Aumento de 223%: Número de incêndios quase triplica em 8 meses na região
O número de ocorrências de incêndios atendidas pelo Corpo de Bombeiros em Campo Mourão e região aumentou 223,30% entre janeiro e agosto deste ano em comparação ao mesmo período de 2023. Foram 666 ocorrências desta natureza em 2024 contra 206 no ano passado, quase o triplo.
Os números foram repassados à TRIBUNA nesta quarta-feira (11), pelo comandante do Corpo de Bombeiros de Campo Mourão, capitão Anderson Luiz Feijó. Segundo ele, a estiagem prolongada e altas temperaturas aliadas às ações humanas são fatores principais para esta escalada dos números.
Capitão Feijó informou que de 1 de janeiro a 31 agosto de 2023, foram 206 ocorrências de incêndios atendidas pelos bombeiros de Campo Mourão. Destas, 121 foram incêndios em vegetação. Das 206 ocorrências, 105 foram somente em Campo Mourão, sendo 51 ocorrências de fogo em vegetação.
Por outro lado, no mesmo período de 2024 foram 666 incêndios atendidos, ou seja, 460 ocorrências a mais que o mesmo período de 2023. Destas, 537 foram relacionadas a incêndios em vegetação. “Tivemos praticamente três vezes mais ocorrência de incêndios em vegetação do que o total em 2023. Só em Campo Mourão foram 374 ocorrências de incêndios atendidas, sendo 291 ambientais”, informou o capitão.
Feijó informou que o aumento refletiu tanto em quantidade quanto na proporção destes incêndios. “A situação está preocupante. Podemos observar isso pela grande quantidade de fumaça no ar, reflexos de queimadas. O momento é delicado e muito grave”, preocupou-se Feijó.
Para tentar dar conta de atender toda a demanda, há algum tempo o Corpo de Bombeiros de Campo Mourão vem montando escalas extraordinárias de soldados que estão no período de folga para formar guarnições de combate a incêndios ambientais. “Nosso pessoal que presta serviços administrativos também vem sendo todo empenhado nessas ocorrências devido a grande demanda”, explicou o comandante. Os demais atendimentos vêm sendo feitos normalmente pelo quartel no período.
Feijó destacou que a ajuda de produtores rurais e dos próprios municípios tem sido fundamental aos Bombeiros para o combate às queimadas. “A maior parte destes incêndios, sozinho, o Corpo de Bombeiros não teria conseguido conter. Precisamos da ajuda dos municípios e dos próprios produtores rurais”, frisou. Devido ao forte calor e seca, o capitão pede aos produtores para que façam aceiros nas cabeceiras de suas propriedades, principalmente se houver palhada para evitar qualquer incidente. Estas medidas devem ser adotadas também no entorno de reservas ambientais e imóveis, como barracões e casas rurais para evitar que o fogo chegue a estes locais em caso de queimada.
O bombeiro comentou que a grande quantidade de incêndios, bastante fora do comum este ano, gera consequências não só ao meio ambiente, mas à saúde humana também por conta da poluição do ar. Ele relatou ainda que algumas ocorrências acontecem por força da natureza, mas que a maior parte, a causa do início de queimadas está relacionada ao fator humano, seja por queima controlada que acaba fugindo do controle ou por questões propositais mesmo. “Infelizmente temos um grande número de casos em que pessoas ateiam fogo à vegetação propositalmente sem medir as consequências”, observou.
Outra ocorrência bastante comum, embora seja considerada crime, são situações de moradores que ateiam fogo em lixos. “Infelizmente não são poucas as ocorrências desta natureza. Nós tivemos, por exemplo, só dentro da zona urbana de Campo Mourão 11 chamados [de janeiro a agosto]. A fumaça prejudica a saúde das pessoas e muitas vezes, por envolver queima de sofás velhos, por exemplo, que tem espuma gera resíduos tóxicos, como fumaça, oferecendo um perigo ainda maior à saúde pública”, alertou.
Orientação
O comandante dos Bombeiros alertou que todo incêndio é mais facilmente controlado em seu início. Ou seja, se uma pessoa perceber que consegue controlar o fogo sem colocar em risco sua integridade física não há problemas quanto a isso. Porém, se o fogo já estiver alto ou com grande área consumida, deve imediatamente acionar o Corpo de Bombeiros no telefone 193. “O ideal é que a população evite fogo de qualquer natureza tanto para renovação de pastagens ou limpeza. Além de configurar crime ambiental, qualquer bobeira pode gerar um incêndio de grandes proporções. As consequências podem ser desastrosas”, avisou.