Chuva ‘salva’ milho safrinha e Deral descarta risco de perda com geadas

A chuva volumosa que atingiu Campo Mourão e região na sexta-feira (22) trouxe alento às lavouras de milho segunda safra na Comcam. O volume acumulado variou entre 40 a 90 milímetros em algumas cidades. Há cerca de dois meses a região não tinha chuvas significativas. Se por um lado a chuva veio para ajudar no ciclo de desenvolvimento das lavouras, que estavam sofrendo com a estiagem, por outro, os produtores rurais temem prejuízos com a previsão de geadas para os próximos dias. 

No entanto, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), órgão vinculado a Secretaria Estadual de Agricultura, pelo menos nas próximas semanas as lavouras não correm risco de perda com o fenômeno na região de Campo Mourão “A previsão no momento é de geadas leves a moderadas e mais para o Sul, não devendo nem chegar a Campo Mourão. E no caso de geada leve a moderada não impacta na cultura já que o milho tem certa resistência”, explica o analista de milho do Deral, em Curitiba, Edmar Gervásio.

Segundo o analista, o  que pode impactar são geadas mais fortes, que neste caso são mais comuns mais ao sul do Estado entre o final de maio e junho. E normalmente, neste período, a maioria da lavoura já está no estágio final de desenvolvimento o que de certa forma até beneficiaria porque aceleraria o processo de colheita.

Gervásio comentou que as chuvas cobriram praticamente todas as regiões do Estado. Segundo ele, pelos relatos do pessoal de campo, a maioria dos municípios teve chuva regular, com alguns pontos com maior intensidade. “Tivemos municípios que registraram 90 milímetros o que até causou problema para cultura de trigo”, frisou.  Conforme ele, a chuva, no entanto, não é suficiente para completar o ciclo da cultura, já que algumas lavouras, principalmente no norte do Estado, foram plantadas tardias. “Estas ainda estão na fase de frutificação o que exige muita água ainda”, falou. 

Já as lavouras da região oeste e centro oeste, que engloba a macrorregião de Campo Mourão deverão ter o ciclo fechado com esta última chuva.  “Nestas regiões dá para ter um indicativo de que provavelmente não precisarão mais de chuva para finalização do ciclo da lavoura”, ressaltou, ao lembrar que o Deral estima uma perda de produtividade em todo o Estado devido à estiagem prolongada. O órgão vai divulgar nesta quinta-feira (28) um relatório detalhado que revisa o potencial produtivo do Estado e eventuais perdas.

Na Comcam, a área com milho safrinha – safra 2019/2020- teve uma redução de 4,6% em comparação a safra passada. Nesta safra, os produtores rurais plantaram 320 mil hectares contra 335,5 mil na safra 2018/2019. A estimativa de produção é de 1,8 milhão de toneladas contra 1,9 milhão em 2019. De acordo com o Deral, 38% das lavouras estão no estágio de floração na região; 44 em frutificação; e 8% em maturação. Os dados apontam ainda que 16% das plantações estão em condições ruins; 39% medianas, e 45% em boas condições. 

Preços

Se por um lado alguns produtores já contabilizam quebra de safra, por outro os preços continuam um dos melhores dos últimos anos. “Tem preços em torno de R$ 40,00 a saca. Então, de certa forma remunera bem o produtor apesar das perdas”, observou Gervásio. Ele informou que em fevereiro o milho registrou o maior preço nominal da história: mais de R$ 42,00 a saca. Este mês de maio já há preços de R$ 44,00 para o produtor. “Hoje o preço no atacado está entre R$ 42,00 a R$ 43,00”, informou. 

O custo de produção por saca varia entre R$ 20,00 a R$ 27,00, dependendo a região, conforme o Deral. “Se por um lado há perda, por outro o ponto positivo é que o produtor tem uma compensação financeira disso. Ou seja, está vendendo menos milho por um preço muito maior”, comparou o analista.  

Para se ter ideia, no mesmo período do passado a saca para o produtor era cotada a R$ 30,00. Em abril do ano passado estava em torno de R$ 27,00 enquanto no mesmo período deste ano fechou a R$ 40,00, um aumento de quase 50%. “Já em maio do ano passado tínhamos preços de R$ 26,00 a saca, e hoje cerca de R$ 40,00, um aumento de 54% em relação a 2019, o que torna um preço atrativo do ponto de vista financeiro”, argumentou.