Campanha da Fraternidade 2021 propõe diálogo e unidade

Todo ano a igreja católica adota um tema para reflexão, especialmente no período da Quaresma, denominada Campanha da Fraternidade. Para o próximo ano, o tema escolhido pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), é “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor”, com o lema bíblico “Cristo é a nossa paz. Do que era dividido, fez uma unidade” (Ef. 2,14).

A proposta é reunir igrejas cristãs sob a premissa do diálogo, dando um testemunho de unidade na diversidade, conforme foi orientado por Jesus Cristo. “A Campanha propõe um diálogo entre todos os que professam a fé em Jesus para assumir compromissos comuns. Acolher o outro é um desafio da fé. Há muito mais coisas que nos unem do que  aquilo que nos separa”, pondera o bispo diocesano de Campo Mourão, Dom Bruno Versari.

Em entrevista exclusiva à TRIBUNA sobre a CF, Dom Bruno também comentou sobre os desafios da igreja perante a pandemia de Coronavírus. “Nossa atividade religiosa é sempre marcada por encontro de pessoas, seja para celebrar ou para estudar e encaminhar proposta de caminhada de fé. A ausência das reuniões é uma grande dificuldade”, avalia o líder da igreja católica na região. Confira a entrevista na íntegra.

A CNBB realizou na semana passada, por meio virtual, o Encontro de Formação da Campanha da Fraternidade 2021. Qual a orientação da igreja sobre o tema?

O tema da Campanha de 2021 é “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor”. Com o início em 17 de fevereiro de 2021, na quarta-feira de Cinzas, somos convidados a refletir sobre a importância do diálogo. Diálogo com as periferias existenciais, as realidades de que fala o Papa Francisco na Laudato Si, a casa comum e o cuidado dela. O diálogo entre as diferentes expressões de fé. Devemos ser sinal de unidade para viver com maior identidade a Jesus, que caminha e dialoga com todas as pessoas.

A campanha é voltada a incentivar o ecumenismo, tema já adotado em outras campanhas. Existe, de fato, um esforço para o diálogo entre diferentes doutrinas religiosas?

A CNBB tem proposto que o tema da Campanha da Fraternidade seja de interesse da sociedade, fazendo assim temas ecumênicos. Em 1979, 2004 e 2017 foram temas ecológicos. Em 1994 sobre a família. Em 2009 sobre segurança pública e em 1992 a juventude. Em 2014 sobre o tráfico humano. Em 2016 e 2017 sobre o meio ambiente. A Campanha propõe um diálogo entre todos os que professam a fé em Jesus para assumir compromissos comuns.

Temos visto nesses tempos onde a comunicação virtual (à distância) se torna cada vez mais em evidência, que muitos sentem-se mais encorajados a manifestarem o que pessoalmente talvez não teriam coragem. Isso não dificulta cada vez mais o ecumenismo?

Ecumenismo é um convite a abertura para acolher o outro. Acolher o outro é um desafio da fé. Há muito mais coisas que nos unem do que o aquilo que nos separa.

Como será trabalhada a campanha na diocese?

Ainda não fizemos reunião para tratar desse assunto devido a pandemia. No próximo ano vamos traçar as diretrizes.

Qual a orientação para os fieis nesse período de distanciamento social?

Parece que há uma segunda onda do Coronavírus. Devemos continuar tomando todos os cuidados. Máscara, álcool em gel e distanciamento. Não podemos descuidar, vamos cuidar uns dos outros.

Qual o principal desafio que o senhor, como bispo, prevê para o ano vindouro?

Nossa atividade religiosa é sempre marcada por encontro de pessoas, seja para celebrar ou para estudar e encaminhar proposta de caminhada de fé. A ausência das reuniões é uma grande dificuldade.

Como estão sendo preparadas as celebrações para o Natal levando em conta essa nova realidade?

Estamos acreditando que vamos poder celebrar mesmo com restrição de pessoas as festas natalinas. Como as coisas relacionadas a pandemia muda a cada dia, devemos aguardar para tomar decisões relacionadas a celebração. Esperamos poder celebrar a noite de Natal, mas não podemos ignorar a realidade do Covid 19.