Coluna do Maciel na TRIBUNA vai completar 32 anos ininterruptos

No dia 10 de julho de 1988 o professor e sociólogo mourãoense José Eugênio Maciel estreava como colaborador do jornal TRIBUNA do Interior. Na época, o jornal circulava uma vez por semana. O tempo foi passando, a edição se tornou diária, o artigo bisemanário, depois novamente semanal. Mas nesses quase 32 anos, nunca parou (exceto por um curto período quando disputou eleição para vereador). Atualmente, a coluna é publicada aos domingos, tanto na edição impressa quanto on line.

Além de entrar para a história do jornal e da cidade, escrever por tanto tempo no mesmo veículo e sem interrupção também já é uma marca na história da imprensa paranaense. Não há registro de outro colunista no Estado com esse currículo. “Isso fez, inclusive, com que eu fosse escolhido para fazer parte da Academia de Letras do Paraná. Tenho 57 anos de idade, mais da metade escrevendo para o jornal. Isso tem um peso muito grande”, comenta Maciel.

Ele afirma que tudo começou quando enviava alguns textos para a editoria de opinião da TRIBUNA. “A direção me pediu que enviasse mais. Na época o jornal circulava aos domingos e meio sem querer se tornou um compromisso. E o próprio jornal decidiu identificar a coluna com o meu nome”, lembra. Maciel faz questão de acrescentar que nunca teve qualquer texto censurado ou direcionado pelo jornal.

Características

A característica mais marcante da coluna é não ter um tema ou sessão específicos. “É uma diversidade naquilo que me atrevo a escrever, sempre sobre coisas ou pessoas da nossa região”, justifica. Ele também gosta de discorrer sobre a vida de alguns personagens. Outra característica é a transcrição de frases. “Fui pioneiro nisso num tempo que não havia o google para buscar. Tinha que recorrer aos livros”, argumenta.

Maciel também gosta de brincar com as palavras, às vezes dando sentido duplo ou fazendo trocadilhos. “Até num vestibular da Unespar caiu um trecho de um artigo meu e alunos perguntaram o que eu quis dizer com aquele jogo de palavras”, conta. 

Maior polêmica

Um artigo em que criticou a igreja católica foi o que rendeu a maior polêmica nessas três décadas. “Fiz uma crítica ao fato da igreja, em vez de punir padres que cometiam atos criminosos, transferia-os de cidade”, lembra. O artigo teve resposta de um padre da diocese, o que rendeu também resposta do colunista. 

“Não era contra a igreja enquanto instituição, mas contra a postura do bispo em situações como aquela”, explica. A crítica se tornou ainda mais polêmica quando da condenação do padre Adelino Gonçalves por ter sido considerado mandante da morte de um líder politico de Mariluz. “Em vez de se apresentar, ele fugiu, ficou quase cinco anos vivendo no interior da Rondônia, usando nome falso, até ser encontrado e preso. E a igreja nunca fez essa auto-crítica aqui na nossa região”, relembra. 

Ele acrescenta que não voltou mais a tocar no assunto na coluna por considerar que os fatos comprovaram sua crítica. “E o jornal não deixou de publicar o que escrevi, assim como do padre que rebateu. É um caso que ficou marcado na história política da região”, complementa.

Comunicação moderna

Com a experiência de quem viu a evolução da comunicação graças a tecnologia, Maciel também faz uma avaliação das mudanças. “Quando comecei não existia nem máquina elétrica, tinha que levar o texto no jornal e às vezes saía muitos erros, pois quem corrigia nem sempre sabia o sentido do que eu queria expor”, exemplifica. 

Hoje ele destaca a velocidade e volume da informação, que ficou mais democrática. “Especialmente com as redes sociais, qualquer um pode escrever, porém, a qualidade da informação não é para qualquer um. O jornalista é uma das profissões das mais importantes”, pondera o colunista.

Para ele, quem conserva o hábito da leitura mantém o nível de exigência. “Outro fator importante é que hoje o jornal também não se limita a informar, mas abre espaço para a análise e interação com o leitor e com isso todos ganham”, argumenta Maciel.    

Confira aqui a coluna semanal.