Ágide Meneguette diz que pandemia causou pouco impacto ao agronegócio

Durante a passagem por Campo Mourão, na última semana, onde participou de um encontro de formação de liderança rural, o presidente do Sistema Faep (Federação da Agricultura do Estado do Paraná), Ágide Meneguette, concedeu entrevista exclusiva à TRIBUNA.

Entre os temas abordados, ele falou sobre o setor do agronegócio no período de pandemia da Covid-19. Segundo Meneguette, que também é produtor rural, com exceção de algumas culturas que foram impactadas pela redução do mercado consumidor, como laticínios, por exemplo, ou pela crise no preço do petróleo, álcool e açúcar, o setor produziu e está produzindo normalmente desde o período mais crítico da pandemia. “E, ainda, foi beneficiado pela demanda mundial por alimentos e da alta no preço do dólar”, avaliou.

O presidente da Faep comentou que a maior parte da safra no Paraná é voltada para a exportação. Para ele, a decisão do Governo do Estado de manter funcionando o Porto de Paranaguá durante toda a pandemia foi fundamental para que o setor do agronegócio do Estado fosse um dos menos impactados pela crise econômica gerada pela pandemia. “Como o setor rural foi classificado como essencial desde os primeiros decretos do governo estadual e do governo federal, nós não paramos. Nem tínhamos como parar”, ressaltou.

Ele destacou que os produtores continuaram, neste período, com os trabalhos no campo, como implantação e colheita das safras da soja, milho, trigo, safra de café, cana, entre outras. “Os aviários produziram a todo momento. Na verdade, não tinham nem como parar, assim como o abate de suínos e bovinos. Tudo seguiu funcionando”, destacou ao lembrar que a Faep teve um diálogo ‘promissor’ com o Governo do Estado, que entendeu a situação.

“O fato de o Porto de Paranaguá ter continuado funcionando sem interrupção nos deu tranquilidade. Tirando a parte de laticínios, que produz muçarela para as pizzarias, que ficaram praticamente paradas, e, por isso, tiveram problema de escoamento, as outras atividades correram e estão correndo muito bem no Paraná”, observou Meneguette.

Ele afirmou que os preços das commodities agrícolas no mercado internacional mantiveram-se praticamente os mesmos. Em alguns casos, até sendo mais valorizados. “Isso somando ao Porto de Paranaguá que funcionou e está funcionando normalmente propiciou o produtor exportar e por bom preço”, falou, ao ressaltar que o agronegócio do Paraná atende todas as regulamentações exigidas pela Organização Mundial da Saúde. “Acreditamos que quando a pandemia passar, o Brasil, o Paraná serão outros”, acrescentou, ao comentar que todas as transformações causadas pela pandemia fez o produtor ‘pensar em como melhorar’. “A principal transformação para o campo deverá ser na automação e na agricultura de precisão”, falou, que o lado negativo disso será o desemprego, já que o mercado exigirá mão de obra mais qualificada para lidar com os recursos tecnológicos. “Será um avanço inevitável”, afirmou.

Código Florestal

Outro ponto destacado por Meneguette foi os 10 anos de implantação do novo Código Florestal Brasileiro, que segundo ele, trouxe mais tranquilidade e proteção jurídica ao produtor. Ele lembrou que a Faep atuou no Paraná inteiro mobilizando mais de 26 mil produtores, organizando ida a Brasília para a conquista. “O Código Florestal vigente deu avanços principalmente no nosso Estado que predomina a pequena e média propriedade. Foi uma vitória imensa do setor rural, que precisava de segurança jurídica para continuar produzindo em consonância com o meio ambiente”, destacou.

Ele ressaltou que um dos pontos importantes foi manter em 20% os índices de Reserva Legal dentro dos imóveis rurais. “O Novo Código Florestal trouxe um benefício ao pequeno produtor. Os imóveis rurais com até quatro módulos fiscais (72 hectares) ficaram desobrigados de recompor as reservas legais, valendo o percentual de mata nativa que existia na propriedade em julho de 2008. Ou seja, os pequenos produtores, que até essa data mantinham vegetação originária em dimensões inferiores a 20% da área total, passaram apenas a ter que manter esse índice. Essa consolidação provocou um impacto positivo ao Paraná, que na época da sanção do Novo Código tinha 92% de seus imóveis rurais com até quatro módulos fiscais”, frisou.