram uma reunião emergencial na manhã desta sexta-feira (14) para discutir medidas de enfrentamento contra o coronavírus (Covid-19). O encontro foi online, via plataforma Zoom.

A preocupação dos gestores é quanto ao grande aumento de casos e mortes por Covid nas últimas semanas. Os prefeitos consideram a situação calamitosa. Durante o encontro, os gestores decidiram que irão elencar medidas regionais e enviar o documento ao Governo do Paraná, propondo a criação de um decreto estadual com novas regras para contenção do vírus.

“Precisamos de apoio do Estado. Não temos policiais, não temos estrutura e nossas equipes estão desgastadas. Não adianta os municípios lançarem medidas por si só porque aí não temos paz.  Não temos poder pelos outros. Chegamos a uma altura em que estamos engessados”, afirmou o prefeito de Araruna, Leandro César Oliveira, presidente da Comcam. Segundo ele, por melhor que sejam as intenções dos prefeitos, grande parte da população não respeita. “As pessoas fazem aquilo que acham que têm de fazer. O que sobra para a gente é o foguete. Só sobra o rojão”, desabafou, ao ressaltar que as determinações devem vir do Estado para que as ações sejam uniformes nos municípios. 

O presidente da Amocentro, Maicol Geison Callegari Rodrigues Barbosa, prefeito de Pitanga e o prefeito de Nova Tebas, Clodoaldo Fernandes, defendem que a esta altura da pandemia, não há mais que se discutir em serviços essenciais para manter ou não o mesmo funcionando. Segundo eles, é preciso determinar o fechamento de um determinado estabelecimento de acordo com o potencial de risco de contaminação.

Os gestores defendem, por exemplo, o fechamento das igrejas neste momento de pandemia. “Sabemos que nas igrejas é alto o risco de contaminação. Igreja não é serviço essencial na minha opinião”, falou Barbosa, ao criticar a falta de cuidado de parte da população. “Já tivemos casos em Pitanga de nossos agentes chegarem à residência do cidadão infectado com coronavírus e ele oferecer chimarrão”, relatou. “Estes dias estávamos com um bebê de apenas 40 dias intubado com Covid. Ele com certeza foi infectado por alguma visita”, emendou. 

Os gestores não falam mais em fechamento do comércio. Porém, admitem focar medidas mais restritivas em estabelecimentos onde há riscos mais elevados de contaminação do vírus, como igrejas, por exemplo. O prefeito de Guarapuava, Celso Fernando Goes, informou que um estudo realizado no município indica que a maior transmissão do vírus acontece em festas familiares, festas clandestinas e bares noturnos. “O problema não está no comércio”, ressaltou. 

Ele classificou a situação na região de Guarapuava como calamitosa. “Temos dois hospitais referência no tratamento da Covid e estão lotados. Não temos respiradores e nem leitos. E já está faltando oxigênio e insumos. É preciso tomar providências”, alertou. Segundo ele, Guarapuava tem mais de 1.600 casos ativos de coronavírus e mais de 300 óbitos. “A tendência é aumentar mais com a entrada do inverno. É preciso conversarmos com o governo do Estado para que se tome algumas medidas”, ressaltou. 

O prefeito de Campina da Lagoa, Milton Luiz Alves, foi outro que criticou o desrespeito de parte da população às medidas de prevenção. “Não conseguimos diminuir o número de casos ativos mesmo com todas as medidas tomadas. Temos várias pessoas na fila aguardando leito hospitalar. Verificamos que o  problema está nos contaminados. O cidadão está com sintoma, você determina a quarentena, mas ele não se isola. É aí que está o grande 'centro de distribuição' do vírus. Infelizmente nosso povo tem o dom de ser teimoso e não respeitar as regras”, desabafou.

Alves disse que não adianta mais atitudes isoladas dos municípios. Ele também defendeu que o Estado publique um decreto mais rígido para que os municípios sigam as determinações.  “A gente ficar tomando medida por conta própria é o mesmo que enxugar gelo. Somos 399 municípios, temos que nos reunir com o secretário da Saúde Beto Preto e com o governador Ratinho e pedir que alguma medida seja tomada”, falou. 

Ele criticou ainda a falta de efetivo de policiais militares para apoiar os municípios nas ações. “Temos aqui quatro policiais para atender Campina da Lagoa e Nova Cantu. Como vai dar conta? Já pedimos apoio, mas não tem polícia”, frisou. Alves disse que 'só não pegou o boné e foi para casa' porque não teve coragem, se referindo a possível renúncia do cargo pelo desgaste causado pela falta de colaboração da população. “Se fizer isso tenho que ir embora daqui porque vou ficar com vergonha. Não sou covarde, disse.