Professores entrarão em greve por tempo indeterminado

Professores da rede estadual vão entrar em greve por tempo indeterminado a partir do próximo dia 2 de dezembro. A APP-Sindicato de Campo Mourão já iniciou ainda no domingo (24) uma mobilização regional para alcançar o maior número possível de professores ao movimento grevista.  A paralisação foi aprovada por unanimidade em assembleia estadual da categoria no sábado (23), em Curitiba.

De acordo com o presidente da APP- Sindicato em Campo Mourão, Ironei de Oliveira, ele se reuniu no domingo, na sede do sindicato, com educadores da região de Goioerê, Ubiratã, e Iretama, para discutir um cronograma de ações pela região. “Esta semana vamos intensificar as visitas às escolas da região e esclarecer aos trabalhadores o projeto que o Governo do Estado apresentou”, falou Oliveira, à TRIBUNA. 

Ele explicou que a APP-Sindicato é contra a proposta do governador Ratinho Junior (PSD) que altera a Previdência do Paraná. A categoria também rejeita medidas afetam o funcionamento das escolas. Com projetos de lei e propostas de emenda à Constituição Estadual (PEC), o governo propõe regras que irão dificultar o acesso à aposentadoria e institui a previdência complementar privada. 

As mudanças ainda elevam a contribuição previdenciária para 14% não só para quem está em atividade profissional como a aposentados e pensionistas, hoje isentos do desconto. “Com esta reforma o governo quer aumentar o desconto na previdência de 11% para 14% tanto de quem está na ativa como também dos aposentados”, ressaltou o presidente da APP-Sindicato. “Isso é um abuso contra o servidor. O projeto fala inclusive em ‘desaposentação’ do professor aposentado”, complementou. 

Oliveira comentou que a greve é também pela manutenção do Ensino Médio no período noturno, que o governo do Paraná pretende extinguir, em processo previsto para iniciar já a partir de 2020, com a eliminação de turmas do primeiro ano. A pauta inclui ainda a defesa de emprego para os chamados PSSs, que são os trabalhadores em contrato temporário.

A paralisação dos educadores reivindica também a manutenção da Educação de Jovens e Adultos (EJA), que corre o risco de não mais anteder à demanda por conta de mudanças que o governo pretende instituir nessa modalidade de ensino. A categoria quer assegurar, com a greve, regras para a distribuição de aulas – e elaboração pelo órgão estadual de educação – que garantam os direitos da classe e a autonomia das escolas.

Oliveira definiu o projeto do governo como um ‘conjunto de ataques’ contra os educadores, que irá prejudicar os estudantes e o funcionamento das escolas. “A greve é nosso último recurso para impedirmos que o projeto avance”, falou, ao pedir a compreensão da população. “Não estamos lutando apenas por nossos direitos, o que já é legítimo, mas nossa pauta é para garantir que a escola pública sobreviva a todos esses golpes do governo”, falou. 

Referente ao fechamento de turmas noturnas no Ensino Médio, Oliveira afirmou que o atual governo quer mostrar números. “O secretario estadual de Educação quer transformar o Paraná no primeiro lugar do IDED e como sabemos o ensino noturno acaba se tornando um problema para o Estado porque tem muita evasão e as notas não são muito boas. Com isso o governo vem fechando turmas”, disse. O presidente da APP-Sindicato de Campo Mourão, informou ainda que na noite da próxima segunda-feira (2), sairá uma caravana de educadores da região em vários ônibus rumo a Curitiba, onde participarão de um ato público em frente ao Palácio do Iguaçu. 

Versão do Governo

Sobre um dos principais itens da pauta da greve dos educadores, a reforma da Previdência do Paraná, o Governo do Estado afirma que a medida é para buscar o equilíbrio das contas públicas. Segundo o Governo, a proposta de reforma da previdência do serviço público estadual vai conter o constante aumento do déficit do sistema, ‘que já alcança R$ 6,3 bilhões neste ano’. 

De acordo com a Secretaria de Estado da Educação (SEED), o Estado ampliará em mais de 20 mil o número de vagas para o Ensino Médio no período diurno para o ano letivo de 2020. Segundo a secretaria, a ampliação vai possibilitar que mais estudantes tenham a opção entre um dos dois turnos. “A medida será possível graças ao remanejamento de vagas ociosas do Ensino Médio no período noturno, que registra redução no número de matrículas e índices de abandono elevado”, informou.

Agenda 

Até o início da greve, os educadores realizam várias atividades em todo o Paraná. Estão previstas ações com a comunidade, reunião com deputados estaduais, audiências públicas e apoio ao boicote dos estudantes à Prova Paraná (SAEP), que será nesta quarta-feira (27). Já durante a paralisação, a categoria realizará ato público estadual no dia 3 de dezembro, em Curitiba, seguido de assembleia.