“Alerta Ferrugem” da soja prossegue na Comcam sem focos confirmados da doença

Prosseguem os trabalhos do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná) com o programa “Alerta Ferrugem” na região da Comcam. O serviço, que teve início em outubro, monitora e informa sobre a ocorrência da ferrugem asiática em lavouras de soja. Conforme o engenheiro agrônomo do IDR-PR em Campo Mourão, Sandro Cesar Albrecht, coordenador regional do “Projeto Grãos”, até o momento não foi confirmado nenhum foco da doença na Comcam. 

O trabalho funciona da seguinte forma: coletores de esporos foram instalados por técnicos do IDR em propriedades rurais estrategicamente selecionadas em toda a região. O equipamento é um suporte metálico enterrado no chão com uma peça de PVC no topo que gira livremente de acordo com a direção do vento. Dentro do tubo é depositada uma lâmina de microscópio envolta em fita adesiva, que serve para reter os esporos do fungo que passam por ali.

Albrecht explicou que o esporo da ferrugem é transportada pelo vento e que se tiver esporos no ar existe uma grande possibilidade dele passar por dentro do equipamento e ficar retido na lâmina. Semanalmente ou até duas vezes por semana, conforme a condições do clima, a lâmina é recolhida e analisada. 

“É realizada uma leitura. Caso seja detectado esporo suspeito é analisado por um fitopatologista. Uma vez este profissional confirmando a ferrugem, a gente identifica no site “Alerta Ferrugem” do instituto IDR”, afirmou. 

Na Comcam, o IDR-PR mantém 22 coletores de esporos em 12 municípios. Em todo o Paraná a previsão é que sejam instalados 250 dispositivos na safra 2020/2021. Albrecht acrescentou que o trabalho é preventivo e auxilia o produtor rural na tomada de decisão, ou seja, na aplicação ou não do fungicida. 

O agrônomo explica que a ferrugem asiática ocorre por três condições básicas: soja suscetível; clima favorável umidade e temperaturas amenas; e a existência do esporo no ar. Ele lembrou que outra metodologia utilizada para auxiliar o produtor é fazer o monitoramento foliar da cultura. “Às vezes acontece de o coletor não pegar o esporo, mas a ferrugem já pode estar na lavoura”, alertou. 

Albrecht lembrou que os coletores de esporos já vêm sendo instalados na região nas últimas cinco safras. “Todo ano encontramos focos. Este ano ainda estamos na expectativa”, ressaltou. À medida que são encontrados esporos, as informações são atualizadas no site do serviço (www.geoemater.pr.gov.br). Albrecht acrescentou que este serviço está aliado ao Manejo Integrado de Pragas (MIP), já desenvolvido há anos pelo Instituto. 

Causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, a ferrugem asiática é capaz de provocar perdas de 90% da produtividade. A doença é considerada a mais preocupante em lavouras de soja. A inclusão do Iapar Clima na estratégia de divulgação do Alerta Ferrugem amplia o alcance e facilita a consulta às informações que, agora, também estão disponíveis em aparelhos celulares. 

O serviço fornece embasamento para decidir sobre a aplicação de fungicidas, operação que deve ser feita apenas quando há a conjugação de três fatores – lavouras no período de florescimento, presença de esporos na região e ambiente favorável para sua germinação nas plantas. A recomendação é que essa decisão seja sempre discutida com um técnico.

O objetivo é evitar as chamadas “pulverizações calendarizadas”, que obedecem a um cronograma previamente definido e são realizadas mesmo sem saber se há patógeno na lavoura, com aumento do custo de produção. Os produtores que usam as informações do Alerta Ferrugem têm reduzido em mais de 30% a aplicação de fungicidas nas lavouras, uma economia de 1,8 saca por hectare no custo de produção, segundo o IDR.

O “Alerta Ferrugem” é fruto de parceria entre o IDR-Paraná, Embrapa Soja e Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), além de diversos colégios agrícolas e sindicatos.