Mês de março é lembrado por reforçar a conscientização sobre a obesidade

Março é marcado mundialmente como o mês que visa aumentar a conscientização sobre a obesidade, que é considerada uma doença crônica não transmissível e afeta pessoas de todas as faixas etárias. A data instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o Dia Mundial da Obesidade foi 4 de março.

Também como forma de chamar a atenção para a campanha, na terça-feira (12), foi realizada, em Brasília, uma sessão solene no Plenário da Câmara dos Deputados. A nutricionista Camila Frazão, de Campo Mourão, acompanhou as discussões remotamente e compartilhou com a TRIBUNA os pontos mais relevantes abordados e as preocupações dela, enquanto profissional da saúde, voltadas ao tema.

Participaram da sessão alguns dos maiores pesquisadores do Brasil que trouxeram dados e estudos sobre a obesidade. Um dado que chama a atenção, conforme Camila, é o de que 60% da população brasileira tem sobrepeso ou obesidade atualmente, o que representa um quarto da população do país. “A gente precisa entender que a obesidade é uma doença, deve ser tratada como tal, tanto pelo poder público quanto pelos profissionais de saúde”, alertou a nutricionista. As projeções feitas pelos estudiosos são as de que, em 2030, um terço da população do país enfrentará esse quadro.

A profissional explicou que essa doença é multifatorial. “Na obesidade, há gene, ambiente e comportamento envolvidos”, destacou. Isso demanda, segundo ela, um atendimento multidisciplinar. Entre as ações envolvidas no tratamento, por exemplo, estariam reeducação alimentar, mudança de ambiente, inserindo o paciente em um espaço mais saudável, e de comportamento frente aos alimentos.

O fator genético também precisa ser analisado. “Quanto antes essa obesidade surge, na infância, por exemplo, maior a chance de isso ser genético”, ressaltou. Esses são alguns dos pontos destacados que precisam ser levados em consideração e analisados para se traçar uma linha de tratamento eficaz.

Políticas públicas de prevenção

Outro fator discutido na sessão solene e enfatizado por Camila é a necessidade de o país aprofundar políticas públicas de prevenção e tratamento da obesidade, conforme alertaram os deputados e os especialistas.

Algumas das medidas apresentadas seriam taxação diferencial de alimentos ultraprocessados, que deveriam ser mais caros, proibição de marketing de alimentos infantil, educação nutricional nas escolas, formações adequadas a equipes multidisciplinares em todos os âmbitos da saúde, desde públicas a privadas, entre outras.

Para isso, é preciso garantir o acesso a alimentos de boa qualidade e saudáveis, conforme apontou a nutricionista. Alguns avanços nesse sentido já podem ser percebidos nas políticas públicas a nível federal. “Houve agora a inclusão de alimentos da agricultura familiar na cesta básica”, ressaltou. Trata-se do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do governo federal.

Com isso, deve-se ter cautela ao atribuir as supostas causas e permanência de situações de obesidade a apenas um responsável. “A gente não pode deixar a responsabilidade só sobre o indivíduo com obesidade”, defendeu, chamando a atenção para o papel dos profissionais de saúde nesse processo.

“É importante a gente frisar a responsabilidade desse profissional, como ele precisa ser ético e correto, para não prejudicar o tratamento, de fato, de quem tem obesidade e dos indivíduos saudáveis que não precisam de tratamento para obesidade”, alertou.