Após sofrer com estiagem, chuvas estabilizam situação das lavouras de milho

Após sofrer com a estiagem desde o início do plantio, as chuvas dos últimos dias estabilizou o desenvolvimento da cultura milho segunda safra na Comcam. Os produtores plantaram na região 421.670 hectares. A estimativa de produção é de 2,1 milhões de toneladas.

De acordo com o analista do Departamento de Economia Rural (Deral), órgão vinculado à Secretaria da Agricultura e Abastecimento (Seab), Edmar Gervásio, é difícil se falar em recuperação neste momento. Isso só poderá ser visualizado efetivamente na colheita, com a medição, em termos de produtividade. 

“O fato concreto é que a chuva que tivemos nos últimos 20 ou 30 dias amenizou a situação que existia de deficit hídrico. Vínhamos desde janeiro com uma estiagem. As chuvas estabilizaram as condições das lavouras. Ou seja, não pioraram mais”, explicou. 

O analista informou que os danos com a estiagem são irrecuperáveis e refletirá na produtividade, como já acontece. Segundo ele, no Estado, de acordo com o último relatório do Deral, a perda do milho segunda safra já está em torno de 30% da produção. Era esperada uma produção de 14,7 milhões de toneladas, mas que caiu para 10,3 milhões, uma perda acima de 4 milhões no campo. “Mas as chuvas de agora, para o momento são boas para lavoura nesta fase que se encontra. Em todas as fases iniciais da planta a chuva é extremamente benéfica. Mas na parte de frutificação é a mais crítica, onde a planta mais precisa de água”, ressaltou. 

De acordo com o último relatório do Deral, 30% das lavouras de milho (126.501 hectares) se encontram em estado ruim de desenvolvimento na região, 40% em condições médias (168.668 ha); e 30% em boas condições (126.501 hectares). O levantamento aponta ainda que 2% da cultura estão em desenvolvimento vegetativo; 8% em floração; 60% frutificação; e 30% em maturação. 

Outra preocupação dos produtores é com a ocorrência de geadas. Prognósticos do Simepar indicam para a possibilidade do fenômeno na região, na próxima semana, quando as temperaturas deverão cair significativamente, conforme a previsão. “Todo mundo que planta milho segunda safra existe o risco de geadas, mas ainda neste primeiro momento normalmente acontece geada de fraca intensidade, que em geral não acaba influenciando as lavouras. O milho tem de certa forma uma resistência maior na questão de temperatura. Mas claro, é um risco que está no negócio”, frisou Gervásio.

Colheita

No Paraná, a colheita iniciou apenas ao Sul do Estado. Na região da Comcam, conforme o Deral ainda não há áreas sendo colhidas.  “A colheita mesmo é em julho e agosto. Atualmente temos em torno de apenas 1% da área colhida que é bem pouco. São áreas muito pontuais”, explicou Gervásio.

Mercado

Nos últimos 20 a 30 dias houve uma redução significativa do preço do milho, mas ainda assim os valores continuam altos. O preço recebido pelo produtor estava na casa de R$ 90,00 a R$ 92,00, mas hoje está em torno de R$ 80,00 a R$ 82,00. Mesmo ainda assim o preço é excepcional, considerou Gervásio.

“O milho é uma commodity. O dólar teve uma queda significativa nos últimos dias, o que pressionou os preços. Apesar de no mercado internacional a queda não ter sido tão grande, no mercado interno houve uma redução significativa”, acrescentou o analista.