A noite em que os “invisíveis” foram vistos

Na noite do dia 24, algo especial aconteceu em Campo Mourão. Isolados pelo mundo, acolhidos da Casa de Passagem, presenciaram uma noite de Natal como, há tempos, não viam. Não bastasse a solidão dos “passageiros”, a pandemia terminou por assolar ainda mais a proximidade das pessoas. Mas, ainda assim, existe esperança. E ela veio através da Fraternidade, O Caminho. Coordenada por freis franciscanos, a entidade aproximou quem nada tem, do respeito e da dignidade.     

Então, naquela noite, a Casa de Passagem São Bento José Labre, ofereceu fraternidade. São seres humanos, moradores de rua em situação de vulnerabilidade social. Ou apenas, pessoas de passagem pela cidade. Mas, que juntas, puderam sentir, mais uma vez, o calor do espírito natalino. E, de uma certa forma, reascender a chama da esperança. 

De acordo com a coordenação, a noite começou com a acolhida. Momento em que foi oferecido banho, troca de roupas e um lanche. Às 19h, a fraternidade iniciou a Missa de Natal, celebrada pelo Frei Tarcísio. “Muitos deles puderam resgatar noites natalinas passadas em que faziam parte de uma família. Quando tinham casa, trabalho, dignidade”, disse Wellington de Oliveira Amorim, assistente social. 

Na Missa, o frei, em sua homilia, frisou a verdadeira importância do Natal: o menino Jesus. “Olhando o presépio, entendemos que o importante é nascer. E, não onde nascer”. Após a missa, a entidade celebrou a ceia de Natal. Foi organizada através de doações de benfeitores dispostos a mudar o mundo. Uma ação social voltada à humanidade. Ou seja, gente preocupada com gente.

Devido a pandemia e, seguindo os decretos municipais, a Casa de Passagem reduziu o número de acolhimentos para ser mantido o distanciamento social. Também adotou a exigência do uso de máscaras. Mas, segundo a coordenação, isso não foi empecilho. A Fraternidade ainda foi às ruas e praças distribuir marmitas. De um modo geral, para que os ditos “invisíveis”, pudessem dormir em paz. Sendo enxergados, pelo menos, uma só vez na vida.