Seca persiste e falta água em comunidades rurais de Iretama

Sem chuvas significativas há quase dois meses, já começou a faltar água potável em algumas comunidades rurais da cidade de Iretama. Várias famílias estão recebendo água levada por um caminhão pipa da prefeitura desde o dia 15 de setembro. 

As comunidades afetadas são Assentamento Muquilão, 400 Alqueires, e Pantelária. Mais de 200 famílias estão sendo prejudicadas pela situação.  “O assentamento Muquilão que é o maior de todos, a vida toda passou por este problema. Infelizmente as minas d’água secam em longos períodos de estiagem faltando água para os moradores”, comentou o secretário de Agricultura de Iretama, Frederico Igor Westphal.

Ele comentou que todos os dias a prefeitura está abastecendo estas comunidades com um caminhão pipa. “No Assentamento Muquilão instalamos duas bombas em poços artesianos para facilitar o abastecimento”, falou. Segundo ele, da sede do município à comunidade rural são cerca de 40 quilômetros. Com as bombas instaladas, o caminhão faz o abastecimento dentro do próprio assentamento, ganhando tempo e reduzindo gastos. 

O secretário disse que a prefeitura está com o dinheiro na conta – cerca de R$ 1,3 milhão- para instalação do sistema de abastecimento nestas comunidades Porém, o projeto ficou travado por praticamente três anos no INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) por questões burocráticas. “Conseguimos a cessão de uso recentemente, mas entrou o período eleitoral sem conseguirmos fazer a obra”, lamentou. 

A última chuva significativa em Iretama ocorreu no dia 20 de agosto. Na semana passada, precipitações chegaram a ser registradas, mas em baixo volume, entre 10 a 15 milímetros, em algumas localidades, o que não resolveu o déficit hídrico devido ao longo período de estiagem. “A prefeitura está atendendo todos os pedidos dos moradores que nos procuraram para levar água”, ressaltou o secretário. 

Além de Iretama, Goioerê também vem sofrendo com a falta de chuva. A cidade é abastecida por poços artesianos. A estiagem prolongada baixou a vazão dos poços, obrigando a Sanepar a fazer rodízio de água na cidade, que foi implantado há cerca de um mês. Os rios da região também vêm sofrendo a redução drástica de vazão. A orientação aos consumidores é que economizem água e evitem desperdícios. 

Seca histórica

De acordo com o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), setembro deste ano foi o mês mais seco dos últimos 10 anos na região. Em Iretama, a chuva não chegou nem a 5 milímetros no período, assim como em outras cidades. A média para o mês é de 90 a 100 mm. Segundo o Simepar, a estiagem ainda não tem nada a ver com o fenômeno La Niña. “Existe uma grande tendência de vir a se confirmar, porém precisa de quatro a cinco meses de anomalia para configurar”, informou.

O Simepar observou que as águas da superfície do Oceano Pacífico começaram somente agora a sofrer redução térmica. Se a curva continuar, o pico do fenômeno deve ocorrer entre o fim da primavera e início do verão. Ou seja, em dezembro. Ainda segundo o Instituto, a falta de chuva vem sendo provocada por massas de ar seco estão impedindo a entrada de frentes frias na região. 

De fevereiro ao início de junho as chuvas foram bastante irregulares em toda a região. As precipitações mais significativas ocorreram entre julho e agosto. Os prognósticos não são animadores para os próximos dias, já que não há previsão de chuvas significativas. Isso só agrava a situação. 

Além da falta de água em alguns municípios, a estiagem prolongada está afetando diretamente o avanço do plantio da soja (safra 2020/21) e milho 1ª safra na região da Comcam. A semeadura da safra está bastante atrasada já que muitos produtores, temendo prejuízos, aguardam chuvas mais significativas para o início dos trabalhos.