Campo Mourão tem o setembro mais chuvoso dos últimos 16 anos
O mês de setembro vai encerrando como o mais chuvoso dos últimos 16 anos em Campo Mourão. Até a manhã desta quarta-feira (28), a cidade registrou 288 milímetros de chuvas. O volume é 22 vezes maior que o acumulado em setembro de 2021, quanto as precipitações atingiram apenas 13,6 mm. A média para o mês é de 140 mm.
Os dados foram repassados à TRIBUNA pelo Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar). Desde a operação da estação meteorológica do Simepar em Campo Mourão, há cerca de três décadas, o setembro mais chuvoso foi registrado em 1998: 395 milímetros. Depois, em 2006, com volume acumulado de 319,8 mm.
Mas qual a explicação para tanta chuva em um período que geralmente é marcado por pouca água? De acordo com o meteorologista Reinaldo Kneibe, o fluxo de umidade e calor da região amazônica para o Sul do País é que está trazendo um volume tão alto de chuvas. “Este fluxo de calor e umidade tem ficado frequente nas últimas semanas em praticamente todas as regiões do Paraná ocasionando as precipitações, o que não é muito comum nesta época do ano”, afirmou Kneibe.
Segundo o meteorologista a chuva deve continuar até sexta-feira (30), porém, de forma mais irregular e menos volumosa. “Depois vai dar uma trégua. Mas isso não quer dizer que outubro será seco. Os prognósticos indicam chuvas dentro da média para o próximo mês”, informou. Kneibe frisou que a exemplo da região de Campo Mourão, vários outros setores do Estado estão registrando volumes pluviométricos bastante acima da média.
Kneibe chama ainda atenção para a ocorrência de tempestades, bastante comuns a partir de outubro, quando o tempo fica mais seco, quente e abafado, favorecendo vendavais, queda de granizo e descargas atmosféricas, o chamado ‘pacote completo’, típico da estação da primavera.
“Esta época é propícia a temporais. Não tem ocorrido ainda porque o céu está bastante encoberto e chovendo, o que tem mantido as temperaturas mais baixas. Mas a partir de outubro começa ficar mais seco e quente propiciando a formação de tempestades”, prevê.
Belezas da natureza
As chuvas além de beneficiar a agricultura e mananciais que abastecem as cidades na região, trazem belezas à parte. Com tanta água nos últimos dias, a água do rio Mourão por exemplo, voltou a passar por cima da barragem da usina Mourão I, em Campo Mourão. A cena era comum até os anos 1980, mas virou raridade. Um registro do local foi feito na tarde desta quarta por uma equipe da TRIBUNA.
A construção da Usina Mourão foi anunciada em 1950 por Lupion, então governador do Paraná. No fim dos anos 50 o Paraná pediu oficialmente licença do governo federal no sentido de aproveitar o potencial do rio Mourão e citou como ponto de referência do local, o Salto São João. O pedido foi aceito, estudos e o projeto foram feitos e, em 1958 as obras foram iniciadas e tocadas por três anos. Em 1961 o complexo foi concluído e em 1964 começou a funcionar, com suas turbinas e produção energética a todo vapor.
De início abastecia parte do norte paraense. Depois passou a servir 15 municípios da região de Campo Mourão. Atualmente, com a interligação de redes de várias usinas do Paraná, faz parte do parque gerador da Copel. Na década de 80 a Copel implantou importantes programas de mitigação dos impactos resultantes de possíveis incêndios casuais nas matas ciliares.
Pela importância reconhecida nestas ações de características físicas, socioeconômicas e cuidados do biossistema remanescente, o resultado foi a implantação do Parque Estadual Lago Azul, pioneiro no gênero e um dos pontos turísticos mais bem cuidados e visitados por pessoas de toda parte, inclusive caravanas escolares, estudiosos do meio ambiente e do ecoturismo. A potência da Usina Mourão é de 8,2 MW.